O presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisaria de R$ 14 trilhões para conseguir gerar os 10 milhões de empregos que prometeu.
O valor, que equivale a mais de dez vezes o PIB brasileiro, foi apresentado durante debate sobre o lançamento da campanha nacional pela redução na jornada de trabalho pelo economista Cássio Calvete, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).
“Nossa sugestão é que o presidente pegue apenas parte desses R$ 14 trilhões e invista na redução da jornada de trabalho”, sugeriu o economista.
Calvete e a socióloga Ana Cláudia Cardoso, também do Dieese, apresentaram uma série de dados relativos a estudos desenvolvidos em parceria com a CUT para endossar a tese de que a redução da jornada de trabalho é o melhor caminho para gerar empregos e distribuir renda no País. “Achamos que o momento é muito propício a essa discussão porque temos um governo que, em tese, é favorável à medida; a taxa de desemprego é muito alta e no ano que vem teremos a reforma trabalhista”, disse Calvete.
Previsões
De acordo com Calvete, a redução da jornada de trabalho no Brasil teria condições de gerar perto de 2 milhões de empregos, potencialmente. “É claro que isso não acontece porque há outras formas de as empresas compensarem a redução, como o aumento das horas extras, mas adotando medidas restritivas a essas alternativas podemos chegar bem perto disso”, explicou o economista. “É claro, a redução da jornada não é panacéia. Mas a medida é, comprovadamente, geradora de empregos”, disse Calvete.
Na França, onde recentemente houve uma redução de 10% na jornada de trabalho, dois diferentes estudos mostraram que foram gerados entre 400 mil e 500 mil empregos, um aumento entre 1,7% e 2,1% da mão-de-obra ocupada. Outro estudo, feito no Brasil por conta da redução de 8,33% da jornada ocorrida com a Constituição de 1988, mostrou que houve aumento de 1% nos empregos.
Fonte: Agência Repórter Social