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POPULAÇÃO NÃO-BRANCA CRESCE

Folha de S. Paulo
Nem branco, nem preto: no século 20, o grupo que mais cresceu foi o dos chamados pardos. A população não-branca cresceu, a branca diminuiu, mas a desigualdade racial persistia 112 anos após a Abolição da Escravatura (1888).
De 1940 a 2000, a população branca caiu de 63,47% para 53,74%. No mesmo período, os identificados pelo IBGE como pretos caíram de 14,64% para 6,21%, os pardos subiram de 21,21% para 38,46% e os amarelos caíram de 0,59% para 0,45%, segundo o IBGE. Em 2000 havia ainda 0,4% de indígenas, categoria criada em 1991 (até então o IBGE usava só quatro categorias: brancos, pretos, pardos e amarelos). A população não-branca, somada, subiu de 36,4% para 45,5%.
A melhora nos indicadores sociais não pôs fim ao abismo racial: em 1999, o analfabetismo entre pretos e pardos era o dobro do vigente entre brancos; o rendimento médio dos brancos era o dobro do recebido por pretos e pardos.
“Por muito tempo, a ausência de uma política para os negros usou como desculpa a idéia racista de que os negros seriam extintos. Era o pensamento da elite, de que haveria um branqueamento da população. Felizmente a teoria não se confirmou. O Brasil precisa de políticas de ação afirmativa”, diz o economista Marcelo Paixão, do Observatório Afro-Brasileiro.
No Censo de 1940, o primeiro do século 20 a pesquisar cor, a teoria do embranquecimento estava disseminada. Seus adeptos comemoravam o aumento da população branca em relação ao Censo de 1890, que apontara 44% de brancos. Alguns teóricos do embranquecimento afirmavam mesmo que, no século 21, o Brasil se tornaria um país com 80% de brancos, 0% de pretos, 17% de índios e 3% de mestiços. Em 1940, era o recenseador que definia a cor do entrevistado, enquadrando-o nas categorias do IBGE. A partir de 1950, o IBGE começou a usar a autodeclaração (a pessoa definia sua cor). Começaram a cair as proporções de brancos e pretos, subindo a de pardos.
A coordenadora do Combate ao Racismo e à Discriminação Racial da Unesco na América Latina, Edna Roland, afirma que a redução de brancos e pretos se deveu à miscigenação e à mudança nas formas de classificação racial.
Para Hédio Silva Júnior, pesquisador do Centro de Estudos do Trabalho e Relações Raciais, a redução dos que se diziam pretos se deveu também ao fato de que, num ambiente em que as palavras “preto” e “negro” têm conotação negativa, as pessoas não queriam se identificar como tal. Segundo Silva Júnior, um dos desafios do movimento negro é canalizar a consciência negra para a mobilização política, com a defesa de políticas de ação afirmativa como formas de reduzir a desigualdade.

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POPULAÇÃO NÃO-BRANCA CRESCE

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Nem branco, nem preto: no século 20, o grupo que mais cresceu foi o dos chamados pardos. A população não-branca cresceu, a branca diminuiu, mas a desigualdade racial persistia 112 anos após a Abolição da Escravatura (1888).
De 1940 a 2000, a população branca caiu de 63,47% para 53,74%. No mesmo período, os identificados pelo IBGE como pretos caíram de 14,64% para 6,21%, os pardos subiram de 21,21% para 38,46% e os amarelos caíram de 0,59% para 0,45%, segundo o IBGE. Em 2000 havia ainda 0,4% de indígenas, categoria criada em 1991 (até então o IBGE usava só quatro categorias: brancos, pretos, pardos e amarelos). A população não-branca, somada, subiu de 36,4% para 45,5%.
A melhora nos indicadores sociais não pôs fim ao abismo racial: em 1999, o analfabetismo entre pretos e pardos era o dobro do vigente entre brancos; o rendimento médio dos brancos era o dobro do recebido por pretos e pardos.
“Por muito tempo, a ausência de uma política para os negros usou como desculpa a idéia racista de que os negros seriam extintos. Era o pensamento da elite, de que haveria um branqueamento da população. Felizmente a teoria não se confirmou. O Brasil precisa de políticas de ação afirmativa”, diz o economista Marcelo Paixão, do Observatório Afro-Brasileiro.
No Censo de 1940, o primeiro do século 20 a pesquisar cor, a teoria do embranquecimento estava disseminada. Seus adeptos comemoravam o aumento da população branca em relação ao Censo de 1890, que apontara 44% de brancos. Alguns teóricos do embranquecimento afirmavam mesmo que, no século 21, o Brasil se tornaria um país com 80% de brancos, 0% de pretos, 17% de índios e 3% de mestiços. Em 1940, era o recenseador que definia a cor do entrevistado, enquadrando-o nas categorias do IBGE. A partir de 1950, o IBGE começou a usar a autodeclaração (a pessoa definia sua cor). Começaram a cair as proporções de brancos e pretos, subindo a de pardos.
A coordenadora do Combate ao Racismo e à Discriminação Racial da Unesco na América Latina, Edna Roland, afirma que a redução de brancos e pretos se deveu à miscigenação e à mudança nas formas de classificação racial.
Para Hédio Silva Júnior, pesquisador do Centro de Estudos do Trabalho e Relações Raciais, a redução dos que se diziam pretos se deveu também ao fato de que, num ambiente em que as palavras “preto” e “negro” têm conotação negativa, as pessoas não queriam se identificar como tal. Segundo Silva Júnior, um dos desafios do movimento negro é canalizar a consciência negra para a mobilização política, com a defesa de políticas de ação afirmativa como formas de reduzir a desigualdade.

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