Prestes a ser condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro estaria desesperado com a possibilidade de cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, unidade prisional de segurança máxima em Brasília.
Segundo relatos de aliados que visitaram Bolsonaro na prisão domiciliar, divulgados pela jornalista Mônica Bergamo, o ex-presidente “está em pânico” e “passa mal” diante do fato de que deve ser enviado para um presídio comum, e não para uma cela especial ou uma unidade militar. Para Bolsonaro, ir para uma cadeia o submeteria a “humilhação”.
Além disso, o ex-presidente teria manifestado temor até mesmo de morrer em um presídio comum ou de ser “mal tratado” por outros presos que eventualmente tenha que dividir cela.
A narrativa de que está com a saúde debilitada e que não teria condições de cumprir pena em uma prisão comum, inclusive, já vem sendo utilizada pelo ex-presidente, sua defesa e aliados, indicando que, após a iminente condenação no STF, a estratégia será pleitear a continuidade da prisão domiciliar.
O Complexo Penitenciário da Papuda, no entanto, já preparou um espaço para receber Bolsonaro caso o ex-presidente, de fato, seja condenado. Caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado, definir onde Bolsonaro cumprirá pena.
Exército não quer receber Bolsonaro preso
O Exército Brasileiro comunicou extraoficialmente o Supremo Tribunal Federal (STF) que não aceita receber Jair Bolsonaro em quartéis caso ele seja condenado a cumprir pena em regime fechado. O recado, dado em meio ao avanço do julgamento sobre a tentativa de golpe, simboliza um rompimento histórico: depois de anos de blindagem e reverência ao capitão reformado, os generais agora deixam claro que não pretendem dividir espaço com ele.
Nos bastidores, a prisão é vista como quase inevitável e a definição da dosimetria deve ocorrer já na sexta (12). Existe, porém, a possibilidade de Alexandre de Moraes autorizar prisão domiciliar por motivos de saúde, o que seria apenas temporário e não elimina a necessidade de definir o local de custódia.
As alternativas cogitadas incluem a superintendência da Polícia Federal em Brasília ou uma ala reservada da Papuda, esta última a mais provável. A primeira remete ao precedente de Lula, que passou 580 dias em Curitiba, mas traz riscos de alimentar o discurso de perseguição entre bolsonaristas por ser um órgão federal. A segunda, com maior peso simbólico e caráter punitivo, algo que reforçaria a narrativa de vitimização explorada pelo ex-presidente.
A hipótese de mantê-lo em instalação militar foi rejeitada de imediato. Para os generais de agora, abrigar Bolsonaro em um quartel traria uma série de constrangimentos e o inevitável perigo de converter o recinto num local de “excursões” de apoiadores, repetindo o cenário dos acampamentos golpistas, algo que as Forças Armadas querem esquecer. A diferença, agora, é que, dessa vez, seriam os próprios militares os responsáveis por reprimir seus simpatizantes, algo que não pretendem fazer de forma alguma e que fatalmente abriria margem para serem acusados de novamente facilitar a vida para o ex-presidente.
Texto: Ivan Longo
Fonte: Revista Fórum