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Mulheres bancárias lutam contra o machismo e a discriminação no trabalho

Diferença de tratamento e dificuldade de ascensão são evidentes nos bancos

As mulheres ainda têm muito o quê conquistar para ocupar o espaço que merecem dentro dos bancos. Mesmo quando são mais qualificadas, elas não têm as mesmas oportunidades de ascensão garantidas aos homens e continuam sendo as maiores vítimas de assédio moral e sexual. Os desafios enfrentados pelas mulheres mudam de ambiente, mas continuam com a mesma origem: machismo e patriarcalismo. Veja a seguir entrevista com a diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, sobre o Dia Internacional da Mulher e as lutas das mulheres bancárias.

Comunicação Fetrafi-RS: O Dia Internacional da Mulher continua remetendo as trabalhadoras a luta pela igualdade de gênero?

Denise: O 8 de Março só existe porque um dia as mulheres decidiram mudar sua posição na sociedade e ocupar os espaços que têm direito. Todo o apelo de consumo que surgiu em relação à data, afinal o mercado identificou mais uma oportunidade de lucro, dificulta a compreensão da importância do momento histórico. Diante deste contexto, torna-se cada vez mais difícil chamar as mulheres para a terra, para que percebam que toda hora é hora de mudar e que não podem ser lembradas apenas no 8 de Março. Enfim, que todos os dias são dias de luta pela igualdade.
Comunicação Fetrafi-RS: Quais são os principais desafios das bancárias no trabalho?
Denise: Os desafios das bancárias não diferem dos desafios das demais trabalhadoras. O ambiente de trabalho nos bancos reproduz com fidelidade máxima o mundo masculino, machista e patriarcal em que vivemos, infelizmente. Podemos pontuar algumas questões centrais como a dificuldade de ascensão aos cargos de chefia, mas principalmente de inserção nos círculos de decisão dos bancos, que ainda são uma espécie de confraria masculina.
Comunicação Fetrafi-RS: Como você avalia a postura dos bancos em relação a suas trabalhadoras?
Denise: A Fenaban não admite, não reconhece as diferenças, mas elas são muito evidentes. Os dados obtidos através do Mapa da Diversidade revelaram a imensa discriminação sofrida pelas mulheres bancárias. Elas são as maiores vítimas de todo tipo de assédio e são discriminadas antes mesmo de serem contratadas no caso dos bancos privados. Quantas mulheres negras você vê trabalhando no atendimento? Quantas obesas? E as mais velhas? Elas não são adequadas para os bancos.
Comunicação Fetrafi-RS: Você atribui esta discriminação aos padrões estéticos impostos pela mídia ou pelo mercado de maneira geral?
Denise: Em parte sim. No entanto, a exigência por jovialidade, magreza e beleza parece estar implícita a certos cargos dentro dos bancos. Agindo desta forma, as instituições perpetuam o machismo e todos os problemas que vêm com ele.
Comunicação Fetrafi-RS: Quais os avanços garantidos pelas bancárias nas últimas décadas em relação às condições de trabalho?
Denise: Nossos avanços ainda são incipientes. O fato de conseguirmos pautar as questões de gênero nas negociações com os banqueiros foi o principal avanço obtido. Estes problemas são difíceis de tratar dentro dos bancos e inclusive nos fóruns do movimento sindical bancário.
Comunicação Fetrafi-RS: Como você avalia as políticas públicas voltadas para as mulheres?
Denise: Este é o ponto central da igualdade de gênero. Criar condições para que as mulheres tenham direito de ocupar seu espaço no trabalho e nas demais esperas públicas da sociedade, na política por exemplo. Muitas de nós são obrigadas a abrir mão dos objetivos profissionais quando chega a maternidade. Isto ocorre porque não há políticas que facilitem a conciliação entre a função profissional e o papel de mãe. Pesquisas comprovam que as mulheres chegaram à igualdade quanto à inserção no mercado de trabalho, mas ainda ganham menos.
Comunicação Fetrafi-RS: A que você atribui esta diferença de remuneração?
Denise: Isto está diretamente relacionado à dificuldade de inserção nos círculos de decisão. Ninguém defenderá os direitos das mulheres a não ser elas mesmas. Se não chegamos aos cargos executivos dos bancos, como poderemos garantir igualdade de oportunidades e remuneração? No caso específico da categoria bancária, a diferença de remuneração entre homens e mulheres que exercem a mesma função pode chegar a 26%. Está abaixo das outras categorias, mas enquanto a diferença existir, pode até ser de 1%, será motivo de luta.
Por Imprensa Fetrafi-RS
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.fetrafirs.org.br
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