A ministra Cármen Lúcia, mais uma vez, foi destaque no segundo dia de julgamento dos réus do “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado nesta quarta-feira (3), na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante a sustentação oral de Andrew Fernandes, advogado do general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro e um dos réus da trama golpista, Cármen Lúcia deu um “xeque-mate” e conseguiu tirar dele uma confissão de que o ex-presidente, de fato, queria e planejou um golpe de Estado.
Em sua intervenção, Andrew Fernandes, assim como advogados de outros réus, havia afirmado por mais de uma vez que seu cliente teria tentado “demover” Bolsonaro. O termo não passou despercebido para Cármen Lúcia, que emparedou o defensor e conseguiu uma confissão.
O diálogo se deu da seguinte maneira:
- Cármen Lúcia: Gostaria que o doutor André pudesse fazer um esclarecimento. Vossa senhoria, eu copiei aqui, disse cinco vezes que o réu, o cliente de vossa senhoria, “estava atuando para demover o presidente da República”. Demover de quê? Porque até agora todo mundo diz que ninguém pensou nada…
- Andrew Fernandes: Claro. Demover de adotar qualquer medida de exceção.
- Muito obrigada.
Defesa de general assume que Bolsonaro queria golpe
Advogado do general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa e réu no núcleo crucial da organização criminosa golpista, Andrew Fernandes assumiu que havia um golpe em curso, mas que seu cliente teria atuado contra a intentona comandada por Jair Bolsonaro, entregando a cabeça do ex-presidente.
Durante a sustentação oral à primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (3), Fernandes apresentou o que classificou como “prova dos 9” de que o militar não faria parte da organização criminosa de Bolsonaro, a ponto de ter virado alvo de ataques.
“Qual é a prova dos 9? Porque a hipótese acusatória é que ele fazia parte da organização criminosa para dar um golpe de estado. Qual é a prova dos 9 de que o general Paulo Sérgio não fazia parte dessa organização criminosa? Ele sofreu ataques”, diz o advogado.
Segundo Fernandes, “membros dessa organização criminosa estavam lutando para demover o general” do Ministério da Defesa.
“Segundo a própria acusação, membros dessa organização criminosa estavam lutando para demover o general, retirar do cargo o general Paulo Sérgio, ministro da defesa, e o comandante do exército, o general Freire Gomes. Tá provado nos autos. Então pera lá, como é que ele fazia parte da organização criminosa?”, indaga.
“A gente tem a prova dos 9, tá provado e mais que provado que o general Paulo Sergio é manifestamente inocente”, emendou logo adiante.
Foto: Gustavo Moreno/STF
Texto: Ivan Longo
Fonte: Revista Fórum