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Trabalhadores negros recebem salários menores

Das regiões metropolitanas estudadas, Salvador concentra a maior desigualdade

Escrito por: Henri Chevalier – CUT Nacional

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou na última terça-feira (13) o estudo “Os negros no trabalho”, em que traça o panorama do acesso ao trabalho em relação à cor dos grupos de trabalhadores. O boletim é referente ao período compreendido entre 2011 e 2012.

As informações, apuradas pelo Sistema de Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), foram colhidas no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.

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Desemprego e desigualdade

A taxa de desemprego na população economicamente ativa composta por negros (pretos e pardos) diminuiu de 13,8% em 2010 para 11,9% em 2012. Mas, segundo o Dieese, o motivo é a geração de postos de trabalho para toda a população, uma vez que a proporção de negros economicamente ativos conservou-se em níveis praticamente constantes no período.

“O que aconteceu foi a diminuição do desemprego tanto para a população negra quanto para a população não negra. Se observar, a taxa de desigualdade continua entre os grupos, mas temos a impressão de que diminuiu”, afirma Adriana Marcolino, socióloga e técnica do Dieese.

A taxa de desemprego de não negros (brancos e amarelos) caiu de 10,2% em 2010 para 9,2% em 2012.

Regiões Metropolitanas

A população negra empregada nas regiões metropolitanas estudadas somava 48,2% do total. Porém, sua remuneração era de, no máximo, 63,9% do valor recebido pelos não negros.

Entre as regiões, a menos desigual é  a de Fortaleza, onde negros recebem até 75,66% do salário de não negros. Na região metropolitana de Salvador está a maior disparidade: negros recebem, em média, 59,86% do que os não negros. No Brasil, negros recebem, em média, 63,89% do salário dos não negros e se concentram no setor de serviços (com 56,1% dos trabalhadores no País).

Quanto ao setor de trabalho, negros estão concentrados em atividades de grande esforço físico, em que exercem movimentos repetitivos e têm pouca margem para decisões e criatividade. Alguns exemplos de profissões citadas no estudo são: alfaiates, camiseiros, costureiros, pedreiros, serventes, pintores, caiadores, vendedores, frentistas, repositores de mercadorias, faxineiros, lixeiros e empregados domésticos.

Escolaridade

Ainda segundo o boletim, os negros têm menor escolaridade. No período de 2011 a 2012, 27,3% dos afro-brasileiros empregados não tinham concluído o ensino fundamental e 11,8% contavam com o diploma de ensino superior. Entre os não negros, esses percentuais eram de 17,8% e de 23,4%, respectivamente.

Em teoria, à medida que aumentam os níveis de escolaridade, a desigualdade no mercado de trabalho deveria ser reduzida.  No entanto, mesmo nos casos em que os não negros poderiam estar em desvantagem, eles são favorecidos com a possibilidade de retorno aos estudos, o que seria mais difícil para os negros.

Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira, o estudo demonstra que as políticas afirmativas para a população negra têm papel importante na sociedade brasileira. Segundo a dirigente, são estudos como o do Dieese que ajudam a embasar a sociedade e direcionar as próximas ações de luta. “Esse estudo contribui para o direcionamento das estratégias e ações da CUT sobre o tema. É um documento importante para o aprofundamento deste debate por todo o país e um subsídio fundamental para fortalecimento de nossa luta e diálogo com o poder público”, afirma.

CONFIRA O ESTUDO COMPLETO DO DIEESE

Notícia colhida no sítio http://www.cut.org.br/acontece/23949/dieese-trabalhadores-negros-ainda-recebem-salarios-menores

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Emprego e remuneração comprovam racismo nos bancos, diz Dieese

Crédito: Nando Neves – Seeb Rio
Nando Neves - Seeb Rio Técnica da subseção do Dieese na Contraf-CUT, Bárbara Vasquez

“É incontestável a existência de racismo no sistema financeiro.” A afirmação foi feita por Bárbara Vasquez, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), durante palestra no II Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, encerrado nesta quinta-feira (14), no Hotel São Francisco, no centro do Rio de Janeiro. O evento foi promovido pela Contraf-CUT em parceria com o Sindicato dos Bancários do Rio e a Fetraf RJ-ES.

Bárbara comparou os números do Censo Demográfico do IBGE de 2010 com os do Mapa da Diversidade da Febraban em 2008. No censo, as pessoas de cor negra (pardas e pretas) eram 50,7% da população brasileira, as de cor branca 47,7%; amarela, 1,1%; e indígena, 0,4%.

Nos bancos, segundo a pesquisa da própria Febraban, essa situação se inverte: os bancários de cor branca são 77,4%; somente 19% são de cor negra (2,3% preta e 16,7% parda); 3,3%, amarela; e 0,3%, indígena. “Há, portanto, uma subrepresentação dos negros nos bancos, confirmando o racismo”, observou.

RAIS confirma racismo

A técnica do Dieese apresentou também dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), extraídos do Registro Anual de Informações Sociais (RAIS), de 2012, que confirmam o racismo: 79,9% dos bancários são de cor branca; apenas 17,1%, negra (14,9%, parda, e 2,2% preta); 2,8%, amarela; e 0,2%, indígena.

Segundo a RAIS, a discriminação é maior nos bancos privados, mas também é grande nos públicos. Nos primeiros, 80,7% dos bancários são de cor branca; 16,5% de cor negra (14%, parda e 2,5%, preta); e 2,1% de cor amarela. Nos públicos, 74,8% são de cor branca; 21,9%, negra (19,4%, parda e 2,5% preta); e 3% amarela.

Mas o que mais assusta é que os bancos estão “embranquecendo” ainda mais o corpo de funcionários, tanto no setor público quanto no privado. Bárbara comprovou isto também através da RAIS de 2012: o número de negros admitidos em bancos públicos foi de 4.552, enquanto o de brancos foi mais que o dobro, 10.923. Nos privados a diferença é ainda mais assustadora. Foram admitidos naquele ano, 4.364 negros, e um número quase 5 vezes maior de brancos: 19.923.

Mesmo com dados tão alarmantes, na mesa temática sobre Igualdade de Oportunidades, os bancos dizem que estão fazendo um esforço para mudar essa situação. O número de negros demitidos também é maior nos privados: 5.169 bancários contra 1.331 nos públicos.

Negros ganham menos

Bárbara enfatizou que o Mapa da Diversidade mostra o tratamento diferenciado também na remuneração. Mesmo trabalhando na mesma função, os negros recebem, em média, 84% do salário dos brancos. O número de negros é menor quanto mais alto é o cargo na hierarquia bancária.

No posto de auxiliares de escritório 30% são negros e 69% não negros; no de gerente, 14% são negros e 86% não negros; já no de auditores 88% são não negros e 11% negros; nos cargos de diretores, 95% são não negros e apenas 4%, negros.

Entre bancários e terceirizados, são 1.023.120 trabalhadores no sistema financeiro. Deste total, 301.654 são negros, sendo 146.909 homens e 154.745 mulheres. Os não negros totalizam 721.766 pessoas. Destes, 356.408 são homens e 365.058, mulheres. Ao todo, são 503.317 homens e 519.803 mulheres.

O rendimento médio mensal das mulheres negras é de R$ 1.752,26; e dos negros, R$ 2.845,15. Entre os não negros, o salário médio é de R$ 4.254,19 e entre as não negras, R$ 2.630,60.

Comparando-se apenas os gêneros, os homens recebem uma remuneração média de R$ 3.840,19 e as mulheres R$ 2.360, 69. “Desde 1999, os bancários colocaram o tema da existência da discriminação racial na mesa de negociações, exigindo mudanças, e cláusulas para mudar esta realidade foram incluídas na Convenção Coletiva. Para resolver o problema é necessário insistir e pressionar cada vez mais”, afirmou.

Fonte: Contraf-CUT com Olyntho Contente (Seeb Rio)

Notícia colhida no sítio http://www.contrafcut.org.br/noticias.asp?CodNoticia=36492

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A luta pela Igualdade Racial e a CUT

01/11/2013

Avanços, desafios e a perspectiva da luta contra o racismo

Escrito por: Vagner Freitas, Presidente Nacional da CUT, e Julia Nogueira, Secretária Nacional de Combate ao Racismo

Talvez porque as características mais marcantes dos brasileiros sejam o bom humor e a simpatia, existe uma enorme dificuldade em se admitir o racismo da nossa sociedade. Afinal, racismo é uma crueldade inaceitável e ninguém quer ser identificado com tal perversão.

A realidade, no entanto, mostra que o racismo é estrutural em nosso País. Uma herança de vários séculos. E exatamente por isso estimula comportamentos, atitudes e pensamentos de  grande parte da sociedade e garante privilégios, maiores ou menores, a determinados grupos, mesmo entre as classes subalternas.

Ignorar, não debater nem buscar soluções para o problema que o Brasil tem em relação à questão racial e a escravidão, só prolonga o sofrimento das vítimas de racismo, que convivem com o preconceito, a falta de oportunidades no mercado de trabalho e salários mais baixos, entre tantos outros problemas.

Acusar as pessoas realmente preocupadas com o combate às  desigualdades raciais de racismo, é projetar seu próprio preconceito no outro para fugir covardemente do debate sério e construtivo. Vimos muito essa inversão de valores nos debates sobre as cotas. Por que uma ação afirmativa como essa ainda provoca tanta discussão contrária? Por que é tão difícil entender que cotas para negros é o resgate de uma dívida histórica com essa parcela da sociedade e não um mero problema socioeconômico.

Para nós, a cor da pele não pode, de maneira alguma, determinar o  lugar de um/a cidadão/a na sociedade. É preciso dar voz e espaço aos negros e às negras e, principalmente, garantir escolaridade, trabalho e renda; e, assim, eliminar de uma vez por todas o preconceito racial da nossa sociedade.

Avanços

Não podemos negar que progredimos nos últimos 10 anos. Os avanços nas políticas voltadas a promoção da igualdade racial, por exemplo, demonstram o impacto positivo das ações afirmativas na autoimagem e na perspectiva de vida dos afrodescendentes, principalmente, os jovens que têm oportunidades que seus pais não tiveram.

Indicadores socioeconômicos apontam melhoria nas condições de vida da população negra, bem como no acesso a serviços e direitos. Aspectos como renda, expectativa de vida e acesso à educação melhoraram, mas ainda não se assemelham aos dos brancos. A ascensão da classe C no Brasil permitiu um acesso maior de parte significativa da população negra brasileira a renda e ao consumo.

Embora persistam os debates sobre ações afirmativas, é inegável que as cotas para o ingresso nas universidades e no serviço público permitiram a entrada de negros e de negras em espaços que antes eram privilégio dos brancos. Mas, essas ações de resistência contra o racismo e de ascensão social de negros  precisam ser consolidadas.

Não poderíamos deixar de citar conquistas como a criação da SEPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (criada pela Medida Provisória n° 111, convertida na Lei 10.678) e da Lei 10639/2003,  que estabelece o ensino da História da África e da Cultura afro-brasileira nos sistemas de ensino. Ambas completam dez anos esse ano.

A SEPPIR foi criada a partir do reconhecimento das lutas históricas do Movimento Negro brasileiro e do ponto de vista da institucionalização da política de promoção da igualdade racial, desencadeou no Brasil a possibilidade de criação de órgãos estaduais e municipais que são extremamente importantes para fazer chegar até as pessoas tudo que é pensado para incluir a população negra.

Já a Lei 10639 é uma das primeiras baseadas em ações afirmativas para que todos conheçam mais sobre os negros, pois além da escravidão, as pessoas precisam conhecer as lutas, culturas negro-brasileiras e contribuições dos/as negros/as para a formação da sociedade – nas áreas da política, da economia, da cultura, entre outros.

A aprovação da PEC das Domésticas, que ficou popularmente conhecida como a “Nova lei Áurea” foi mais um sopro de liberdade por reconhecer direitos para os mais de 2 milhões de trabalhadores e trabalhadoras domésticas, em sua maioria negros. Esses trabalhadores que enfrentam baixos salários, longas jornadas de trabalho, escassa ou nenhuma proteção social, más condições de vida e um descumprimento generalizado das normas laborais. Agora falta, por parte do governo, a ratificação da Convenção 189, que reconhece esses direitos.

Desafios

Todos os dados estatísticos mostram que estamos muito longe de uma equidade racial. Estamos falando taxas de analfabetismo, salários mais baixos, desemprego ou subemprego.

Recente pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, aponta que, no Brasil, a probabilidade do negro ser vítima de homicídio é oito pontos percentuais maior, mesmo quando se compara indivíduos de outros grupos com escolaridade e características socioeconômicas semelhantes. Isso significa que só o fato de nascer negro já coloca a pessoa em um grupo de risco de morte violenta.

As desigualdades sociais continuam enormes. Segundo dados da PNAD, quando observamos a evolução contingente de pobres por raça/cor e gênero, temos a comprovação do viés. Entre 2002 e 2012, a participação da população branca entre os pobres caiu 19,6% enquanto que a participação da população negra subiu 8,2%. Quando fazemos o corte por gênero e raça/cor, observamos que a maior redução se deu no caso dos homens brancos, cuja participação caiu 22,4%, seguido das mulheres brancas cuja participação entre os pobres caiu 17%. Já para o caso da população negra, o maior aumento incidiu sobre a mulher negra, cuja participação entre os pobres cresceu 10,6%, enquanto que no caso dos homens negros esse percentual subiu 5,9%.

Por tudo isso, a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT continuará lutando para combater toda e qualquer forma de discriminação, preconceito e desigualdade, debatendo e implantando ações com o objetivo de que todos os trabalhadores e trabalhadoras possam ser tratados sem discriminação.

Um país rico é país sem pobreza e sem racismo!

* Artigo originalmente publicado às vésperas da IIi Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial

Artigo colhido no sítio http://www.cut.org.br/destaques/23912/a-luta-pela-igualdade-racial-e-a-cut

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