A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) está anunciando a compra de até 500 mil toneladas de trigo de boa qualidade. A notícia faz parte do pacote articulado entre o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, e o superintendente da Conab, Silvio Porto, para amparar a comercialização do trigo, feijão e leite, produtos nos quais o Paraná se destaca entre o primeiro e segundo lugar no ranking nacional de produção.
Segundo Bianchini, as lavouras estão plantadas e não há restrições de crédito que poderiam comprometer o seu desenvolvimento. A preocupação agora é evitar quedas bruscas de preços no período da comercialização que podem provocar perdas ao produtor. “Por isso estamos trabalhando em conjunto com o governo federal para adotar algumas medidas de prevenção que podem compensar possíveis quedas nos preços”, disse.
O anúncio da compra de trigo de boa qualidade é animador para os produtores paranaenses. Segundo Bianchini, o Paraná está colhendo cerca de 3 milhões de toneladas e 80% dessa produção apresenta grãos com boa formação e peso indicado conforme as especificações da indústria.
Do que resta colher, entre 10% e 15% da produção, as lavouras estão sendo afetadas pela continuidade do período chuvoso e pode apresentar problemas de qualidade. “Mas a maior parte do trigo produzido no Paraná é de excelente qualidade e o produtor poderá comercializar bem a safra”, afirmou.
Na avaliação de Bianchini, a medida ajudará a sustentar os preços do trigo nesse período de comercialização. Até a última quarta-feira (11) o preço médio do trigo no Paraná pago ao produtor estava cotado em R$ 26,38 a saca com 60 quilos ou R$ 480,00 a saca, valor 8,4% abaixo do preço mínimo.
O instrumento de Aquisição do Governo Federal (AGF), que será usado pela Conab, deverá pagar entre R$ 28,00 a R$ 31,00 a saca para o trigo de boa qualidade, preço está ao nível ou superior ao preço mínimo que é de R$ 28,80 a saca. O diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura, Francisco Simioni, lembra ao produtor que ele terá alguns descontos de transporte e classificação, mas será compensador vender parte da produção ao governo.
Segundo Bianchini, a Conab está acionando outros mecanismos em apoio à comercialização de trigo que estão disponíveis ao produtor. Trata-se do Empréstimo do Governo Federal (EGF) sem opção de venda, indicado ao produtor e cooperativas que optar por vender o trigo mais tarde. Além disso, a Conab poderá lançar mão dos Contratos de Opção, que dará condições de vender a produção ao governo pelo preço mínimo.
Por outro lado há também recursos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) destinado a comprar a produção da Agricultura Familiar até o limite de R$ 3.500,00 por produtor. Os preços de aquisição variam de R$ 30,07 a saca, a R$ 34,55. Para fazer as vendas ao PAA, o agricultor familiar deve procurar os escritórios da Conab.
Feijão – outra preocupação da Secretaria da Agricultura é evitar a queda nos preços do feijão pagos ao produtor entre os meses de dezembro a janeiro, quando se concentra a colheita, disse Bianchini. Segundo ele, o Paraná se prepara para uma boa colheita de feijão na safra das águas e a orientação é para as cooperativas se prepararem agora para formar estoques com o mecanismo do PAA.
A Conab oferece pagamento no valor de R$ 82,20 a saca, com 60 quilos para o feijão tipo 2, à R$ 87,60 a saca para o feijão tipo 1. Esta cotação está acima do preço mínimo que é de R$ 80,00 a saca, lembrando também que cada produtor pode vender até o valor máximo de R$ 3.500,00.
Para Bianchini, o mecanismo de amparo ao agricultor familiar é bom porque reduz a intermediação no processo de comercialização da produção. E também porque ajuda na formação de estoques do grão, num período que o mercado não consegue absorver toda a oferta disponível.
O Paraná é o maior produtor de feijão do país, com 55% de sua produção com feijão preto e 45% com feijão de cor. Neste ano aumentou em 23% a área plantada, em função dos bons preços que o produto vem alcançando no mercado. A produção esperada, em torno de 596 mil toneladas será quase 40% maior em relação à safra passada que foi de 428,7 mil toneladas.
Segundo levantamento do Deral, as primeiras colheitas estão acontecendo nas regiões sudoeste, oeste e norte pioneiro do estado e as cotações de preços que vinham sustentadas até o fim de setembro apresentam tendência de queda à medida que a entrada da safra nova se avoluma, afimrou Simioni. O preço médio, cotado no último dia 12 de novembro, era de R$ 112,78 a saca para o feijão preto e R$ 108,07 a saca para o feijão de cor.
Leite – a Conab anunciou ainda a compra de leite em pó dos agricultores familiares na região Sudoeste. As aquisições serão feitas pelo PAA e destinadas à formação de estoques. A Conab oferece R$ 7,50 o quilo para a indústria, o que corresponde à R$ 0,75 o litro.
Em contrapartida, a indústria se compromete a repassar R$ 0,48 o litro ao pequeno produtor. Também deverá comprovar o recebimento de no mínimo 10 litros de leite “in natura” do produtor para cada quilo de leite em pó integral vendido. Esta prática foi adotada em regiões onde o produto está sendo vendido abaixo do preço mínimo de R$ 0,47 o litro.
A compra do leite pela Conab visa melhorar as condições de comercialização para os produtores de leite. Os instrumentos de política agrícola estão sendo acionados no momento em que o mercado varejista não consegue absorver toda a oferta de produto existente. A oferta de leite está regular tanto no mercado interno como externo. Os grandes países produtores como Estados Unidos, Argentina e Uruguai também estão com oferta elevada do produto.
A pressão de demanda faz com que haja uma redução natural das cotações de preços de mercado e a medida adotada visa dar sustentação ao mercado. Por fim, outras medidas continuam sendo negociadas no âmbito do governo federal como o instrumento de escoar o excedente de produção das regiões onde há grande concentração do produto para aquelas de menor produção, disse o diretor do Deral, Francisco Simioni.
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.aenoticias.pr.gov.br.