O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, um dos seis ministros do PMDB que permanecem no governo após o anúncio da legenda de se desligar do governo federal, disse hoje (1º) que não concorda com a decisão de seu partido. “Quem saiu, quem votou, foi um setor do PMDB. É legítimo, mas quem vota o impeachment é a bancada da Câmara e a bancada da Câmara, boa parte dela, não foi à reunião. Eu tenho certeza que boa parte da bancada do PMDB ainda é contra o impeachment”.
Pansera disse que comunicou ao presidente do PMDB e vice-presidente da república, Michel Temer, antes do evento do partido, sua disposição de continuar no governo e, imediatamente após a reunião do diretório nacional, avisou a presidenta Dilma.
“Continuo com a minha agenda normal, continuo atuando, fiz diversas agendas hoje do ministério, estou aqui no anúncio da Rio Info [principal evento de tecnologia da informação do país], saindo daqui vou me reunir na Finep [Financiadora de Estudos e Projetos], acho que o Brasil não pode parar. A crise política não pode paralisar de vez a nossa economia. E enquanto eu estiver no cargo de ministro, continuarei trabalhando como sempre, bastante”.
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Pansera disse que a decisão de nomear ou retirar um ministro cabe exclusivamente à presidenta e que ele e seus colegas de partido à frente das pastas se colocaram à disposição do governo. “Nós falamos com toda a tranquilidade, ‘presidenta, nós, ministros do PMDB, pretendemos continuar ajudando e a senhora fique à vontade para fazer aquilo que achar que tem que fazer de reforma ministerial, refundar o governo, enfim’”.
De acordo com Pansera, Dilma está “muito à vontade” para tomar uma decisão sobre o destino dos ministros do PMDB, que, segundo ele, deve ser anunciada na segunda-feira (4) ou na terça-feira (5). “Eu sou deputado federal e, se tiver que voltar para a Câmara, eu vou voltar para a Câmara para defender contra o impeachment, continuar nisso que eu acredito ser importante para o país: a defesa da democracia e de que a Constituição seja aplicada plenamente. Não pode é inventar truque e dizer que é dispositivo constitucional. Truque não cola”.
Rio Info
Celso Pansera participou hoje, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, do lançamento do Rio Info 2016, que está em sua 14ª edição. O tema deste ano será Rio, Cidade Olímpica, e vai reunir, entre 4 e 6 de julho, no Centro de Convenções Sul América, 65 atividades sobre temas como cidades inteligentes, tecnologia da informação (TI) e revoluções na saúde, TI nos esportes, jogos, engenharia de software, big data para segurança empresarial, conteúdos digitais e mercado da música, comunicação e sustentabilidade.
Para o presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro e coordenador geral do evento, Benito Paret, o Rio Info 2016 ocorre em um momento de crise, mas as empresas devem aproveitar as oportunidades para encontrar caminhos para seus negócios. “As oportunidades existem e aqueles melhor capacitados, mais bem informados, com melhores redes de relacionamento são os que têm mais chance de aproveitá-las. O Rio Info, ao longo dos últimos 13 anos, caracterizou-se por ser um evento que oferece estas oportunidades”.
Sobre o setor de tecnologia da informação do país, o ministro disse que está fechando um empréstimo “vultuoso” com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para manter o estímulo à pesquisa e à inovação. “Falta fechar detalhes dentro do governo, mas com o BID já está resolvido. Também recentemente chegamos a um acordo com a Fazenda e o Planejamento para descontingenciar uma parte do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, ainda este ano, para que os estados que estejam com muita dificuldade para manter o seu sistema de pesquisa, e o Brasil também, tenham uma injeção de recursos novos e a gente consiga continuar estimulando o setor de pesquisa mesmo em um momento de crise tão aguda, econômica e fiscal, que estamos passando hoje”.
Ministros do PMDB resistem em sair; Dilma adia decisão sobre ministério
Após uma série de reuniões com ministros do PMDB e auxiliares mais próximos, a presidenta Dilma Rousseff não conseguiu fechar hoje (1º) os detalhes da “repactuação” anunciada na terça-feira (29). Por isso, ela decidiu adiar para a semana que vem a definição dos integrantes do partido que continuarão no governo e quais darão espaço a outras legendas.
Nesta sexta-feira, ela passou parte da tarde no Palácio da Alvorada reunida com os ministros da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, da chefia de Gabinete, Jaques Wagner, e da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, além do assessor especial Giles Azevedo.
Mesmo depois do rompimento do PMDB com o governo e a determinação de que seus integrantes deveriam entregar os cargos, os seis ministros do partido insistem em continuar em seus postos, embora tenham deixado Dilma “à vontade” para recompor sua base aliada. Caso eles permaneçam no governo, poderão ser expulsos do partido.
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, foi convidada nessa quarta-feira (30) por algumas deputadas federais do PR para se filiar à legenda. Além de Kátia Abreu, mais cinco peemedebistas permanecem em cargos na Esplanada: Mauro Lopes (Secretaria de Aviação Civil), Helder Barbalho (Secretaria dos Portos), Eduardo Braga (Ministério de Minas e Energia), Marcelo Castro (Ministério da Saúde) e Celso Pansera (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação).
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Até o momento, Henrique Eduardo Alves foi o único a entregar o cargo. Ele ocupava o Ministério do Turismo.
Nessa quinta-feira (31), Dilma se reuniu com os ministros do partido e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que também integra a legenda. Para que possa oferecer os cargos vagos a partidos que darão garantias de que agregarão votos contrários ao processo de impeachment, ela precisa resolver a situação dos peemedebistas. Celso Pansera e Helder Barbalho são os que mais resistem em deixar no governo.
Marcelo Castro, segundo um interlocutor do Planalto, é o que mais quer continuar ministro, mas a pasta da Saúde já está nas negociações com outras legendas. O governo precisa fechar as contas sobre a proporção de apoio que cada indicado vai garantir às votações no Congresso Nacional.
Nesse sentido, as conversas estão sendo feitas para convencer a base parlamentar dos ministros. Com Castro e Pansera, por exemplo, a discussão passa pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), já que eles também são deputados federais. Além de Berzoini, Giles e Wagner, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem participado das negociações.
Em resposta às críticas de que está havendo “compra de votos”, o ministro Jaques Wagner defendeu a nova composição da base parlamentar. “Repactuar o governo é reorganizar a base de apoio. Trata-se de ocupar os espaços vazios com novos partidos que ainda não tiveram oportunidade de ter cargo no primeiro escalão. Chegou a vez dos pequenos partidos sempre deixados para trás devido ao PMDB ter os melhores ministérios”, disse em declaração enviada por sua assessoria de imprensa.
Na avaliação do ministro, “o governo transformou um fator muito negativo”, o desembarque do partido, “em positivo”. Segundo um assessor do Palácio do Planalto, os entendimentos com algumas bancadas já estão “avançados”. É o caso do PP, PSD, PR e PRB, que havia rompido com o governo há duas semanas. Representantes de partidos menores também participam das negociações.