Brasília – O governo prometeu analisar até sexta-feira as reivindicações apresentadas hoje (23) pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela Via Campesina. Os trabalhadores rurais querem solução para as dívidas dos assentamentos e de pequenos agricultores que somam hoje R$ 30 bilhões, segundo cálculos do MST e o assentamento de cerca de 60 mil famílias hoje acampadas no país.
Enquanto isso, a mobilização, de acordo com lideranças do movimento, vai continuar. Amanhã, os trabalhadores rurais esperam reunir cerca de 15 mil pessoas em uma marcha na Esplanada dos Ministérios. As mobilizações também vão ser mantidas em mais 20 estados de acordo com o coordenador do Movimento de Pequenos Agricultores, Plínio Simas.
“Não estamos nos retirando. Estamos mantendo o movimento, que vem em um crescente, como as conversas com o governo até sexta-feira. Até lá, as manifestações continuam. O governo precisa responder de forma concreta”, disse Simas, após serem recebidos no Palácio do Planalto pelo ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Também participaram da reunião o ministro Afonso Florence, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, o secretário adjunto de Política Econômica, Gilson Bittencourt e o presidente do Incra, Celso Lacerda. As propostas apresentadas serão levadas amanhã à presidenta Dilma Rousseff pelo ministro Gilberto Carvalho.
Segundo a assessoria do ministro Gilberto Carvalho, o único ponto da pauta que o governo negou, categoricamente, é o que se refere à construção da Usina de Belo Monte. Os trabalhadores rurais pedem a paralisação das obras, mas o governo não aceita negociar a construção da barragem na região de Volta Grande do Xingu, no Pará.
Segundo o coordenador nacional do MST e da Via Campesina, José Valdir Misnerovicz, o governo deve apresentar uma proposta para aliviar a situação das dívidas dos assentamentos e também de assentar famílias que estão hoje, vivendo em acampamentos.
“Estamos em uma negociação importante, e o governo reconheceu que nossa pauta é justa. Esperamos propostas de recursos para aumentar o número de famílias e o governo deve também apresentar um plano emergencial para resolver a questão da dívida e do crédito. Encerramos essa reunião hoje, mas as conversas serão mantidas até o final da semana com grupos menores”, disse Misnerovicz.
Por Luciana Lima – Repórter da Agência Brasil. Edição: Rivadavia Severo
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Kátia Abreu defende pauta do MST, depois de encontro com Dilma Rousseff
Brasília – A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) disse hoje (23) que as reivindicações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina são justas, após se reunir com a presidenta Dilma Rousseff. Eles estão mobilizados nesta semana em 20 estados e no Distrito Federal pedindo solução para o endividamento de assentamentos e o assentamento de mais de 60 mil famílias hoje acampadas em todo país.
“Gente, as dívidas são reais”, disse a senadora que deve ingressar no futuro partido PSD, que se declara “independente” no Congresso Nacional.
Ao comentar a necessidade de uma política agrícola capaz de não penalizar os produtores, assunto tratado na reunião com a presidenta, Kátia Abreu chegou a pregar a “união” em meio às dificuldades.
“É preciso se unir na dificuldade e encontrar um modelo para cada tipo de agricultor no Brasil”, disse a senadora, recebida por Dilma Rousseff e pelo ministro da Agricultura Mendes Ribeiro, em sua primeira agenda de trabalho com Dilma.
A senadora disse que a política agrícola precisa ser inclusiva. “Somente 10% dos agricultores brasileiros fazem parte do chamado agronegócio. É preciso aumentar esse número. Existe um número muito grande de agricultores no país com uma renda muito baixa”.
No encontro com Dilma, Kátia assumiu o compromisso de não se opor ao governo na votação do Código Florestal no Senado, pauta polêmica que divide ambientalistas e ruralistas.
“Nós estamos dispostos a conversar para construir um consenso, que fique bom para os ambientalistas e para o pessoal do agronegócio”, disse a senadora que também afirmou não saber sobre a ocupação de prédios públicos promovida hoje pelo MST em todo país, inclusive, no prédio do Ministério da Fazenda.
“Eu não sabia que tinham invadido o ministério, vocês estão me contando agora. Ela [presidente Dilma] não comentou nada”, disse a senadora.
Por Luciana Lima – Repórter da Agência Brasil. Edição: Rivadavia Severo
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