3º rodada de discussões aconteceu nesta terça-feira (23). Após Dia Nacional de Lutas, Fenacrefi mostra nova postura na mesa de negociação.
A organização dos trabalhadores, demonstrada no Dia Nacional de Luta dos Financiários, realizado em todo o país na segunda-feira, 22 de agosto, gerou desconforto com os patronais da Federação Interestadual das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Fenacrefi). Ficou claro, por parte do Comando Nacional dos Financiários, que não haverá recuo na pauta de reivindicações. A terceira rodada de negociações aconteceu nesta terça-feira (22), em São Paulo.
Pela primeira vez, os representantes da entidade patronal sinalizaram a possibilidade de avançar no abono-assiduidade. A categoria quer utilizar a mesma redação da Convenção Coletiva de Trabalho dos Bancários (CCT).
Jaílton Garcia – Contraf-CUT
A 4º rodada de negociação foi marcada para quarta-feira (30).
Para Katlin Salles, secretária do Ramo Financeiro do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, este ano, a Campanha Nacional dos Financiários já traz um diferencial por ter havido a 1º Conferência Nacional.
“A categoria está mais informada, consciente de quem os representa. O trabalho que estamos fazendo com intensificação de reuniões, visitas mais frequentes às financeiras e informativos dirigidos, faz com que a categoria se identifique com a campanha. Vimos o descontentamento dos patrões com a organização, que já pressentem que podemos nos unificar com uma possível greve dos bancários”, relatou Katlin.
Outra reivindicação que teve retorno patronal foi o auxílio-educação. O tema, porém, deve ser negociado em debate individual com as financeiras. Já a respeito da cláusula 80, que rege sobre complementação do auxílio-doença, a Fenacrefi rejeitou a reivindicação de que o valor seja complementar ao salário do trabalhador. A justificativa é que a proposta atingiria uma grande parte dos trabalhadores e as financeiras não teriam como arcar com este custo.
A campanha deste ano mostra que a mobilização é fundamental para o avanço das conquistas. “Precisamos avançar na pauta do auxílio complementar, o trabalhador que está em tratamento médico e não tem direito ao auxílio-doença do INSS, não consegue se manter com um valor mensal de R$ 586,61″, explica.
Mobilização dos Financiários em São José dos Pinhas, Região de Curitiba.
Contra o abuso e as terceirizações
“Os financiários, a cada dia que passa, têm sobrevivido a um estado de exploração crescente, com metas abusivas e constante terceirização, além de jornadas exaustivas, com salários reduzidos e condições de saúde e trabalho precários”, denuncia Katlin.
De acordo com a sindicalista, os donos das financeiras, em geral, são os mesmos dos bancos privados. O trabalho de escriturário, por exemplo, é o mesmo, mas a diferença salarial entre um financiário e um bancário exercendo a mesma função, ainda é muito grande.
“Quanto se trata de um terceirizado, a desigualdade de salários é brutal. O valor do vale-refeição – quando recebem – é 25% do valor recebido pelos funcionários das financeiras e eles não possuem projeção de carreira. Nas financeiras, é normal encontrar somente uma ou duas pessoas com cargos de gestão que são registrados pela instituição, enquanto o restante é terceirizado, desde a atendente até a gerência. As áreas de cobrança e call center são totalmente terceirizadas.
Reunião na BV Financeira, em Londrina, teve relatos sobre negociação com as empresas
Financeira com matriz no Paraná tem 100% da mão-de-obra terceirizada
Empresa que faz parte do grupo paranaense Negresco, a financeira Credipar, cuja matriz está localizada em Curitiba/PR e conta com filiais em Ponta Grossa/PR, Maringá/PR, Joinville/SC, Porto Alegre/RS e São Paulo/SP, tem 100% do quadro funcional composto por terceirizados. De acordo com a legislação do Ministério do Trabalho, os analistas de crédito se encaixam na categoria dos financiários, mas esses trabalhadores foram enquadrados como comerciários. O Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região já entrou em contato com a empresa, que tem até o dia final de agosto para assinar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) antes de o caso ser levado para o Judiciário. O prazo para assinatura do TAC termina no final deste mês de agosto.
Próximas reuniões
A quarta rodada de negociação foi marcada para a próxima terça-feira, 30 de agosto, às 10h00, na Fenacrefi. “Sabemos que a Fenacrefi tem amplas condições de atender os financiários, esperamos que, nas próximas mesas, avancemos e que consigamos conquistar melhorias para os trabalhadores”, disse Jair Alves dos Santos, diretor da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Organização dos Financiários.