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Bancários assinam acordo e valorizam negociação. Bancos negam apoio a ‘ajuste’

Campanha durou mais de dois meses e teve greve durante 31 dias. Novidade é acordo válido por dois anos
por Vitor Nuzzi, da RBA publicado 14/10/2016 12:19, última modificação 14/10/2016 12:37
Tiago Silva/Sind. Bancários SP

Convenção dos Bancários

Betão e Juvandia, na assinatura da convenção: apesar da validade de dois anos, temas específicos serão discutidos

São Paulo – As dificuldades da campanha salarial deste ano dos bancários, que durou mais de dois meses, se prolongaram até a assinatura do acordo, ontem (13), que teve atraso de quatro horas devido a problemas em uma das cláusulas. Com a convenção firmada até 2018 – uma novidade desta campanha –, os representantes da categoria valorizaram a negociação coletiva e esperam avançar em temas específicos. Já a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) negou que o setor tenha agido em sintonia com o governo na questão do ajuste.

Marcado para as 16h, o ato de assinatura só ocorreu às 20h30. Questões de redação fizeram os dirigentes sindicais bancários esperarem até a noite. A comissão da Fenaban só chegou ao local, um hotel na região central de São Paulo, às 19h45. A convenção coletiva envolve 504 mil trabalhadores.

“Foi a campanha mais difícil em muitos anos. Até aqui, na redação final, teve dificuldade”, comentou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Comando Nacional dos Bancários, Roberto von der Osten, o Betão. Ele observou que a greve não era um objetivo, mas terminou sendo necessária diante da postura dos bancos. Com o impasse na negociação, os trabalhadores mantiveram greve durante 31 dias, até a semana passada.

“Fizemos uma campanha dura, difícil,  que conquistou aumento real nos vales e, principalmente, aumento real em 2017, garantindo que a política deste ano não se repita”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, vice da Contraf-CUT e integrante da coordenação do Comando Nacional. Ela também ressaltou o o fato de o conflito ter se resolvido por meio do diálogo.

Incerteza

“É importante mais uma vez a gente ter a sabedoria de estar resolvendo aqui (na mesa de negociação)”, acrescentou Juvandia, destacando o ambiente de “incerteza política e econômica” no país, em um momento de ameaças a direitos trabalhistas. Ela lembrou que, apesar de o acordo ter validade de dois anos, as discussões vão continuar nos grupos temáticos.

O acordo assinado ontem à noite prevê reajuste de 8% de reajuste neste ano, mais abono de R$ 3.500. O vale-refeição será corrigido em 10% e o vale-alimentação, em 15%. Os bancários asseguraram também, entre outros itens, participação nos lucros ou resultados (PLR), equivalente a 90% do salário reajustado mais R$ 2.183,53, limitado a R$ 11.713,59, além de adicional calculado sobre o lucro líquido.

Para 2017, está garantido reajuste com 1% de aumento real (acima da inflação). A data-base é 1º de setembro. Também foram assinados aditivos com o Banco do Brasil e com a Caixa Econômica Federal.

Integrante do Comando, o presidente da Federação dos Bancários de Bahia e Sergipe, Emanoel Souza de Jesus, disse que a campanha deste ano foi marcada por “quebra de paradigma”, referindo-se ao índice abaixo da inflação acumulada. “Mas o abono integral dos dias parados também foi uma conquista da categoria”, acrescentou.

O coordenador de negociação da Fenaban, Magnus Apostólico, disse que a campanha de 2016 pode ter sido “a mais trabalhosa” nos 22 anos em que ele participa das discussões com os bancários. Também enfatizou a importância da duração do acordo (“Temos um período mais longo para construir soluções para as relações do trabalho”) e da negociação direta (“Ainda é o melhor caminho que nós temos, apesar do tamanho do conflito”).

Segundo ele, a proposta da Fenaban considera um período de transição: “O reajuste é menor que a inflação passada, que não vai se repetir, mas suficiente para a inflação que o salário vai enfrentar”. O setor estima que a inflação acumulada em 12 meses, em agosto do ano que vem (véspera da data-base), estará em 5%, mantendo-se nesse nível em 2018. Magnus afirmou que os bancos não estão fazendo “ajuste” para ninguém. “Não tivemos nenhuma interferência externa na nossa negociação. Sabemos que o país está em crise, mas o nosso acordo não é decorrente disso, é decorrente de uma transição da inflação.”

Notícia colhida no sítio http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2016/10/bancarios-assinam-acordo-e-valorizacao-negociacao-bancos-negam-apoio-a-ajuste-8689.html

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