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Mães de Maio, povos indígenas e a luta pela comunicação

Mesa debate a cobertura das lutas dos movimentos sociais pela imprensa

Na tarde desta quinta-feira, 24 de setembro, a primeira mesa de debates do 3º Seminário Unificado de Imprensa Sindical tratou do tema “Os movimentos sociais e a disputa comunicacional no Brasil”, com relatos emocionantes da cacique guarani Kerexu Yxapyry, da Terra Indígena Morro dos Cavalos,e de Débora Maria da Silva, fundadora e coordenadora do movimento Mães de Maio. A jornalista Bia Barbosa, do Intervozes, falou sobre a frente popular de democratização da comunicação.

Direitos humanos na profissão

Ao relatar sobre sua experiência profissional, Bia Barbosa relatou sobre a importância na sua vida em definir onde que a questão dos direitos humanos é colocada na profissão. Ela convocou a todos para a mobilização popular contra ações do poder legislativo que colocam a democracia, que já está limitada, em risco.

“A lei antiterrorismo, que tramita na Câmara Federal, vai criminalizar ainda mais os movimentos sociais. Nós que vamos para as ruas, que nos mobilizamos, todos nós, do movimento sindical, também seremos considerados criminosos”, alertou.

Comunicação

Para ela, parte significativa do cenário atual da comunicação é porque historicamente não enfrentamos a concentração midiática brasileira. Sobre a internet, Bia acredita que é o principal meio de comunicação para se exercer liberdade e articular ações, mas 40% da população ainda não tem acesso. “Mas precisamos ocupar esse espaço”.

Ela defende que é preciso uma política pública de universalização da comunicação. “Poucos pautam e falam da formação de opinião pública. A maioria é apenas ouvinte e leitor. Não vamos conseguir transformar a sociedade brasileira enquanto não mexermos na estrutura midiática. A comunicação é direito fundamental”, encerrou, falando sobre o abaixo assinado para o projeto de lei de iniciativa popular pela democratização da comunicação.

Em busca da Terra Sem Males

A cacique guarani Kerexu Yxapyry, da Terra Indígena Morro dos Cavalos, relatou as lutas de seus povos, a história dos índios guaranis, explicou suas tradições, a importância para os guaranis de estarem nas suas terras próximas ao mar, o bombardeio da mídia com a causa indígena.

Kerexu demonstrou segurança e habilidade em representar seu povo e lutar pelos seus direitos, mas a luta é injusta. Em terras já demarcadas, questionam judicialmente a demarcação. Direitos constitucionais podem ser alterados por PEC criada por deputados. Ruralistas e fazendeiros agem com violência.

“Estamos em 2015 e o genocídio dos povos indígenas desde 1500 ainda não acabou. São crianças morrendo, mulheres sendo atacadas. Por fazendeiros, por ruralistas, por deputados que querem a PEC 215”, declarou.

Acesse no site Terra Sem Males trechos do depoimento da cacique guarani Kerexu Yxapyry.

Mães de Maio e suas 600 vítimas

“Eu sou a mãe de uma das 600 vítimas de maio. Meu filho era trabalhador, era gari, e foi executado”, se apresentou Débora Maria da Silva, fundadora e coordenadora do movimento Mães de Maio.

Para resumir a importância do movimento na disputa midiática, Débora contou que Vito Giannotti a chamava de “bandida”. “A bandida que roubou a mídia, que se democratizou para respeitas o movimento das Mães de Maio”.

Para quem não se familiariza sobre o que se trata, as vítimas a que o movimento se refere são os 600 jovens executados no estado de São Paulo entre os dias 12 e 19 de maio de 2006. Nos popularmente chamados “ataques do PCC”.

“A imprensa rotulou a morte dos nossos filhos como ataque do PCC, mas nós fizemos a Globo dizer que somos as vítimas dos Crimes de Maio. O PCC não matou nossos filhos. Eles foram vítimas de uma retaliação de um agente que teve um familiar sequestrado”, contou Débora.

Crítica ao movimento sindical

Débora falou sobre a omissão do movimento sindical com o movimento das mães de maio. “O movimento sindical não toca nesse assunto. E o nosso movimento é de enfrentamento à violência policial”.

Débora citou a luta do movimento pela votação da PEC 51, que está engavetada. É um projeto que prevê a desmilitarização da polícia militar. “A dor da mãe do policial é a mesma dor de uma mãe de vítima e de uma mãe de bandido. Que não pede pra ele ser assim”.

Revolução das mulheres

“Nós somos mulheres, no movimento tem donas de casa que não sabiam pegar um ônibus. E hoje Brasília é pequena pra gente. A revolução vem das mulheres. Colocou o nome das Mães de Maio e eles ficam tremendo”.

Paula PadilhaSEEB Curitiba

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As redes sociais são um problema no jornalismo sindical?

Painel debate o jornalismo no mundo das redes sociais

As redes sociais são um problema no jornalismo sindical?
(Foto: Joka Madruga).

Na manhã desta quinta-feira, 24 de setembro, durante o 3º Seminário Unificado de Jornalismo Sindical, os jornalistas Breno Altman e Gustavo Gindre falaram do atual contexto de trabalhar com comunicação no país: o uso das redes sociais como propagação de informação.

Para Gustavo Gindre, no contexto em que vivemos as redes sociais são um problema grave para o jornalismo. Com o uso das redes sociais, o papel de mediador da informação não é mais do jornalista, mas de algoritmos. “Facebook, google e outras redes sociais têm mediação por máquinas, que mapeiam comportamentos e te oferecem mais do mesmo”, diz o jornalista que é Mestre em Comunicação e Cultura.

Ele exemplificou que quando há a interação, não interessa se você está criticando ou elogiando, se você gosta ou se você odeia. O sistema vai te oferecer sempre os mesmos temas e outros relacionados para consumo, porque desperta seu interesse e te mantém conectado naquele lugar.

“Os usuários de redes sociais geram e produzem valor para alguém. Esse valor é apropriado de forma privada. Estamos trabalhando para eles”, explica Gustavo a lógica do uso do facebook.

Ele finaliza que esse é um novo desafio: a comunicação nas redes sociais com critério que não é ideológico, é de tempo de retenção naquela página. “Na globosfera estamos flertando com a lógica da agitação e propaganda, sem compromisso com a realidade, não constituindo alternativas. Isso não é jornalismo. O jornalismo precisa assumir o papel da mediação”, Conclui Gustavo Gindre.

Janela de oportunidades. Que está se fechando.

Para Breno Altman, jornalista do site Ópera Mundi, direcionado a reportagens internacionais, vivemos numa janela de oportunidades, com novas tecnologias que permitem a mais grupos construir meios de informação.

Em contrapartida, ele defende que estamos num momento de percepção democrática ilusória com a internet. “O jornal nasce democrático e se transforma em concentrado e classista. A internet sofre o mesmo processo de concentração, mas ainda é possível fazer essa disputa”, convoca.

Ele também aponta o uso das redes sociais como desafio. “A blogosfera tem uma experiência limitada. Alguns sites jornalísticos de esquerda até tem uma audiência razoável, mas ser a alternativa ainda é um consolo”. Altman alerta para que o jornalismo contra hegemônico não se torne anti hegemônico, que é o jornalismo ruim, só de agitação e propaganda.

Altman relembrou aos participantes que nos anos 1980 e 1990, o maior grupo de comunicação do país era a soma de todos os jornais sindicais. E que hoje se produz muito menos.

Saiba mais: Comunicação sindical para mudar a forma de pensar

Paula PadilhaSEEB Curitiba

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