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Por 11:02 Notícias, Recentes

Empresário revela interferência para barrar investigação da PF contra Milton Ribeiro. ‘Bolsonaro tá agilizando’

A interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal (PF) para tentar dificultar a apuração da corrupção no Ministério da Educação teve mais um capítulo nesta quinta-feira (22), com uma denúncia do empresário Ailson da Trindade publicada pelo Estadão. “Bolsonaro tá agilizando”, diz Trindade, em áudio a que a reportagem teve acesso, referindo-se a ações do mandatário para silenciar os encontros entre o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, e pastores que operavam o “gabinete paralelo” de desvios de recursos na pasta.

No áudio, o empresário do setor imobiliário e da construção civil relata que participou de reuniões com o ex-ministro e com os pastores que negociavam contratos de obras federais de escolas em troca de reformas de igrejas dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, e cobravam propinas, até em barras de ouro.

Ribeiro foi preso pela polícia Federal na cidade de Santos, no litoral paulista, em junho. Deveria seguir para Brasília, mas, no dia seguinte, teve a prisão preventiva revogada por um habeas corpus concedido pelo desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Na mesma época, o então ministro contou à filha, em uma ligação grampeada pela Polícia Federal, que havia sido alertado pelo presidente sobre a possibilidade de ser alvo de um mandado em sua residência.”Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa”, disse o ex-ministro.

Com a revelação do escândalo pela imprensa, em junho, Ailson telefonou para o pastor Arilton, pedindo que seu nome e de sua empresa fossem poupados, afinal, ele optou por sair do esquema. Ouviu que nada seria dito sobre as reuniões. “A gente vai ficar calado. O Bolsonaro tá agilizando aí para deixar como tá”, foi o que teria ouvido do pastor Arilson.

Interferência na PF sob investigação

Na época, a Justiça Federal em Brasília enviou a investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que a interferência na apuração, segundo suspeitas, vem do “alto”. No pedido, o juiz federal Renato Borelli cita conversas telefônicas de Ribeiro interceptadas no âmbito das investigações. Nos diálogos, o ex-ministro dá a entender que sabia do trabalho dos investigadores. E menciona a existência da “constatação do envolvimento de autoridades com prerrogativa de foro, inclusive a Presidência da República”.

De acordo com Ailson, pela conversa que teve, o pastor Arilton também estava preparado para a chegada dos agentes federais. No áudio, ele diz que perguntou o que estava acontecendo e quis saber como ficaria o seu caso e da sua empresa, já que tinha “caído fora”.

“Não se preocupe que a gente não vai falar nada, tá? Já combinamos com o presidente e o ministro já, tá?”. E que o ministro “já está providenciando tudo e a gente vai ficar calado, aí eu tô aguardando que a Polícia Federal a qualquer momento vem na minha casa, mas tá tudo já… tudo resolvido, tá tudo esquematizado’”, diz trecho da reportagem do Estadão.

Ontem (21), segundo as jornalistas Andréia Sadi e Julia Duailibi, da GloboNews, o delegado da PF Bruno Calandrini, responsável pela investigação sobre o “gabinete paralelo” no MEC, convocou dois delegados da cúpula da corporação. O objetivo é apurar as suspeitas de interferência do presidente Jair Bolsonaro na apuração da corrupção no MEC.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Fonte: RBA

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