fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 20:36 Sem categoria

Parlamento do Mercosul: Referendo na Bolívia foi exemplar e deve ser respeitado

O presidente do Parlamento do Mercosul (ParlaSul), deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), afirmou nesta segunda-feira (11), ao deixar a Corte Nacional Eleitoral (CNE) da Bolívia, em La Paz, que, apesar da “mídia oposicionista”, o referendo foi realizado no país de forma “transparente e democrática”.

“A população boliviana está de parabéns pela ampla participação no referendo, que foi promovido de forma transparente, democrática e tranqüila”, afirmou Dr. Rosinha. “O destaque negativo fica para setores da mídia, que tentam manipular as pessoas e agem como verdadeiros partidos de oposição a Evo Morales.”

Como exemplo de manipulação midiática, o presidente do Parlamento do Mercosul cita a cobertura das emissoras de TV logo após o encerramento da votação, na noite de ontem (10/8). Ao invés de destacar a ampla vitória do presidente, apontada por diversas apurações paralelas, os veículos enfatizavam o placar desfavorável a Evo Morales em cinco dos nove departamentos do país.

“No exato instante em que Evo discursava, algumas emissoras davam destaque a atos oposicionistas”, observou Dr. Rosinha. “E, quando havia uma entrevista ao vivo do presidente da corte eleitoral, as emissoras preferiram ouvir os governadores de oposição.”

Coordenador de uma delegação com cerca de 40 observadores do Mercosul ao lado do argentino Carlos Chacho Álvarez, Dr. Rosinha encontrou-se no domingo (10/8) com o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, e com o presidente da Corte Nacional Eleitoral, José Luis Exeni.

Dr. Rosinha e Chacho Álvarez divulgaram uma nota oficial conjunta em nome da delegação do Mercosul, formada por integrantes do Parlamento do Mercosul e por representantes dos governos dos países membros do bloco. Ao divulgar a nota, ambos defenderam que os resultados do referendo sejam respeitados em todas as regiões do país.

“Felicitamos o povo boliviano pelo exercício prático de transparência democrática que deram hoje (ontem) durante a realização do referendo revogatório em todo o território da República da Bolívia”, diz a nota. “Testemunhamos eleições exemplares, que mostram a extraordinária vocação dos bolivianos de submeter importantes decisões políticas ao pronunciamento da vontade popular.”

Os mais de 4 milhões de eleitores aptos a votar foram convocados a responder a duas perguntas. A primeira, relativa ao mandato presidencial, questionava o seguinte:

“O senhor está de acordo com a continuidade do processo de mudança liderado pelo presidente Evo Morales Aima e pelo vice-presidente Álvaro García Linera?”

No caso de oito dos nove governadores, os bolivianos responderam à seguinte questão: “O senhor está de acordo com a continuidade das políticas, das ações e da gestão do prefeito do departamento (governador)?”

Resultados extra-oficiais apontam que Evo Morales será mantido em seu cargo com mais de 60% dos votos.

A totalização final deve demorar mais de uma semana. Quanto aos governadores, há possibilidade de três deles terem seus mandatos revogados pela população, nos departamentos de La Paz, Cochabamba e Oruro.

Leia a íntegra da nota oficial da missão de observadores do Mercosul, traduzida para o português:

“Como presidentes da Missão de Observadores do Mercosul, formada por parlamentares e servidores nacionais dos países membros, felicitamos o povo boliviano pelo exercício prático de transparência democrática que deram hoje durante a realização do referendo revogatório em todo o território da República da Bolívia.

Testemunhamos eleições exemplares, que mostram a extraordinária vocação dos bolivianos de submeter importantes decisões políticas ao pronunciamento da vontade popular.”

Dr. Rosinha, presidente do Parlamento do Mercosul (ParlaSul)

Carlos Chacho Álvarez, presidente da Comissão de Representantes do Mercosul

Por Assessoria Parlamentar.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.pt.org.br.

========================================

Evo Morales e a derrota de todas as direitas

Para o reacionarismo nativo, as imagens do presidente Morales comemorando a vitória no Palácio Quemado devem ficar retidas na memória como um caminho sem volta. Muito mais do que aprovação a um governo, expressam um desejo de avanço só possível com uma América Latina integrada.

E, ao contrário do que sonhavam as elites brancas dos departamentos autonomistas, “Evo não se foi”. Ao passar com folga no referendo em que submeteu seu mandato à vontade popular, o presidente boliviano infligiu uma dura derrota a velhos atores políticos cujo raio de ação ultrapassa em muito o solo boliviano.

A vitória do índio aymara que restituiu ao país andino o controle sobre recursos naturais que, antes da onda liberalizante, eram explorados pela Yaciamientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB), empresa que foi retalhada e vendida a cerca de 20 multinacionais de petróleo, demonstra que o povo do Altiplano aprendeu que sua cultura é uma forma intensa e superior de fazer política. Uma práxis tão rica quanto vitoriosa.

Como já tivemos oportunidade de destacar, em outros artigos, a renegociação dos acordos deu ao povo boliviano duas certezas: o acerto da decisão de Morales e o respeito internacional, nunca obtido quando governavam as elites brancas dos departamentos ricos.

Na última semana de novembro de 2006 mais de cinco mil indígenas marcharam em direção a La Paz para exigir que o Senado, dominado pela oposição, aprovasse um projeto de reforma agrária.

Eram novos atores que vieram para ficar. Não deixariam o palco após molecular acúmulo de capital político. Passados quase dois anos, nesse 10 de agosto de 2008, ratificam seu protagonismo, e exigem o desenvolvimento institucional do país, só possível através de uma refundação jurídico-politica iniciada com a convocação da Assembléia Nacional Constituinte.

Mas há outros derrotados além da elite branca de Sucre e outros departamentos. No Equador, certamente, há choro em Guaiaquil, bastião da direita que vai às ruas protestar contra as reformas com as quais o presidente Rafael Correa pretende regular a economia e terminar com uma década de instabilidade política.

O resultado da consulta na Bolívia também cai como uma bomba nos planos da oposição venezuelana. Para quem pretendia aproveitar as próximas eleições regionais ,em novembro, para intensificar o golpismo e o separatismo, o lembrete boliviano deve ser bem assimilado. As oligarquias de Zulia, Táchira, Barinas e Apures, entre outros Estados, devem ter aprendido um pouco mais que já não é tão simples desestabilizar governos legítimos, democraticamente eleitos.

Na Argentina, a chamada “Mesa de Enlace”, que reúne as quatro principais agremiações ruralistas argentinas, precisa descartar velhas estratégias. Se, ao longo dos últimos meses, emergiram fragilidades estruturais que apresentam um país dependente do campo tanto interna quanto externamente, isso está longe da reprodução de cenários que, ao longo do século passado, possibilitaram golpes e conspirações bem-sucedidas.

Ao afirmar que dará prosseguimento à nacionalização de setores estratégicos, Morales aponta para o final de um ciclo de transferências maciças de ativos do Estado para os mercados que marcou a América Latina desde os anos 1990. É o resgate da política como única ferramenta de transformação.

A direita boliviana, bem como a de toda região, deve-se afirmar dentro de regras democráticas, não mais confundindo o poder que lhe foi dado por votação, como cheque em branco para a sabotagem institucional. O confronto deve ceder lugar a uma estratégia de competição de políticas públicas.

Para o reacionarismo nativo, as imagens do presidente Morales comemorando a vitória no Palácio Quemado devem ficar retidas na memória como um caminho sem volta. Muito mais do que aprovação a um governo, expressam um desejo de avanço só possível com uma América Latina integrada. Algo que não está no horizonte de “comitês cívicos” de Tarija, Caracas ou seus congêneres embrionários em terras brasileiras.

Por Gilson Caroni Filho, que é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.cartamaior.com.br.

Close