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Por 14:33 Agenda Sindical

Elefante na sala: Podcast Estúdio CUT destaca campanha sobre justiça tributária

O novo episódio do podcast Estúdio CUT aprofunda um tema que toca diretamente a vida da classe trabalhadora: a justiça tributária. Conduzido por André Accarini, o programa recebe Anelise Manganelli, economista e técnica do Dieese (escritório regional do Rio Grande do Sul), para explicar conceitos, desmontar mitos e apontar o que está em jogo no Congresso — especialmente o projeto de lei que prevê a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000 por mês (PL 1087) e outras medidas complementares.

Assista ao episódio:

Objetivo da campanha da Oxfam

A iniciativa “Tem um Elefante na Sala”, conduzida por Oxfam Brasil em parceria com Dieese, Instituto Justiça Fiscal e CUT, MST, busca mobilizar a sociedade para uma reforma que taxe os super-ricos e alivie a carga sobre quem ganha menos. A campanha lançou uma cartilha que detalha medidas de justiça tributária e incentiva o debate em sindicatos, comunidades e escolas.

Por que “elefante na sala”

O nome da campanha faz referência a um problema evidente, mas ignorado: a concentração de riqueza. “É como ter um elefante enorme na sala que ninguém quer enxergar”, resume a cartilha. Para Anelise, a metáfora expressa o desafio de enfrentar privilégios históricos que beneficiam a elite econômica.

Quem paga mais impostos

No Brasil, 43% da arrecadação vem de tributos sobre consumo, que incidem da mesma forma sobre ricos e pobres. Isso significa que famílias de baixa renda comprometem parcela maior do orçamento com impostos em produtos básicos. “A justiça tributária é respeitar a capacidade contributiva de cada indivíduo”, explica a economista.

Mulheres e negros, que concentram as ocupações de menor renda, são os mais penalizados. “As mulheres negras representam a maior parte da base trabalhadora com salário baixo, por isso arcam com peso desproporcional da carga tributária”, destaca.

Propostas em debate

PL 1087, em discussão no Congresso, prevê isenção do IR para salários de até R$ 5 mil, redução para rendas intermediárias e tributação progressiva sobre quem recebe acima de R$ 600 mil por ano. Também cria uma alíquota de 10% sobre lucros e dividendos distribuídos a acionistas, medida que, segundo Anelise, corrige uma distorção existente desde 1996.

A economista explica que a cobrança sobre dividendos não configura bitributação, como alegam críticos, porque pessoas físicas e jurídicas têm naturezas fiscais distintas. “Vários países tributam lucros e dividendos sem perder investimentos”, afirma.

Renda e patrimônio

A reforma tributária aprovada em 2023 simplificou tributos sobre bens e serviços, mas não alterou a lógica regressiva da arrecadação. Para Manganelli, é preciso avançar agora sobre renda e patrimônio. “A reforma do consumo é importante, mas não resolve o problema da desigualdade tributária”, alerta.

Impacto social

Com mais recursos arrecadados dos mais ricos, a União poderia ampliar investimentos em saúde, educação e assistência social. “Sem arrecadação adequada, quem paga a conta é quem tem menos. E quem mais sofre são as mulheres”, reforça a economista.

Fonte: CUT

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