A entrega da Vale do Rio Doce ao capital privado não combina nem um pouco com independência. Vai na mão contrária ao conceito de autodeterminação do povo brasileiro e à soberania nacional.
Nós sabemos que a operação de venda foi de uma picaretagem poucas vezes vista depois do início da Era Moderna.
Nos deram alguns espelhinhos e levaram a maior jazida de ferro do mundo, a de Carajás, toda a infra-estrutura e literalmente milhares de hectares de nossas terras e o que está abaixo dela também.
À época, o presidente que esculhambava o Brasil nos anos 1990 costumava dizer que estávamos ingressando numa nova Renascença (e ele de monarca, imagino).
Por R$ 3,3 bilhões, foi entregue um patrimônio calculado em R$ 92,64 bilhões, ou 23 vezes maior que o preço cobrado.
Longe do controle do Estado, a Vale passa a operar na lógica da remessa de lucros ao exterior.
O que ganhamos com isso? Um comercial de televisão narrado por Fernanda Montenegro e o quê mais?
Por isso a CUT se empenha no plebiscito da Vale do Rio Doce. Nós mobilizamos nossas bases para participar e para levar informações à comunidade. Devemos lembrar desse episódio, assim como a humanidade lembra de suas grandes tragédias, para que o passado não se repita.
Nosso envolvimento com o plebiscito foi decisivo para que as entidades, incluindo partidos, tomassem a questão como sua. O povo que vai votar seguramente condenará a entrega da Vale, assim como já o fez o Tribunal Regional Federal de Brasília. Confirmado o resultado, inicia-se uma nova etapa de luta. Mas a condenação da privataria e da submissão aos conceitos formulados pelo imperialismo já estará mais uma vez confirmado.
Por Artur Henrique, que é presidente nacional da CUT.
ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.cut.org.br.