Mensagem enviada por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, em janeiro de 2023, indica que ele teve acesso informal a informações sobre os inquéritos nos quais era investigado. O conteúdo, direcionado a um assessor jurídico do Exército, mencionava que os dados teriam sido repassados de forma “reservada” pela então vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
A comunicação sugere um possível canal direto e extraoficial entre Cid e integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR), chefiada à época por Augusto Aras. Apesar de não haver registros de mensagens diretas entre Cid, Aras e Lindôra, os números de telefone deles estavam salvos no celular do militar. Em sua delação, Cid afirmou que Aras era presença frequente no Palácio da Alvorada e, em algumas ocasiões, acompanhado de Lindôra.
A apuração é do UOL.
Repasse fere normas do MP
A legislação proíbe o repasse informal de informações sigilosas. Especialistas alertam que esse tipo de contato, fora dos canais oficiais, fere normas do Ministério Público e pode indicar vazamentos estratégicos sobre investigações.
O que disse Aras
Aras, que liderou a PGR entre 2019 e 2023, afirmou que não tem relação com Cid e negou envolvimento com os conteúdos das mensagens. Lindôra não comentou. Parte dos dados do celular de Cid, analisados pela PF e acessados pelo UOL, segue sob sigilo judicial.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Texto: Julinho Bittencourt
Fonte: Revista Fórum