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Por 10:43 Cidadania, Destaque

IPCA-15: carne bovina, frutas, legumes, arroz e feijão tiveram quedas nos últimos meses

Os índices de inflação divulgados pelo IBGE nesta semana revelam uma redução generalizada nos preços dos alimentos, com destaque para quedas nos grupos de carne bovina, frutas, legumes, arroz e feijão. A prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) também confirmou esse movimento, e os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontam tendência similar nos últimos três meses.

Segundo o IBGE, o IPCA-15 de agosto registrou uma deflação de -0,14%, após alta de 0,33% em julho. Trata-se da menor variação desde setembro de 2022 (-0,37%) e a primeira taxa negativa desde julho de 2023 (-0,07%). No acumulado do ano, o índice marca +3,26%, e acumula +4,95% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,30% observados nos 12 meses anteriores.

No segmento de Alimentação e bebidas, a deflação foi de -0,53%, contribuindo com -0,12 pontos percentuais para o índice geral. Entre os alimentos que registraram reduções de preços nos últimos meses estão a carne bovina, frutas, legumes, arroz e feijão. Outros grupos que também apresentaram queda foram Habitação (-1,13%) e Transportes (-0,47%), com impactos de -0,17 p.p. e -0,10 p.p., respectivamente, em agosto.

Essa sequência de queda nos preços dos alimentos, agora observada há pelo menos três meses nos índices IPCA-15 e IPCA, é atribuída por analistas a fatores como supersafra, condições climáticas favoráveis e sazonalidade, até mesmo sugerindo que a deflação em agosto — quando divulgada oficialmente no IPCA — deverá ser a quinta consecutiva caso confirmada.

Tarifaço de Trump

No início de agosto de 2025, o governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, impôs tarifas elevadas — de até 50% — sobre produtos brasileiros, incluindo alimentos como carne e café. Essas medidas foram justificadas como resposta a processos políticos internos do Brasil e marcadas por forte caráter político e punitivo..

No setor da carne bovina, importantes exportadores como JBS, Marfrig e Minerva previam impactos relevantes sobre suas receitas — estimativas apontam queda de até 5% na receita líquida anual.

No caso do café, o país enfrenta um cenário duplo: embora os preços no varejo tenham caído recentemente (de cerca de R$ 70,00/kg em maio para R$ 58,99/kg em agosto), os custos com matéria-prima dispararam — o preço do arábica subiu cerca de 25% no Brasil e passou de +30% nos futuros internacionais, diante da incidência das tarifa.

Essas tarifas já estão provocando reconfiguração nos destinos da exportação brasileira: no caso da carne bovina, o México superou os Estados Unidos como segundo principal importador brasileiro em agosto (exportando 10.200 toneladas para o México, contra 7.800 para os EUA entre os dias 1º e 25), num movimento que indica realinhamento dos fluxos comerciais

Assim a combinação de redução nos preços internos dos alimentos, impulsionada por safra e sazonalidade, com o tarifaço americano, pode intensificar ainda mais a competição doméstica e pressionar os preços brasileiros de produtos exportados.

Por um lado, os produtores brasileiros que não conseguem direcionar seus produtos ao mercado exportador — especialmente carne e café — poderão oferecer mais oferta no mercado interno, reforçando o movimento de queda nos preços ao consumidor. Isso pode prolongar os efeitos observados no IPCA-15 e IPCA nos próximos meses.

A prevalência de queda nos preços dos alimentos no último trimestre é uma boa notícia para o bolso do consumidor brasileiro, refletindo uma combinação entre oferta favorável e dinâmica sazonal. No entanto, a imposição do “tarifaço” de Donald Trump — especialmente sobre carne, café e outros produtos agrícolas — coloca pressão adicional sobre setores exportadores. Se parte desse volume não for escoado internacionalmente, é possível que essa sobra acabe pressionando ainda mais o mercado interno, prolongando, por enquanto, a deflação alimentar.

Foto: Antonio Cruz/ABr

Texto: Tiago Pereira

Fonte: TVT News

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