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Golpe do Tarcísio: Ciro Nogueira exclui “elegibilidade” em anistia e Bolsonaro reclama de fritura

A entrada do “capitão” Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos-PB) na cadeia de comando do golpe da anistia, para livrar Jair Bolsonaro (PL) da prisão assim que for dada a sentença pelo Supremo Tribunal Federal (STF), abriu um novo flanco de batalha entre o projeto da terceira via, articulada entre outros por Ciro Nogueira (PP-PI), e a ultradireita bolsonarista, que negocia os votos de radicais, que somam cerca de 15% do eleitorado e são essenciais para levar a disputa contra Lula ao segundo turno em 2026.

Nesta sexta-feira (5), Nogueira mandou recado para Bolsonaro pelas páginas da Folha de S.Paulo, em entrevista em que, finalmente, revela boa parte das tratativas feitas às escondidas com Tarcísio durante a semana, nos porões da política em Brasília.

Insistindo em distorcer a fala Luís Roberto Barroso, Ciro Nogueira afirma que “dizer que a anistia é uma decisão política é muito forte” e, ignorando o desmentido do presidente do STF, diz que já falou “com diversos ministros sobre o tema”.

“Brasília é uma conversa constante. Já falei com diversos ministros, não vou citar nomes”, disparou.

Em seguida, Nogueira afirma que Bolsonaro “me deu essa missão de lutar aqui e eu vou cumpri-la”, assumindo como interlocutor do ex-presidente, e confirma o plano de colocar a anistia em pauta assim que o STF der a sentença sobre o golpe.

Indagado se “a anistia pode ser aprovada a tempo de Bolsonaro não ir para a cadeia”, Nogueira revela a estratégia, antecipada pela Fórum, de vitimização do ex-presidente propagada pelos filhos e volta em falar que o ex-presidente vai morrer na prisão.

“Se existe uma pessoa com a saúde debilitada é ele. Sofre o tempo todo com soluço, passando mal, vomitando. Se botarem ele na cadeia, é porque querem matar o Bolsonaro. Eu espero que não exista esse espírito no Supremo, de querer matar o presidente”, diz.

Copresidente, com Antônio Rueda, da Federação PP/União – que controla a maior bancada, de 109 deputados, na Câmara e 15 senadores -, Nogueira ressalta, no entanto, que a negociata é livrar Bolsonaro da cadeia, desde que ele desista de tentar reverter a inelegibilidade, atuando apenas para transferir os votos de seus eleitores radicais a Tarcísio.

“Não estamos tratando de inelegibilidade”, diz prontamente ao ser indagado sobre o assunto, ressaltando que tem “um projeto para isso, mas acho muito difícil de acontecer, infelizmente”.

Nogueira ainda diz que Bolsonaro “está consciente que não vão dar o direito a disputar a eleição” e “vai dizer” que o seu candidato é Tarcísio.

“O que mais credencia o Tarcísio é a chance de vitória. A única pessoa que não pode perder essa próxima eleição é o Bolsonaro, e ele não vai arriscar. Tire as conclusões. O Tarcísio é candidato, se tiver o apoio do Bolsonaro. O Lula nem disputa com o Tarcísio”, delira Nogueira, propagando a narrativa de a questão de saúde do atual presidente “é uma porta de saída para caso o Tarcísio seja o candidato apoiado pelo Bolsonaro”.

Em seguida, Nogueira dá a data final para Bolsonaro ungir Tarcísio, em janeiro de 2026, e desdenha da revolta que isso pode causar no clã, já que o próprio ex-presidente quer alguém com seu sobrenome na disputa – nem que seja como vice.

“Tu acha que o Bolsonaro vai anunciar um candidato, aí o Eduardo vai ser candidato? O Flávio vai ser candidato? Não vai. Eu não tenho dúvida, vão obedecer o pai. O comando é do pai. O líder é ele”, diz.

Nogueira ainda ataca Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por conspirar contra o Brasil junto ao governo Donald Trump. “Critiquei o Eduardo. Ele sabe da minha posição de que defender tarifa contra o Brasil é um erro”, disse, sobre o prejuízo eleitoral que a intentona está causando.

Nogueira ainda confirma que Eduardo está “atuando contra o país”. “Por um ponto de vista, lógico, quando você pede sanções contra o país… Mas ele está lutando pelo pai. Volto a dizer, não vou julgá-lo”, disse, já julgando o “03” de Bolsonaro.

Fritura

A estratégia de Ciro Nogueira para escantear o clã e dar início à campanha de Tarcísio ao Planalto, no entanto, teria despertado a ira de Bolsonaro.

De dentro da mansão onde mora e cumpre prisão domiciliar, o ex-presidente emite sinais de que não está tão “debilitado” assim e tem enviado recados por meio de locutores, reclamando da fritura feita por Nogueira.

Segundo Malu Gaspar, no jornal O Globo desta sexta-feira, Bolsonaro estaria reclamando da pressão para desistir da candidatura – dele próprio e de alguém do clã – e diz que “Ciro estaria empenhado em fritá-lo porque trabalha para ser vice de Tarcísio e não se importa com a dinastia Bolsonaro”.

“Quer só os votos bolsonaristas”, diz a jornalista d’O Globo sobre a ira do ex-presidente, que deve ser condenado à prisão por tentativa de golpe na próxima sexta-feira (12).

Texto: Plinio Teodoro

Fonte: Revista Fórum

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