São Paulo – Champanhe, bem-casados, lágrimas, famílias reunidas. O cenário e a comoção descritos em reportagem da revista IstoÉ Dinheiro dessa semana era de um casamento. No entanto, o que se deu no domingo, 2 de novembro, na casa de um ex-presidente do Unibanco, foi a comemoração de uma fusão que criou o maior banco do Brasil e de todo o Hemisfério Sul.
De acordo com a revista, os presidentes do Itaú, Roberto Setúbal, e do Unibanco, Pedro Moreira Salles, mantiveram um longo “namoro” que incluiu jantares e encontros furtivos por cerca de 15 meses. Tudo começou após a fusão entre Santander e Real. Preocupados, os banqueiros começaram a conversar.
“Nas cerca de 40 horas de conversas, discutiram muito sobre a cultura de cada instituição e o que queriam do novo banco… Setubal o convenceu (Salles) de que era possível compartilhar o controle e decidir tudo de forma consensual… Moreira Salles percebeu, nesse processo, que perdia um concorrente. Ganhei um amigo”, disse o presidente do Unibanco, que segundo a reportagem ainda emendou: “O Itaú foi feito para mim”.
A revista, que dedicou uma dezena de páginas à fusão entre as empresas – com direito a história das famílias Moreira Salles, do Unibanco, e Setubal/Villela, do Itaú – relata que “as três famílias também definiram um modelo de resolução de conflitos, que já era usado na Itaúsa”. “Nós concordamos em concordar”, diz Roberto Setubal… Os pares das duas instituições já começaram a conversar sobre a integração depois da fusão, que terá de ser aprovada formalmente pelo BC. Bem-humorado, Moreira Salles tem dito que a única dificuldade será entrosar os cariocas do Unibanco com os paulistas do Itaú. E resume seu estado de espírito numa única frase. “Esse é o negócio com o qual eu sempre sonhei.”
Pesadelo? – Se para os banqueiros a sensação é de realização e extrema felicidade diante da concretização dos “negócio dos sonhos”, para os bancários sobram noites insones. “Ainda não temos qualquer garantia das empresas de que não haverá demissões”, afirma o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
“Em todo processo de fusão realizado no país até hoje, para os trabalhadores fica sempre a parte ruim e isso é inadmissível, ainda mais num negócio desse porte, em que os dois bancos ganham tanto”, destaca Marcolino. Juntos, Itaú e Unibanco terão R$ 575 bilhões em ativos. “Os banqueiros já avisaram que pretendem crescer. Então, não pode haver demissão. Estamos aguardando a próxima reunião, que dever ter a data anunciada até sexta-feira, para que eles assumam um compromisso público com a sociedade pelo emprego: já que estão ganhando tanto, não podem prejudicar nem os bancários nem os clientes”, completa Marcolino.
Fonte:Seeb Sp