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Por 13:56 Notícias

‘Não acredito em golpe. Os militares são mais responsáveis do que Bolsonaro’, diz Lula

Em entrevista ao portalUOLnesta quarta-feira (27), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não acreditar que Jair Bolsonaro conseguirá aplicar um golpe de Estado se perder a eleição, caso tente. “Não vai ter sucesso porque o povo sabe que a Independência não é dele, que a Independência não é uma coisa dos militares, é um conquista da sociedade civil brasileira”, afirmou. “Não acredito em golpe, não acredito que as forças armadas aceitem isso, não acredito que a sociedade permita. Os militares são mais responsáveis que Bolsonaro”, acrescentou.

Para Lula, se Bolsonaro “começar a brincar com a democracia, vai pagar um preço muito caro”. Ele ressaltou que, na sua opinião, os militares deveriam se pronunciar para desmentir especulações. “Era preciso que eles fizessem um discurso e dizer em alto e bom som que as Forças Armadas não tinham que ficar dando palpite sobre urna. Urna é uma questão da sociedade civil, do Congresso, dos partidos e da Justiça eleitoral.”

Ele defendeu enfaticamente um civil no Ministério da Defesa. Segundo Lula, quando era presidente os seus comandantes diziam que “não é prudente colocar um militar no Ministério da Defesa”, porque isso significa a situação de uma força ficar subordinada a outra.

O petista afirmou que o ministro que comandará a economia do país terá um perfil político, independentemente da profissão. “Pode ser advogado, médico, empresário, catador de material reciclável, (mas) quero que tenha cabeça política. Se pensar politicamente, se tiver versatilidade política, esse cara pode ser ministro da Economia. E ele pode ser economista. O que não quero é fazer um governo burocrata. Quem tem que dirigir é a política”, explicou.

Petrobras e combustíveis

Na entrevista ao UOL, Lula comentou também o qual deverá ser sua política para a Petrobras, o preço dos combustíveis e a indústria do petróleo. Para ele, o país, sob Bolsonaro, resolveu “destruir a Petrobras”. Em vez de ser hoje a sexta economia, é apenas a 13ª, apontou. “Um país que poderia estar exportando derivado, não tem hoje capacidade de refinar (petróleo). Este país pode ser importante no mundo, estar no mesmo patamar da China, dos Estados Unidos”, disse.

“Pretendo mudar a política de preço da Petrobras. Fazer com que o preço (dos combustíveis) seja em função dos custos nacionais”, afirmou Lula. Para ele, “a PPI (preço de paridade de importação) é pra agradar os acionistas em detrimento de 215 milhões de brasileiros.” Depois que a BR Distribuidora foi privatizada, surgiram 392 empresas importadoras de derivados e o consumidor paga o preço em dólar, disse ainda o ex-presidente.

Lula também afirmou que em seu eventual próximo mandato o BNDES  vai financiar pequenas e médias empresas e a política tributária terá um princípio pelo qual “o rico pague um pouco mais e o pobre um pouco menos”. Ele defendeu taxar lucros e dividendos. O Brasil é um dos únicos países do mundo que não cobra tal imposto.

Congresso

Sobre política partidária, Centrão e relação com o Legislativo, o ex-presidente disse que “o orçamento secreto é uma excrescência”. “O relator tem mais poder do que o presidente da República!”. Isso acontece com o atual governo porque, em sua opinião, “o presidente não tem nenhuma força, é uma marionete”.

Como deputado constituinte em 1988, Lula afirmou que viu o Centrão ser criado “para evitar o avanço da sociedade civil nas conquistas sociais na Constituição”. Ele disse que vai conversar com os partidos políticos, e não com o Centrão, para estabelecer diálogo político no Congresso Nacional.

Fonte: RBA

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