Representantes da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT/PR) e de seus 10 sindicatos filiados (Curitiba, Apucarana, Arapoti, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Guarapuava, Londrina, Paranavaí, Toledo e Umuarama) estiveram presentes na manhã desta segunda-feira (11), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep-PR), para participar de uma audiência pública cujo tema foi “Terceirização como forma de retirar direitos”. O debate foi uma iniciativa do deputado estadual Arilson Chiorato (PT) e lotou o plenarinho da assembleia.
Convidado a discursar na mesa de honra, o presidente da Fetec/PR, Deonisio Schmidt, argumenta que ao contrário que prega os defensores do neoliberalismo, que dizem que a reforma trabalhista e as terceirizações vieram para modernizar as relações de trabalho, esse processo, na verdade, tem o objetivo de reduzir os custos da produção e mão de obra mais barata, fruto da retirada de direitos e da redução da renda média dos trabalhadores, ou seja, parte do custo da produção de produtos e serviços é transferido para os trabalhadores.
Deonisio aponta ainda que esse processo de terceirização culmina com a concentração de riqueza nas mãos de uma minoria. “Toda vez que perdemos direitos e renda, estaremos concentrando a riqueza para poucos. Se quisermos avançar na justiça social, devemos necessariamente passar pelo processo de desconcentração da riqueza e essa, por sua vez, obrigatoriamente, pelo processo de retomada do diálogo sobre as consequências das reformas trabalhista, previdenciária e de terceirizações”, salienta.
Ao final de sua fala, o presidente da Fetec fez uma sugestão aos presentes na audiência. “Quero lançar aqui que, além do movimento sindical, procuremos outras entidades representativas, a magistratura, políticos, entre outros, para construir o Fórum Paranaense de Combate às Terceirizações, como forma retirar de direitos e de concentração de riqueza”, encerra.
A presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, Cristiane Zacarias, afirma que é preciso combater as terceirizações. “Este grupo que está aqui precisa ter um compromisso de questionar a terceirização, não enquanto um conceito, mas enquanto prática, porque a gente não pode admitir que a terceirização se torne corriqueiro. A terceirização acaba por precarizar as relações de trabalho. Nós temos que questionar isso em todos os locais, independente de que tenham uma lei dizendo que é possível, nós convivemos todos os dias com pessoas que exercem a terceirização autorizada pela lei, com situações desumanizadas e extremamente desrespeitosas e precarizadas”, aponta.
Cristiane cita que a categoria bancária vem passando por uma situação que se encaixa nesta situação. “Só este ano, os três principais bancos privados do país, lucraram mais de R$ 42 bilhões, então isso não justifica terceirizar da forma que o Santander vem fazendo e muito menos fraudar a lei do país para justificar, retirar direitos das pessoas e colocar trabalhadores que até hoje exerciam a função de bancários protegidos pela convenção coletiva nacional que os bancários têm. Sem a proteção de um sindicato, quem vai fazer a defesa destes trabalhadores?, indaga.
O secretário de organização e administração do Sindicato de Curitiba, Denner Halama, reforça a narrativa contra o Santander. “Já foi identificado mais de 200 CNPJs coligados. O Santander contrata em vários CNPJs, tirando da nossa categoria, tirando da nossa segurança de convenção coletiva, tirando da nossa proteção trabalhista, colocando em outras categorias que têm uma representação menor, ou talvez menos direitos, que foram conquistados agora, ou alguns CNPJs que pertencem a algumas categorias que nem organização sindical tem. Então, Santander faz isso de uma forma escancarada e com certeza é o tubo de ensaio para os outros bancos. Santander é um descumpridor de lei há muito tempo”, salienta.
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O presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Mourão, Bruno Murante da Silva, também faz críticas sobre o método de terceirização realizado pelo Santander. “A terceirização tem sido utilizada por diversas empresas como forma de desmantelar os direitos dos trabalhadores, eliminar a sua representatividade, entre outros pontos. O Santander tem criado novos CNPJs para descaracterizar o trabalho do bancário, fazendo, com isso, que eles sejam transferidos para essas empresas que estão sendo criadas como forma de tirá-los da categoria bancária, perdendo diversos direitos, direitos históricos conquistados pela luta sindical. Então o Santander vem agredindo de forma muito dura os trabalhadores”, aponta.
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Foto: Gibran Mendes

Foto: Gibran Mendes

Foto: Gibran Mendes
Texto e fotos: Flávio Augusto Laginski
Fonte: Fetec/PR