O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (24) que a esquerda brasileira está sendo perseguida como os judeus foram perseguidos pelos nazistas e os cristãos pelos romanos, e criticou setores do país que, segundo ele, não aceitaram a vitória nas urnas da presidenta da República, Dilma Rousseff.
“Quero dizer para vocês que estou cansado de mentiras e safadezas, estou cansado de agressões à primeira mulher que hoje governa esse país. Estou cansado com o tipo de perseguição e criminalização que tentam fazer à esquerda desse país. Parece os nazistas criminalizando o povo judeu e romanos criminalizando os cristãos”, disse, em discurso na posse da diretoria do Sindicato dos Bancários do ABC, em Santo André.
“Nunca tinha visto na vida pessoas que se diziam democráticas e não aceitaram uma eleição que elegeu uma mulher presidente da República”, acrescentou.
O ex-presidente lembrou de realizações de seus governos, como o ingresso de milhares de estudantes no ensino superior e a ascensão econômica de milhões de pessoas.
“Eles não suportam que um metalúrgico quase analfabeto tenha colocado mais gente na faculdade do que eles, não suportam que a gente não deixou privatizar o Banco do Brasil e comprou a Nossa Caixa e o Banco Votorantim”, disse Lula.
“Eu, sinceramente ando de saco cheio. Profundamente irritado. Pobre ir de avião começa a incomodar; fazer faculdade começa incomodar; tudo que é conquista social incomoda uma elite perversa”, acrescentou o ex-presidente.
Lula disse ainda estar otimista com o futuro do país e compreender a apreensão de parte da população com o desemprego e com a inflação, mas ressaltou que o cenário já esteve pior.
“A inflação está 9%, com perspectiva de cair. Quando eu peguei esse país, a inflação estava a 12%, o desemprego a 12 %”, declarou ele.
“Não é porque a criança está com febre que vamos enterrá-la”, concluiu Lula.
Edição: Jorge Wamburg
“Quem apostar no fracasso deste país vai quebrar a cara”, diz Lula em posse dos Bancários
24/07/2015 23:10

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na noite desta sexta-feira (24) da posse da nova diretoria do Sindicato dos Bancários do ABC. Num discurso para sindicalistas, Lula disse que não tem nenhum receio de ser otimista em relação ao Brasil e que “aquele que apostar no fracasso deste país vai quebrar a cara”.
Lula falou depois de Belmiro Moreira, que acabava de assumir a presidência do Sindicato dos Bancários do ABC. Emocionado, Belmiro lembrou a história de lutas da categoria e da região. Aos 14 anos, enquanto trabalhava como patrulheiro-mirim em uma indústria metalúrgica, acompanhou de perto as conquistas sindicais que mudaram o país. “É uma responsabilidade ter hoje aqui presente o presidente que mais mudou este país. Lula criou o Partido dos Trabalhadores e ajudou a fundar a CUT para que a gente tivesse mais representação nas esferas do poder.”
Em sua fala, o ex-presidente Lula disse estar cansado do “tipo de perseguição e criminalização que fazem às esquerdas desse país”. “Eu nunca tinha visto pessoas que se dizem democráticas terem tanta dificuldade em aceitar uma derrota em eleição.” Lula lembrou das mudanças pelas quais o Brasil passou nos últimos 12 anos. “Eles não conseguem suportar o fato de que, em 12 anos, um presidente que tem apenas o diploma primário colocou mais estudantes na universidades do que eles colocaram em um século. Que esse presidente colocou três vezes e meia mais estudantes em escolas técnicas do que eles em 100 anos. Que levou energia elétrica de graça para 15 milhões de pessoas. Que não deixou eles privatizarem o Banco do Brasil, a Caixa e os bancos do Espírito Santo, de Santa Catarina e do Piauí. Que nos últimos 12 anos nós bancarizamos 70 milhões de pessoas, gente que entrou numa agência bancária pela primeira vez sem ser para pagar uma conta. Acho que isso explica o ódio e a mentira dessas pessoas.”
“O cenário hoje não é o ideal e nós sabemos. Eu me preocupo com a inflação, com o desemprego. Mas é importante lembrar que a crise que afeta o Brasil hoje é a mesma que afeta chineses e americanos. Nossa inflação hoje é de 9%, com perspectiva de queda. É importante lembrar que, quando assumimos o governo, ela já estava a 12%, que o desemprego era de 12,5%.” O ex-presidente fez questão de deixar claro seu otimismo. “Não tenho medo de ser otimista. Somos um país grande, com uma enorme capacidade de recuperação e um mercado interno de 204 milhões de consumidores. Quem apostar no fracasso deste país vai quebrar a cara”.