O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu na última segunda-feira (19) um inquérito sigiloso para apurar o vazamento de mensagens de assessores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao seu gabinete que serviram se base para o jornal Folha de S. Paulo tentar fabricar um “escândalo” contra sua atuação frente a investigações contra bolsonaristas.
Em matéria publicada na última semana, o periódico paulistano afirma que ministro agiu “fora do rito” ao requisitar relatórios da Corte eleitoral sobre investigados no inquérito das fake news com o objetivo de embasar suas decisões no Supremo. Apesar de a reportagem em momento algum utilizar a palavra “ilegal”, fica claro, no texto, que o objetivo é sugerir que Moraes tivesse agido à margem da lei ou às escondidas para “perseguir” bolsonaristas.
A reportagem utiliza como base diálogos vazados por uma “fonte interna” entre assessores do gabinete de Moraes e assessores do TSE, tratando sobre informações e relatórios solicitados pelo ministro entre o final de 2022 e o início de 2023, quando Moraes presidia o TSE, sobre pessoas que estariam promovendo ataques à Justiça brasileira e divulgando notícias falsas no âmbito da tentativa de golpe de Estado registrada no Brasil naquele período. Juristas e outros ministros do STF, entretanto, afirmam que não há nada de ilegal na conduta de Moraes exposta pelo jornal paulistano.
Nas conversas reveladas pela Folha um nome é recorrente: Eduardo Tagliaferro, engenheiro e perito de crimes cibernéticos de sua confiança, alçado por Moraes à chefia da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto de 2022.
Tagliaferro vem sendo o considerado o principal suspeito de ter vazado as mensagens em questão. Após Moraes abrir o inquérito para apurar o vazamento das conversas, o ex-assessor foi intimado pela Polícia Federal (PF) a prestar depoimento nesta quinta-feira (22).
Tagliaferro foi detido por violência doméstica contra a esposa no dia 8 de maio de 2023 em Caieiras, região metropolitana de São Paulo. Durante a prisão, a arma com que ele havia disparado foi apreendida. O celular dele também ficou 6 dias sob a responsabilidade da polícia de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).
Como a Fórum antecipou, Moraes suspeita que ex-assessor vazou as conversas justamente para se vingar de sua demissão da AEED. No dia 9 de maio, um dia após a prisão, Tagliaferro foi exonerado por Moraes “devido sua prisão em flagrante por violência doméstica e aguardará a rigorosa apuração dos fatos”. Contrariado, Tagliaferro argumentou à polícia “que jamais colocaria a integridade da família em risco” e que o disparo da arma durante a agressão à esposa teria sido acidental. E nunca retornou à assessoria do TSE.
Ao jornal O Globo, Tagliaferro levantou suspeitas sobre o governo Tarcísio dizendo que “conforme consta em documentos oficiais, seu aparelho celular foi indevidamente apreendido, ficou em posse da Polícia Civil por seis dias e, quando devolvido, ele não acompanhou a dita deslacração do telefone”. Segundo o ex-assessor de Moraes outro fato importante, ainda desconhecido, é que seu celular foi apreendido em uma delegacia e devolvido em outra.
Ele afirmou ainda que “conforme vem sendo dito pelo excelentíssimo ministro Alexandre e desembargadores com quem trabalhou, não se preocupa com o teor das mensagens que eventualmente tenham sido obtidas de seu telefone”.
Fonte: Revista Fórum