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Luta contra a venda da COPEL completa 10 anos com novas manifestações

Ato público na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e passeata lembram conquistas e reforçam postura contra a privatização

Em meio às tentativas do atual Governo do Estado de privatizar órgãos públicos, como a Copel, através da criação da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Paraná (Agepar), o movimento “A Copel é nossa” comemorou dez anos em ato público nesta terça-feira, 16, na Assembleia Legislativa do Paraná.A sessão foi proposta pelo deputado estadual Elton Welter (PT) e contou com a presença de representantes de mais de 20 federações, sindicatos de trabalhadores, entidades de classe e deputados estaduais e federais.

Há 10 anos, o Fórum Popular contra a venda da Copel reuniu 200 mil assinaturas no primeiro projeto de iniciativa popular do país, para tentar evitar a venda da Copel. Esta sessão homenageia todos os paranaenses que participaram daquela luta e mostra que continuamos vigilantes para evitar qualquer tentativa de venda do patrimônio público dos paranaenses. Continuamos intransigentes na defesa do Estado como indutor de desenvolvimento e na manutenção e valorização das nossas empresas”, disse Welter.

No ato público ficou decidido que os coordenadores do Fórum contra a venda da Copel irão recolher depoimentos das pessoas que participaram da campanha para escrever um livro que resguarde a memória e a atuação do movimento.

Roberto Von der Orsten, trabalhador bancário, atual tesoureiro da CONTRAF-CUT e diretor estadual da FETEC-CUT-PR, que presidia a Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR) em 2001, lembrou que o projeto contra a venda da Copel mobilizou toda a sociedade e foi o único projeto de lei de iniciativa popular na história do Paraná. “Em meio a onda de privatizações que varria o nosso Estado, os movimentos populares reagiram contra a venda do patrimônio dos paranaenses. O governo insistia, mas a sociedade venceu. Essa resistência contra a entrega das empresas públicas está viva”, disse. No ano anterior, o então governador Jaime Lerner privatizou o banco BANESTADO.

Mesmo com a pressão da grande maioria população, que era contra o projeto de privatização da Copel (93%), o governador Jaime Lerner levou o processo à votação na Assembleia Legislativa e saiu vitorioso por 27 votos, contra 26 contrários à privatização. Mas, a mobilização dos movimentos sociais, trabalhadores e estudantes impediu que a companhia de energia elétrica do estado fosse vendida. “Os estudantes tomaram a Alep, os movimentos sociais foram às ruas e pressionaram incansavelmente para que a venda da Copel não se concretizasse. A CUT e os movimentos sindicais foram determinantes para que a Copel continuasse sendo dos paranaenses”, conta Roberto Von der Orsten.

Acir Mezzadri, coordenador do Fórum Popular contra o Pedágio, também destaca a importância da mobilização popular. “O movimento ‘A Copel é nossa’ foi o mais importante da nossa história. Começou com uns poucos, aqui mesmo no plenarinho da Assembleia. Mas a sociedade se mobilizou, reagiu. Junto com os estudantes, enfrentamos aqui uma ocupação policial de mais de 1.500 homens. A luta valeu porque impediu a venda da Copel e nos mostra que precisamos estar atentos para defender o que é nosso, do povo paranaense”, disse.

Luta contra venda da Copel é exemplo

Uma manifestação organizada pela CUT- PR, “Dez anos depois, firmes na resistência – A privatização não passará”, também lembrou a atuação vitoriosa da campanha contra a venda da Copel. Os manifestantes saíram da praça Santos Andrade em direção à Alep.

Para o coordenador do Fórum contra a venda da Copel, Nelton Friedrich, atual diretor da Itaipu Binacional, a manifestação relembra o movimento de cidadania mais importante da história do Paraná. “É extremamente importante reavivar a memória. O movimento coordenado pelo Fórum mostrou que a mobilização popular é um antídoto contra a omissão. Houve um movimento paranista que juntou os mais variados segmentos em torno de uma causa comum e provou que a sociedade, quando mobilizada, com participação, vitalidade, pode exercer sua força. Estava se praticando um crime de lesa Estado e os movimentos sociais se mobilizaram e impediram. O momento exige atenção, para evitar qualquer retrocesso”, disse Nelton.

Segundo o deputado federal Dr. Rosinha (PT), a luta contra a venda da Copel deve ser um exemplo para a mobilização popular contra a inclusão da Copel e Sanepar da agência reguladora de serviços públicos. “Toda luta da sociedade tem que ser comemorada para que não caia no esquecimento O governo estava apostando no esquecimento quando quis  incluir os setores de energia e saneamento na agência reguladora. Foi a luta social que manteve a Copel como uma empresa estatal . Ao buscar a memória, trazemos a verdade. É um momento de comemorar, mas também de nos renovar e mobilizar  para que o Estado não seja colocado a serviço de uma elite”, disse o deputado, que há 10 anos participou da histórica votação do projeto de iniciativa popular na Assembleia.

Para Sérgio Gomes, do Sindicato dos Engenheiros do Paraná-Senge, os paranaenses precisam refletir sobre o modelo de gestão proposto pelo governo e a importância da mobilização popular contra a venda das empresas estatais. “Quando o governador Jaime Lerner assumiu, o governo tinha 82% das ações da Copel. Quando deixou o governo, essa participação era de apenas 31,1%. Será que a Copel é mesmo nossa? O que fizemos há 10 anos foi não permitir a finalização da privatização que estava em curso. É preciso manter fórum vivo para evitar a doação do patrimônio público”. 

Nova campanha contra a privatização

A proposta de criação da Agepar e a prerrogativa de uma nova tentativa de privatização da Copel foram um dos motivos para recordar e fortalecer novamente o Fórum contra a venda da Copel. Segundo Roberto Von der Orsten, a situação de hoje é diferente da de dez anos atrás, mas é preciso manter a unidade e a mobilização para não permitir que a luta de 2001 tenha sido em vão. “O cenário político de hoje é diferente. Em 2001, vivíamos sob um governo privatista com o FHC e neoliberal com o Lerner. Hoje, com dez anos de experiência, sob um governo federal liderado por trabalhadores, aprendemos que a privatização não resolve os problemas, nem melhora a qualidade dos serviços. E um exemplo disso é a privatização da companhia elétrica do estado de São Paulo, que continua tendo apagões quase que diariamente”, critica.

Os movimentos sociais estão alerta e mobilizados para, se preciso, voltar às ruas e garantir a manutenção do serviço de energia elétrica como serviço público dos paranaenses. “O Fórum foi muito pedagógico para os movimentos sociais, aprendemos muito com aquela campanha. Vimos que juntos, mobilizados e fortalecidos podemos conquistar as nossas lutas. E se o atual governo retomar a política neoliberal privatista estaremos prontos para garantir que a Copel continue sendo dos paranaenses”, afirma Roberto Von der Orsten.

Por Cícero Bittencourt, com sítio eletrônico Deputado Elton Welter

FETEC-CUT-PR

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