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País gasta R$ 148 bi após um ano de juros altos

Há um ano, o Banco Central deu início à mais longa série de aumentos dos juros já registrada no país desde 1999, quando foi implantado o sistema de metas de inflação. Foram nove altas seguidas na taxa Selic, que pulou de 16% ao ano para os atuais 19,75%.

Os críticos logo alertaram para o efeito negativo que o aperto monetário teria sobre o crescimento econômico -e, conseqüentemente, sobre a renda e o emprego da população. O Banco Central, por sua vez, se defendia dizendo justamente que a economia não podia crescer muito, sob o risco de gerar inflação.

O impacto mais óbvio da alta da taxa Selic foi sentido nas contas públicas. Nos 12 meses compreendidos entre agosto de 2004 e julho de 2005 -período afetado pelo aperto do BC-, os gastos de União, Estados, municípios e estatais com juros somaram R$ 148,3 bilhões. O valor é R$ 20,2 bilhões maior do que o apurado nos 12 meses anteriores.

O aumento nas despesas com juros é reflexo da composição da dívida pública: pelos dados de julho de 2005, 52,9% do endividamento do governo era corrigido pela Selic, 10,3% pelo câmbio, 10,3% pelo IGP (Índice Geral de Preços) e 21,1% por taxas prefixadas. De todos esses fatores, o único que apresentou alta significativa de 2004 para cá foi, justamente, a taxa Selic.

Combinação recessiva
Diante desse quadro, o governo opta por cortar gastos em outras áreas para poder ter dinheiro suficiente para cobrir pelo menos uma parte dos encargos da dívida. Só entre janeiro e julho deste ano, o superávit primário do setor público (receitas menos despesas, exceto gastos com juros) ficou em R$ 68,745 bilhões, 30% a mais do que em igual período de 2004.

Forma-se, assim, uma combinação de fatores recessivos: além de desestimular os investimentos privados, os juros altos também levam, indiretamente, à redução nos investimentos públicos. Tudo isso para que, num cenário de desaceleração da economia, as empresas tenham menos espaço para reajustar seus preços.

Os argumentos de quem critica o BC foram questionados na semana passada, quando foram divulgados os dados sobre o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto) entre abril e junho deste ano. Segundo o IBGE, o país cresceu 1,4% entre o primeiro e o segundo trimestres, desempenho que foi visto como bastante positivo pela maioria dos analistas.

“A economia brasileira é sempre surpreendente. Sempre que a política econômica dá alguma brecha, algum dinamismo inesperado acaba aparecendo”, diz o economista Fernando Cardim, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Para ele, o crescimento ocorrido no segundo trimestre não é um sinal de que a economia está bem e que a política do governo está dando resultados.

Na verdade, diz Cardim, a expansão ficou bem abaixo do que permitiria o bom desempenho da economia mundial.

“O Brasil cresce na taxa-piso das economias latino-americanas, tirando muito menos proveito da situação internacional excepcionalmente boa que já dura quase quatro anos.”

Abaixo da média
Enquanto as projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) apontam para uma expansão de 3,7% para a economia brasileira neste ano, o crescimento médio dos países emergentes é estimado em 6,3%.

Já o economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado, diz que a atuação do BC não prejudicou o andamento da economia, cujo elevado ritmo de crescimento poderia, efetivamente, pressionar a inflação.

“O Banco Central foi capaz de reduzir o risco inflacionário, e o seu sucesso foi considerado um erro. Ele [o BC] evitou o risco inflacionário, permitiu a estabilidade inflacionária e, com isso, garantiu a continuidade de perspectivas de crescimento muito favoráveis para a economia.”

No final de 2004, a expectativa do mercado era a de que a inflação deste ano ultrapassasse os 6%. As últimas estimativas apontam para alta de aproximadamente 5,2%, muito próxima dos 5,1% da meta fixada pelo Banco Central.

Fonte: www.fenae.org.br

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País gasta R$ 148 bi após um ano de juros altos

Há um ano, o Banco Central deu início à mais longa série de aumentos dos juros já registrada no país desde 1999, quando foi implantado o sistema de metas de inflação. Foram nove altas seguidas na taxa Selic, que pulou de 16% ao ano para os atuais 19,75%.
Os críticos logo alertaram para o efeito negativo que o aperto monetário teria sobre o crescimento econômico -e, conseqüentemente, sobre a renda e o emprego da população. O Banco Central, por sua vez, se defendia dizendo justamente que a economia não podia crescer muito, sob o risco de gerar inflação.
O impacto mais óbvio da alta da taxa Selic foi sentido nas contas públicas. Nos 12 meses compreendidos entre agosto de 2004 e julho de 2005 -período afetado pelo aperto do BC-, os gastos de União, Estados, municípios e estatais com juros somaram R$ 148,3 bilhões. O valor é R$ 20,2 bilhões maior do que o apurado nos 12 meses anteriores.
O aumento nas despesas com juros é reflexo da composição da dívida pública: pelos dados de julho de 2005, 52,9% do endividamento do governo era corrigido pela Selic, 10,3% pelo câmbio, 10,3% pelo IGP (Índice Geral de Preços) e 21,1% por taxas prefixadas. De todos esses fatores, o único que apresentou alta significativa de 2004 para cá foi, justamente, a taxa Selic.
Combinação recessiva
Diante desse quadro, o governo opta por cortar gastos em outras áreas para poder ter dinheiro suficiente para cobrir pelo menos uma parte dos encargos da dívida. Só entre janeiro e julho deste ano, o superávit primário do setor público (receitas menos despesas, exceto gastos com juros) ficou em R$ 68,745 bilhões, 30% a mais do que em igual período de 2004.
Forma-se, assim, uma combinação de fatores recessivos: além de desestimular os investimentos privados, os juros altos também levam, indiretamente, à redução nos investimentos públicos. Tudo isso para que, num cenário de desaceleração da economia, as empresas tenham menos espaço para reajustar seus preços.
Os argumentos de quem critica o BC foram questionados na semana passada, quando foram divulgados os dados sobre o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto) entre abril e junho deste ano. Segundo o IBGE, o país cresceu 1,4% entre o primeiro e o segundo trimestres, desempenho que foi visto como bastante positivo pela maioria dos analistas.
“A economia brasileira é sempre surpreendente. Sempre que a política econômica dá alguma brecha, algum dinamismo inesperado acaba aparecendo”, diz o economista Fernando Cardim, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Para ele, o crescimento ocorrido no segundo trimestre não é um sinal de que a economia está bem e que a política do governo está dando resultados.
Na verdade, diz Cardim, a expansão ficou bem abaixo do que permitiria o bom desempenho da economia mundial.
“O Brasil cresce na taxa-piso das economias latino-americanas, tirando muito menos proveito da situação internacional excepcionalmente boa que já dura quase quatro anos.”
Abaixo da média
Enquanto as projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) apontam para uma expansão de 3,7% para a economia brasileira neste ano, o crescimento médio dos países emergentes é estimado em 6,3%.
Já o economista-chefe do ABN Amro Asset Management, Hugo Penteado, diz que a atuação do BC não prejudicou o andamento da economia, cujo elevado ritmo de crescimento poderia, efetivamente, pressionar a inflação.
“O Banco Central foi capaz de reduzir o risco inflacionário, e o seu sucesso foi considerado um erro. Ele [o BC] evitou o risco inflacionário, permitiu a estabilidade inflacionária e, com isso, garantiu a continuidade de perspectivas de crescimento muito favoráveis para a economia.”
No final de 2004, a expectativa do mercado era a de que a inflação deste ano ultrapassasse os 6%. As últimas estimativas apontam para alta de aproximadamente 5,2%, muito próxima dos 5,1% da meta fixada pelo Banco Central.
Fonte: www.fenae.org.br

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