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PALOCCI ADMITE QUE O BRASIL NÃO TERÁ CRESCIMENTO EM 2003

25.09.2003, 09h10
Folha de São Paulo – Julianna Sofia
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) afirmou ontem que o Brasil não crescerá neste ano por causa do combate à inflação promovido pelo governo. Segundo ele, no entanto, a política fiscal “dura” criou um ambiente favorável ao crescimento longo e duradouro mais à frente.
“Não crescemos, é verdade. Em ano de combate ao desajuste não se cresce. O que se vê na história do mundo é perda de PIB [Produto Interno Bruto] importante. Mas, o que se vê na frente é expectativa efetiva de crescimento. E eu estou muito otimista quanto a isso”, declarou o ministro, em entrevista em Brasília, após a viagem que fez a Dubai (Emirados Árabes Unidos) para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional.
No início do ano, os índices de inflação estavam em alta e apontavam para uma elevação de até 30% acumulada em 2003. O remédio do governo para conter o repique inflacionário foi promover um arrocho na economia, aumentando os juros (a taxa básica chegou a 26,5% ao ano), retirando dinheiro de circulação (aumentando o percentual do depósito compulsório dos bancos). Além disso, como parte do esforço fiscal, diminuiu os gastos públicos.
A medida deu resultado. O índice de inflação que baliza a meta do governo (o IPCA) deve ficar em cerca de 8,5% no acumulado do ano. O efeito, porém, foi uma paralisação geral da economia no primeiro semestre. Sem crédito, a produção industrial caiu, o PIB ficou negativo por dois trimestres consecutivos, o comércio vendeu menos e o desemprego atingiu níveis recordes.
Segundo o ministro, no primeiro semestre o governo promoveu um arrocho fiscal por conta própria. “Nós assumimos isso. Não nos escondemos atrás do FMI. As medidas duras eram necessárias para controlar a inflação”, declarou. O governo busca uma economia equivalente a 4,25% do PIB (total de riquezas produzidas pelo país) neste ano.
“Imagine se tivéssemos produzido uma bolha de crescimento com inflação? Hoje estaríamos discutindo o que fazer com uma inflação de 200%, eu tenho certeza, porque o Brasil já fez isso”, disse. “O que o Brasil tem de bom na área econômica é que tudo o que poderia ser feito de errado já foi feito”, brincou o ministro.
FMI
Palocci confirmou que o governo negocia com o Fundo um acordo de “blindagem”, que não durará mais do que um ano. “Interessa fazer um trânsito, que encerre o acordo com o Fundo. Isso é um objetivo nosso e do FMI.”
O ministro afirmou que a intenção é negociar um acordo preventivo em que o país teria acesso a uma linha de crédito “de precaução”. Isso significa que o FMI acompanharia o desempenho do país e colocaria os recursos financeiros à disposição, na medida em que as metas fosse cumpridas.
Caberia ao país sacar ou não os recursos. “O nosso objetivo é não sacar o dinheiro. Se não retirar [o dinheiro], não custa nada ao país”, adiantou Palocci. Por esse motivo, o acordo não aumentaria o endividamento do país e daria mais confiança aos investidores estrangeiros, diminuindo o custo da dívida pública -segundo ele.
Palocci afirmou ainda que “não interessa ao Brasil” fechar um programa com o FMI baseado exclusivamente em ajuste fiscal. “Esse não é o nosso cenário olhando para frente. Era o cenário do ano passado, quando se renovou o acordo”, declarou.
O ministro repetiu uma frase que vem sendo usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao afirmar que o país não “está com a corda no pescoço”.
O governo pretende incluir no acordo metas sociais e retirar o investimento das empresas estatais do cálculo de despesas públicas, o que mudaria a forma de contabilização do superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros da dívida).

Por 10:24 Sem categoria

PALOCCI ADMITE QUE O BRASIL NÃO TERÁ CRESCIMENTO EM 2003

25.09.2003, 09h10

Folha de São Paulo – Julianna Sofia

O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) afirmou ontem que o Brasil não crescerá neste ano por causa do combate à inflação promovido pelo governo. Segundo ele, no entanto, a política fiscal “dura” criou um ambiente favorável ao crescimento longo e duradouro mais à frente.

“Não crescemos, é verdade. Em ano de combate ao desajuste não se cresce. O que se vê na história do mundo é perda de PIB [Produto Interno Bruto] importante. Mas, o que se vê na frente é expectativa efetiva de crescimento. E eu estou muito otimista quanto a isso”, declarou o ministro, em entrevista em Brasília, após a viagem que fez a Dubai (Emirados Árabes Unidos) para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional.

No início do ano, os índices de inflação estavam em alta e apontavam para uma elevação de até 30% acumulada em 2003. O remédio do governo para conter o repique inflacionário foi promover um arrocho na economia, aumentando os juros (a taxa básica chegou a 26,5% ao ano), retirando dinheiro de circulação (aumentando o percentual do depósito compulsório dos bancos). Além disso, como parte do esforço fiscal, diminuiu os gastos públicos.

A medida deu resultado. O índice de inflação que baliza a meta do governo (o IPCA) deve ficar em cerca de 8,5% no acumulado do ano. O efeito, porém, foi uma paralisação geral da economia no primeiro semestre. Sem crédito, a produção industrial caiu, o PIB ficou negativo por dois trimestres consecutivos, o comércio vendeu menos e o desemprego atingiu níveis recordes.

Segundo o ministro, no primeiro semestre o governo promoveu um arrocho fiscal por conta própria. “Nós assumimos isso. Não nos escondemos atrás do FMI. As medidas duras eram necessárias para controlar a inflação”, declarou. O governo busca uma economia equivalente a 4,25% do PIB (total de riquezas produzidas pelo país) neste ano.

“Imagine se tivéssemos produzido uma bolha de crescimento com inflação? Hoje estaríamos discutindo o que fazer com uma inflação de 200%, eu tenho certeza, porque o Brasil já fez isso”, disse. “O que o Brasil tem de bom na área econômica é que tudo o que poderia ser feito de errado já foi feito”, brincou o ministro.

FMI
Palocci confirmou que o governo negocia com o Fundo um acordo de “blindagem”, que não durará mais do que um ano. “Interessa fazer um trânsito, que encerre o acordo com o Fundo. Isso é um objetivo nosso e do FMI.”

O ministro afirmou que a intenção é negociar um acordo preventivo em que o país teria acesso a uma linha de crédito “de precaução”. Isso significa que o FMI acompanharia o desempenho do país e colocaria os recursos financeiros à disposição, na medida em que as metas fosse cumpridas.

Caberia ao país sacar ou não os recursos. “O nosso objetivo é não sacar o dinheiro. Se não retirar [o dinheiro], não custa nada ao país”, adiantou Palocci. Por esse motivo, o acordo não aumentaria o endividamento do país e daria mais confiança aos investidores estrangeiros, diminuindo o custo da dívida pública -segundo ele.

Palocci afirmou ainda que “não interessa ao Brasil” fechar um programa com o FMI baseado exclusivamente em ajuste fiscal. “Esse não é o nosso cenário olhando para frente. Era o cenário do ano passado, quando se renovou o acordo”, declarou.

O ministro repetiu uma frase que vem sendo usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao afirmar que o país não “está com a corda no pescoço”.

O governo pretende incluir no acordo metas sociais e retirar o investimento das empresas estatais do cálculo de despesas públicas, o que mudaria a forma de contabilização do superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros da dívida).

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