O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (12), dia em que a Primeira Turma condenou Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado, que o governo trabalhará contra a anistia ao ex-presidente e aos outros golpistas condenados.
A declaração foi dada em entrevista à Band, gravada pela manhã – portanto antes da Primeira Turma do STF sacramentar a condenação de Bolsonaro – e veiculada à noite, no “Jornal da Band”.
Perguntado sobre a pressão de parlamentares de extrema direita sobre a anistia, Lula afirmou que o Congresso tem direito de pautar o tema, mas que seu governo atuará para que o projeto não seja aprovado.
“O governo vai trabalhar contra a anistia. É importante você saber (…) O Congresso tem o direito de julgar anistia a hora que quiser. O governo tem o direito de ser contra ou a favor”, declarou Lula.
Logo após o STF proferir sua decisão sobre a condenação de Bolsonaro e os outros sete réus do núcleo crucial da trama golpista, parlamentares da extrema direita reagiram anunciando mobilização pela anistia, na Câmara e no Senado. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, divulgou uma nota oficial na qual afirma que “diante desse cenário, só há um caminho para reconstruir o país: a anistia”.
“Não como concessão política, mas como compromisso com a paz. Um país não pode viver em guerra eterna contra si mesmo. A anistia não ignora os erros. Ela os reconhece e, ainda assim, opta por reconciliar. Ela abre a porta para o perdão, a estabilidade institucional e a pacificação nacional”, escreveu o parlamentar.
Lula comenta voto Fux
Na mesma entrevista ao “Jornal da Band”, Lula comentou sobre o único voto divergente no julgamento da trama golpista: o do ministro Luiz Fux.
Fux defendeu a nulidade do processo do golpe, argumentando que o STF não seria o foro competente para julgá-lo, e votou para absolver Bolsonaro por suposta falta de provas.
Questionado sobre o assunto, Lula disse que há “centenas” de provas contra o ex-presidente e que, se Fux não quer enxergá-las, é um “problema dele”.
“O Bolsonaro tentou dar um golpe nesse país e tem dezenas e centenas de provas. Agora, cada juiz é aquilo que quer ver. Eu só acho que os juízes tem que ver a verdade. Se a verdade estiver nos autos e for comprovada, é assim que as pessoas vão ser julgadas. Se o ministro Fux não quiser provas, problema dele. Eu acho que as provas estão fartas e o ex-presidente, covardemente, articulou tudo, pensou tudo e foi embora”, afirmou o presidente.
Foto: Ricardo Stuckert
Texto: Ivan Longo
Fonte: Revista Fórum