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DEMOCRATIZAÇÃO DO CRÉDITO

Gazeta Mercantil – Fernando Nogueira da Costa, vice-presidente da Caixa
No passado recente, dizia-se que existiam dois tipos de dinheiro, aqui, no Brasil: o “dinheiro do rico” e o “dinheiro do pobre”. O primeiro ficava nos bancos, protegido da inflação. O último ficava sem correção monetária, tendo seu poder de compra corroído pela alta de preços.
O pobre recebia seu dinheiro e tinha de correr às compras. Tentava comprar enquanto ele valia algo. Passava o resto do mês achando que “sobravam dias, faltava salário”.
O rico pegava seu capital e podia deixá-lo nos bancos. Enquanto ele dormia tranqüilo no “overnight”, o dinheiro do pobre ficava ao relento. O rico sacava o seu de lá na hora que quisesse gastar, com o poder aquisitivo preservado.
Essa clientela – chamada de “classe A” pelos banqueiros – era disputada arduamente. Pudera, a renda total do 1% mais rico equivalia à dos 50% mais pobres. Os 10% mais ricos somavam uma renda quase 50 vezes maior do que a soma das rendas dos 10% mais pobres.
A discriminação entre o “dinheiro do rico” e o “dinheiro do pobre” agravou o processo de concentração de renda no País. Levou-nos a situação de desigualdade social vergonhosa, destaque negativo entre todas as nações. Para superar essa fase, estamos vivendo três mudanças importantes. Uma se refere aos correspondentes bancários; outra, à abertura de contas simplificadas; e a terceira é sobre o acesso ao crédito popular.
Nada menos que 30% das cidades do País, ou seja, 1.674 delas, não têm sequer uma agência bancária. Só é possível abrir o comércio porque existe nessas localidades a figura do correspondente bancário, geralmente pequenas padarias, mercearias ou loterias. Propicia fazer pagamentos e receber dinheiro na própria cidade.
Com a falta de uma agência bancária, as cidades param de crescer e vão minguando. Isso porque, quando as pessoas vão a cidades vizinhas para retirar dinheiro, preferem fazer suas compras por lá mesmo. A instalação do correspondente bancário começa então a estimular a economia local.
Outro recurso importante para se desenvolver em localidades que não dispõem de agência bancária é a telecomunicação, inclusive via satélite. Ela permitirá ao comércio das cidades excluídas oferecer pagamentos eletrônicos. Por exemplo, uma mercearia poderá colocar no balcão do estabelecimento terminais de cartões de crédito e de débito.
A “moeda eletrônica” se tornará, então, acessível a todos. Não mais faltará numerário sob forma de papel-moeda. Resolverá o problema de transporte (e segurança) em um país de dimensão continental.
Essa é também uma forma de inclusão digital e de educação financeira. Com o aprendizado em lidar com terminais eletrônicos, fazer contas e manter reservas, nosso povo se educa. Viveremos, brevemente, o momento em que todos os cidadãos do País terão livre acesso a quiosques dos Correios, onde ele poderá acessar a internet. Todos nós teremos então endereços eletrônicos. Facilitará também o acesso às contas bancárias. Assim como a educação a distância.
Somente uma tecnologia bancária cada vez mais avançada será capaz de atender a contingente tão grande de brasileiros com velocidade e segurança. O avanço na automação e na regulamentação, além de vontade política, permite-nos dispor de conta corrente sem burocracia.
Isso faz parte do programa Caixa Aqui, uma conta corrente eletrônica em que não é obrigatório ter endereço fixo ou comprovante de renda para abri-la. O programa – que já alcançou 700 mil novos correntistas em apenas quatro meses – tem como pano de fundo a inclusão bancária e, em última análise, a social.
Em um país de alta concentração de renda, dar acesso aos bancos é o mesmo que dar cidadania. Permitirá também democratizar o acesso ao crédito bancário para promover o crescimento econômico.
A última inovação financeira é o crédito popular. O crédito que os bancos comerciais passaram a oferecer – sob pena de terem de recolher 2% de seus depósitos à vista (total de R$ 1,25 bilhão) compulsoriamente ao Banco Central do Brasil caso não o façam – será uma opção para fugir dos agiotas ou mesmo dos crediários com juros que escorcham os consumidores.
Esse crédito popular não segue o modelo puro do microcrédito. Mas é um modelo propriamente brasileiro, que estamos construindo para enfrentar problemas específicos de uma sociedade urbanizada (82% da população mora em cidades), de massa (a 5 maior população no mundo), espalhada em um território gigantesco (5 maior) e com grande disparidade de renda. Em conjunto com a autorização para desconto de prestações de empréstimos em folhas de pagamento e as linhas com recursos do FAT para compra de eletrodomésticos e material de construção civil, fomentará o mercado de consumo popular em nosso país. Com a futura inclusão bancária dos milhões de brasileiros recebedores de benefícios sociais, talvez estejamos construindo o maior (e mais rápido) programa de democratização do crédito do mundo.

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DEMOCRATIZAÇÃO DO CRÉDITO

Gazeta Mercantil – Fernando Nogueira da Costa, vice-presidente da Caixa

No passado recente, dizia-se que existiam dois tipos de dinheiro, aqui, no Brasil: o “dinheiro do rico” e o “dinheiro do pobre”. O primeiro ficava nos bancos, protegido da inflação. O último ficava sem correção monetária, tendo seu poder de compra corroído pela alta de preços.

O pobre recebia seu dinheiro e tinha de correr às compras. Tentava comprar enquanto ele valia algo. Passava o resto do mês achando que “sobravam dias, faltava salário”.

O rico pegava seu capital e podia deixá-lo nos bancos. Enquanto ele dormia tranqüilo no “overnight”, o dinheiro do pobre ficava ao relento. O rico sacava o seu de lá na hora que quisesse gastar, com o poder aquisitivo preservado.

Essa clientela – chamada de “classe A” pelos banqueiros – era disputada arduamente. Pudera, a renda total do 1% mais rico equivalia à dos 50% mais pobres. Os 10% mais ricos somavam uma renda quase 50 vezes maior do que a soma das rendas dos 10% mais pobres.

A discriminação entre o “dinheiro do rico” e o “dinheiro do pobre” agravou o processo de concentração de renda no País. Levou-nos a situação de desigualdade social vergonhosa, destaque negativo entre todas as nações. Para superar essa fase, estamos vivendo três mudanças importantes. Uma se refere aos correspondentes bancários; outra, à abertura de contas simplificadas; e a terceira é sobre o acesso ao crédito popular.

Nada menos que 30% das cidades do País, ou seja, 1.674 delas, não têm sequer uma agência bancária. Só é possível abrir o comércio porque existe nessas localidades a figura do correspondente bancário, geralmente pequenas padarias, mercearias ou loterias. Propicia fazer pagamentos e receber dinheiro na própria cidade.

Com a falta de uma agência bancária, as cidades param de crescer e vão minguando. Isso porque, quando as pessoas vão a cidades vizinhas para retirar dinheiro, preferem fazer suas compras por lá mesmo. A instalação do correspondente bancário começa então a estimular a economia local.

Outro recurso importante para se desenvolver em localidades que não dispõem de agência bancária é a telecomunicação, inclusive via satélite. Ela permitirá ao comércio das cidades excluídas oferecer pagamentos eletrônicos. Por exemplo, uma mercearia poderá colocar no balcão do estabelecimento terminais de cartões de crédito e de débito.

A “moeda eletrônica” se tornará, então, acessível a todos. Não mais faltará numerário sob forma de papel-moeda. Resolverá o problema de transporte (e segurança) em um país de dimensão continental.

Essa é também uma forma de inclusão digital e de educação financeira. Com o aprendizado em lidar com terminais eletrônicos, fazer contas e manter reservas, nosso povo se educa. Viveremos, brevemente, o momento em que todos os cidadãos do País terão livre acesso a quiosques dos Correios, onde ele poderá acessar a internet. Todos nós teremos então endereços eletrônicos. Facilitará também o acesso às contas bancárias. Assim como a educação a distância.

Somente uma tecnologia bancária cada vez mais avançada será capaz de atender a contingente tão grande de brasileiros com velocidade e segurança. O avanço na automação e na regulamentação, além de vontade política, permite-nos dispor de conta corrente sem burocracia.

Isso faz parte do programa Caixa Aqui, uma conta corrente eletrônica em que não é obrigatório ter endereço fixo ou comprovante de renda para abri-la. O programa – que já alcançou 700 mil novos correntistas em apenas quatro meses – tem como pano de fundo a inclusão bancária e, em última análise, a social.

Em um país de alta concentração de renda, dar acesso aos bancos é o mesmo que dar cidadania. Permitirá também democratizar o acesso ao crédito bancário para promover o crescimento econômico.

A última inovação financeira é o crédito popular. O crédito que os bancos comerciais passaram a oferecer – sob pena de terem de recolher 2% de seus depósitos à vista (total de R$ 1,25 bilhão) compulsoriamente ao Banco Central do Brasil caso não o façam – será uma opção para fugir dos agiotas ou mesmo dos crediários com juros que escorcham os consumidores.

Esse crédito popular não segue o modelo puro do microcrédito. Mas é um modelo propriamente brasileiro, que estamos construindo para enfrentar problemas específicos de uma sociedade urbanizada (82% da população mora em cidades), de massa (a 5 maior população no mundo), espalhada em um território gigantesco (5 maior) e com grande disparidade de renda. Em conjunto com a autorização para desconto de prestações de empréstimos em folhas de pagamento e as linhas com recursos do FAT para compra de eletrodomésticos e material de construção civil, fomentará o mercado de consumo popular em nosso país. Com a futura inclusão bancária dos milhões de brasileiros recebedores de benefícios sociais, talvez estejamos construindo o maior (e mais rápido) programa de democratização do crédito do mundo.

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