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Por 22:37 Notícias

Os novos super-heróis da burguesia

Por Emir Sader
Quem a Associação Comercial de São Paulo convida para falar aos grandes empresários do comércio? A um economista, para falar dos saldos da balança comercial, que mal escondem nossa reconversão para uma economia primário exportadora? Nada disso. Optou mesmo por Roberto Jefferson.
“A burguesia não tem heróis”
Bertold Brecht
Pobre Brecht! Não sobreviveu para conhecer os super-heróis da burguesia brasileira.
A quem a Associação Comercial de São Paulo convida para falar aos grandes empresários do comércio? A um economista, para falar dos saldos da balança comercial, que mal escondem nossa reconversão para uma economia primário exportadora? Ou sobre a estreiteza do mercado interno de consumo? Ou então sobre a taxa de juros, que inibe o consumo e o investimento?
Foram convidados Luis Gonzaga Belluzzo? Ou João Sayad? Ou Maria da Conceição Tavares?
Nada disso. Roberto Jefferson. Exatamente. O escroque Roberto Jefferson, com quem essa burguesia se havia relacionado tão estreitamente no governo Collor, que eles haviam eleito e promovido a seu mais novo super-herói – junto com a quase totalidade da mídia.
Falando muito à vontade, sentindo-se em casa. Com razão! Afinal ele estava na Avenida Paulista, notabilizada por abrigar a 101 agências bancárias! Por ser o coração do Estado governado pelo novo candidatinho da burguesia neoliberal – o picolé de chuchu, como o chama muito propriamente o Zé Simão, pela consistência e o saber forte que o caracterizam, um nada de nada, mas com privatizações daquele tamanho.
Este é o novo herói na galeria dos super-heróis da burguesia brasileira, que vem se somar a Severino Cavalcanti e ao candidato dos ilustrados jardins paulistanos, o weberiano FHC. E a Fernando Collor, aposta de toda a burguesia brasileira, incluídos os tucanos, de Tasso Jereissati a FHC, da Rede Globo aos dos “liberais” brasileiros.
E aos ditadores militares, todos eles consagrados nas ruas das nossas cidades e nas linhas da imprensa “liberal” brasileira como “presidentes” – de Castelo Branco a João Figueiredo, de Costa e Silva a Garrastazu Médici, passando por Ernesto Geisel – e não “ditadores” – epíteto reservado para Fidel – e nunca para Musharaf ou para os xeiques árabes – como diria Foster Dulles, “ditadores, mas os nossos ditadores e, portanto, presidentes”.
Bela burguesia liberal, que conviveu alegremente com a escravidão, a monarquia, a primeira “república”, a ditadura militar, o governo Collor, as mamatas da privatização do governo FHC, e agora goza e se representa em Roberto Jefferson.
Das suas mãos poderemos esperar o melhor para o Brazil, com ministros de relações exteriores que tiram subservientemente os sapatos nos aeroportos dos EUA, com presidentes que conchavam contra a América Latina em Washington, com ex-ministros da Educação que vivem de assessorias a entidades privadas de educação que sua gestão promoveu. E sempre escribas na imprensa, dispostos à bajulação dos poderosos de plantão
Aleluia! A burguesia tem super-heróis! Pobre país que precisa de uma burguesia assim!
Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História”.
ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.agenciacartamaior.com.br.

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Os novos super-heróis da burguesia

Por Emir Sader

Quem a Associação Comercial de São Paulo convida para falar aos grandes empresários do comércio? A um economista, para falar dos saldos da balança comercial, que mal escondem nossa reconversão para uma economia primário exportadora? Nada disso. Optou mesmo por Roberto Jefferson.

“A burguesia não tem heróis”
Bertold Brecht
Pobre Brecht! Não sobreviveu para conhecer os super-heróis da burguesia brasileira.

A quem a Associação Comercial de São Paulo convida para falar aos grandes empresários do comércio? A um economista, para falar dos saldos da balança comercial, que mal escondem nossa reconversão para uma economia primário exportadora? Ou sobre a estreiteza do mercado interno de consumo? Ou então sobre a taxa de juros, que inibe o consumo e o investimento?

Foram convidados Luis Gonzaga Belluzzo? Ou João Sayad? Ou Maria da Conceição Tavares?

Nada disso. Roberto Jefferson. Exatamente. O escroque Roberto Jefferson, com quem essa burguesia se havia relacionado tão estreitamente no governo Collor, que eles haviam eleito e promovido a seu mais novo super-herói – junto com a quase totalidade da mídia.

Falando muito à vontade, sentindo-se em casa. Com razão! Afinal ele estava na Avenida Paulista, notabilizada por abrigar a 101 agências bancárias! Por ser o coração do Estado governado pelo novo candidatinho da burguesia neoliberal – o picolé de chuchu, como o chama muito propriamente o Zé Simão, pela consistência e o saber forte que o caracterizam, um nada de nada, mas com privatizações daquele tamanho.

Este é o novo herói na galeria dos super-heróis da burguesia brasileira, que vem se somar a Severino Cavalcanti e ao candidato dos ilustrados jardins paulistanos, o weberiano FHC. E a Fernando Collor, aposta de toda a burguesia brasileira, incluídos os tucanos, de Tasso Jereissati a FHC, da Rede Globo aos dos “liberais” brasileiros.

E aos ditadores militares, todos eles consagrados nas ruas das nossas cidades e nas linhas da imprensa “liberal” brasileira como “presidentes” – de Castelo Branco a João Figueiredo, de Costa e Silva a Garrastazu Médici, passando por Ernesto Geisel – e não “ditadores” – epíteto reservado para Fidel – e nunca para Musharaf ou para os xeiques árabes – como diria Foster Dulles, “ditadores, mas os nossos ditadores e, portanto, presidentes”.

Bela burguesia liberal, que conviveu alegremente com a escravidão, a monarquia, a primeira “república”, a ditadura militar, o governo Collor, as mamatas da privatização do governo FHC, e agora goza e se representa em Roberto Jefferson.

Das suas mãos poderemos esperar o melhor para o Brazil, com ministros de relações exteriores que tiram subservientemente os sapatos nos aeroportos dos EUA, com presidentes que conchavam contra a América Latina em Washington, com ex-ministros da Educação que vivem de assessorias a entidades privadas de educação que sua gestão promoveu. E sempre escribas na imprensa, dispostos à bajulação dos poderosos de plantão

Aleluia! A burguesia tem super-heróis! Pobre país que precisa de uma burguesia assim!

Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História”.

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