Vencimentos fazem girar a economia real e mantêm círculo virtuoso 13º chega em breve
São Paulo – Nos dois últimos meses do ano, a economia receberá uma forte injeção de recursos proveniente diretamente dos ganhos dos trabalhadores, boa parte conquistada em duras campanhas salariais, como a dos bancários.
Todo brasileiro que tem emprego com carteira assinada recebe até dezembro o 13º salário. Pela estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), esse pagamento deve chegar a pelo menos R$ 78 bilhões, valor que representa 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e supera a quantia apurada em 2007, de R$ 64 bilhões. O aumento foi provocado pelos reajustes salariais e pela geração de postos de trabalho que, de acordo com o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho, chegou a 282 mil novos empregos em setembro deste ano, contra 251 mil no mesmo mês de 2007. No acumulado entre janeiro e setembro deste ano, foram gerados 2 milhões de novos empregos contra 1,6 milhão em igual período de 2007.
A valorização do salário mínimo também faz parte desse círculo virtuoso: emprego, salário, crescimento.
Bancários – Além do 13º salário que virá em dezembro, os bancários já receberam neste mês a primeira parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e do valor adicional. Graças à luta da categoria, a distribuição do montante aos trabalhadores aumentou em 14,54%, passando de R$ 931 milhões em 2007 para mais de R$ 1 bi neste ano. Em março de 2009, ocorrerá o crédito da outra parte da PLR e do adicional.
“Todos esses recursos vêm do emprego: 13º salário, PLR, aumento real. É a geração de empregos que faz a economia girar, evitando que a crise atinja nosso país com mais profundidade. Por isso, os trabalhadores querem que o governo invista na política social, cobrando das empresas, como os bancos, contrapartida para todo dinheiro que está sendo liberado, via compulsório ou pelo BNDES. Essa contrapartida prevê a manutenção dos empregos e direitos e a geração de novos postos de trabalho”, diz o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
Propostas – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou na quinta-feira, 6, uma análise sobre a crise financeira internacional, solicitando que o debate sobre o assunto tenha como foco o emprego. Do estudo, assinado pela CUT e pelo Dieese, constam 20 sugestões de medidas que deveriam ser tomadas pelo governo para que os trabalhadores não sejam prejudicados com os possíveis efeitos das turbulências do mercado. Entre as propostas estão: a ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que muda as regras para demissão sem justa causa, a ampliação de políticas para geração de emprego, o fortalecimento do Mercosul e mais rigor quanto ao cumprimento do papel social dos bancos.
“Na 5ª Marcha Nacional da Classe Trabalhadora, em 3 de dezembro, o presidente Lula vai receber os dirigentes sindicais que vão defender a adoção de políticas para garantir empregos e que gerem novos postos de trabalho. Essa deve ser a prioridade na crise e é esse compromisso que vamos cobrar do governo federal neste ano. Os trabalhadores não podem arcar com as contas de uma crise que não foi gerada por eles”, afirma o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
Cláudia Motta
Fonte: Seeb SP