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Que venha 2006!

(São Paulo) Em 2005 os mecanismos de financiamento irregular de campanha foram escancarados para o cidadão comum. Por vários meios – embora nem sempre de forma clara, fiel e objetiva – as informações chegaram às pessoas e colocaram o governo numa das piores crises políticas dos últimos tempos.
Na economia, os brasileiros foram bombardeados por notícias contraditórias e tão rápidas que nem sempre foram possíveis digerir. Como no final do mês passado, quando a imprensa divulgou que a pobreza e a desigualdade diminuíram no país e a renda do trabalhador parou de cair. No mesmo período, anunciava-se a queda no PIB (Produto Interno Bruto) e atacavam-se os altos juros mantidos pelo Banco Central, que geraram essa situação. Como entender o Brasil de 2005 com tanta coisa acontecendo? E como traçar perspectivas para 2006 quando é difícil explicar o ano que está terminando?
Fim de ano é tempo de reflexão, hora de fazer balanço. Como resume Carlos Drummond de Andrade: “Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente”.
É a economia – A melhor notícia do ano que a economia poderia dar ao brasileiro foi, sem dúvida, a ainda pequena melhora na distribuição de renda, diminuindo o fosso que separa os ricos e pobres. Levantamento Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad, e um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelaram ainda que a renda do trabalhador parou de cair pela primeira vez e o número de miseráveis atingiu seu menor patamar desde 1992.
Ouvido pela CNB/CUT, o organizador da pesquisa da FGV e chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação, Marcelo Neri, foi taxativo: “é o começo real da distribuição de renda no país, a inércia da concentração finalmente acabou”.
Segundo o levantamento da PNAD, após dez anos de quedas consecutivas, a renda parou de cair e ficou estável em R$ 733 ao mês. Com base nesta pesquisa, Neri fez seu próprio estudo e constatou que a miséria atingiu o patamar mais baixo desde 1992, início da série histórica do levantamento. A proporção de pessoas abaixo da linha de miséria passou de 27,26% em 2003 para 25,08% em 2004. Em 1992, a proporção de miseráveis era de 35,87%. Isto quer dizer que em 2004 a miséria caiu 8%, motivada principalmente pela redução da desigualdade social. A renda domiciliar per capita cresceu 2,85% e rebaixou em 2,05% o índice de Gini, que é uma fórmula internacional usada para comparar a desigualdade da renda.
Embora Marcelo Neri não goste de falar que a redução da pobreza seja uma tendência, o fato tem ocorrido desde 2001. Mas foi de 2003 para 2004 que duplicou seu ritmo de queda. Para ele, o que pode estar por trás desse movimento são fatores como a recuperação do mercado de trabalho, com maior oferta de empregos formais, a maior escolarização do brasileiro e o ajuste de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. “Cresceu a participação do Estado na economia. Ele está transferindo mais renda para as pessoas e talvez esteja começando a fazer isso de forma melhor. O bom é que na prática essa redução da miséria gera um efeito multiplicador do crescimento na pobreza”, afirmou.
Conforme explicou Neri, se a sociedade brasileira tivesse crescido de maneira igual no ano passado, a renda de todo mundo teria subido 2,85%, que foi o crescimento médio. “Mas como houve uma redução na desigualdade, a renda dos 50% mais pobres cresceu 7,52%, enquanto que a dos 10% mais ricos subiu 0,42%. E os 40% que estão na faixa intermediária tiveram sua renda aumentada em 3,9%. Então se vê claramente que as camadas mais baixas tiveram um crescimento maior”, detalhou.
E o que esperar para o ano que vem? Neri antecipa que a redução da pobreza deve se repetir. “E a queda que vai acontecer nos números de 2005 (que serão divulgados em 2006) talvez seja mais forte. Vai ter a expansão do Bolsa Família, que é outro componente importante de distribuição de renda, e vai ter o impacto do reajuste do salário mínimo deste ano, que melhora muito as condições dos mais pobres. E o reajuste do mínimo em 2004 não teve a magnitude do aumento deste ano”, explicou.
Para o presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, os dados da PNAD e da FGV mostram que o Brasil evoluiu muito nos três anos de governo Lula. “Esta melhor distribuição de renda foi um avanço importante, era justamente o que esperávamos de um governo democrático e popular. E é importante porque inverte uma tendência de 500 anos, desde quando Cabral pisou por aqui”, afirmou.
Vagner cita que só em 2005 o governo Lula criou 1,5 milhão de empregos formais, segundo dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego, Caged. A média mensal dos três anos supera em mais de 11 vezes a média do governo tucano. “Isso é inclusão social. E temos programas como o Bolsa Família e o Luz no Campo, que favorecem justamente os mais pobres. Por isso digo que os acertos estão suplantando em muito os eventuais erros deste governo”, comentou.
Um erro importante que Vagner Freitas faz questão de ressaltar é a condução da política econômica. A prova do equívoco foi dada no final de novembro quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira encolheu 1,2% no terceiro trimestre de 2005, na comparação com o trimestre anterior. Indústria e agropecuária recuaram 3,4% e 1,2%, respectivamente, enquanto o setor de serviços permaneceu estável.
Se comparado com outros países emergentes, o Brasil terá crescimento de menos de 3% em 2005. Enquanto isto, Chile, Argentina, Turquia, China, Rússia e Índia crescerão entre 5 e 9%, gerando emprego e riqueza para parcelas cada vez maiores da população. “Desde o início do governo batemos que a ortodoxia da política econômica, que vai de encontro aos anseios da população que espera ganhos reais no salário mínimo, reajustes salariais acima da inflação e correção na tabela de Imposto de Renda, por exemplo. Esperamos que para 2006 o governo Lula corrija os erros dessa política para poder investir mais no Brasil”, disse Vagner.
O sindicalista critica, principalmente, a lentidão na queda das taxas de juros. Segundo dados do IBGE, União, Estados e Municípios gastam R$ 133 bilhões para pagar os juros da dívida pública nos primeiros dez meses de 2005. Dinheiro suficiente para custear a aposentadoria de 23,5 milhões de cidadãos brasileiros durante quase todo o ano. “Enquanto a carga tributária brasileira consome quase 37% de tudo o que se produz, o Brasil economiza quase 6% de seu orçamento para pagar a dívida estratosférica. Enquanto os juros elevados e superávit primário acima da meta persistir, vai faltar dinheiro para o Brasil crescer de verdade com distribuição de renda”, afirmou.
A era do escândalo – Num ano em que o brasileiro se confessou para o Ibope mais informado do que nunca a respeito da política nacional, “em nenhum momento o homem se sentiu menos capaz de entender o mundo em que está vivendo”, para parafrasear o sociólogo Emir Sader. Na era do escândalo, a imprensa mais confundiu do que explicou o tamanho da crise política que alimenta por mais de sete meses.
Tudo começou em maio, quando Mauricio Marinho, funcionário dos Correios, foi filmado embolsando um pacote de dinheiro. O objetivo era facilitar uma licitação para compra de equipamentos de informática. Na gravação, Marinho diz que está ali em nome de um partido, o PTB, e sob ordens de um político, o deputado Roberto Jefferson, presidente da sigla.
“Assim que veio a público o vídeo da corrupção nos Correios, o governo tomou as providências necessárias: abriu uma sindicância interna na estatal, instalou um inquérito policial, afastou o diretor da área envolvida e suspendeu uma milionária licitação sob suspeita”, anunciou – quem diria – a revista Veja, na edição de 25 de maio.
Então aliado do governo federal, Roberto Jefferson em pouco tempo se vê envolvido também em denúncias de corrupção no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). A mídia não perdoa e por um mês o petebista se vê nas manchetes de todos os jornais e revistas como o maior corrupto do país. No fundo do posso, Jefferson decidiu por em prática a máxima de que a melhor defesa é o ataque. No dia 6 de junho, abriu sua metralhadora giratória e “denunciou” à Folha de S.Paulo o tal “mensalão”. Segundo ele, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagaria mesadas de R$ 30 mil a deputados de PP e PL em troca de apoio ao governo na Congresso.
Mesmo sem apresentar nenhuma prova, a palavra de Jefferson bastou para que a imprensa iniciasse uma pesada campanha contra o governo federal no que chama de maior esquema de corrupção da história do país. Passados sete meses desde a denúncia de Jefferson, a história da mesada para comprar o voto dos deputados não se sustentou. Com três CPIs funcionando ao mesmo tempo, a única confirmação até agora foi de que o PT usou caixa 2 na campanha presidencial, com ajuda do publicitário Marcos Valério, o mesmo que auxiliou o PSDB no mesmo esquema em Minas Gerais.
Mas por que a imprensa não explica que o mensalão não existiu e não esclarece quais foram os erros do governo e o que não passou de fantasia do ex-deputado Roberto Jefferson e da oposição? Segundo o professor Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), o que estamos assistindo é um golpe branco da mídia. “O objetivo é paralisar o governo Lula. A imprensa tem um lado, ela é partidária. E o lado dela é mais centro-conservador. E acontece que um governo de centro-esquerda está sendo bem-sucedido. É tão simples assim”, disse ele à CNB/CUT no auge da crise, em julho.
O presidente da CNB, Vagner Freitas, comenta que houve “desmandos” no governo federal e a Confederação dos Bancários, desde o início da crise, vem pedindo a punição dos culpados. “Só que a corrupção não teve nem de perto o tamanho que a mídia vem desenhando. A imprensa já julgou e condenou uma série de políticos sem prova. As punições devem ser feitas de acordo com a lei, não ao bel prazer da mídia”, finalizou.
Bancários fazem história em 2005
Se entender a política e a economia em 2005 não é tarefa fácil, analisar o ano que está terminando do ponto de vista dos bancários não é nada complicado. Isso porque a categoria fez história este ano, ampliou suas conquistas e deu mais um passo na busca do Contrato Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.
“Daqui a 20, 30 anos, quando os bancários olharem para trás vão ver que o ano de 2005 foi histórico. Não só pelo fato do Banco do Brasil ter assinado pela primeira vez a Convenção Coletiva, mas porque isto significa que estamos mais próximos da unificação da categoria”, explica Carlos Cordeiro, secretário geral da CNB/CUT.
Outro ponto que considera histórico nesta Campanha foi o abono conquistado pelos bancários. Até agora, os banqueiros ofereciam valores para compensar reajustes abaixo da inflação. “Invertemos essa lógica, conseguimos aumento real e abono, isso demonstra o acerto na Campanha conjunta entre funcionários do setor público e privado”, afirma.
De fato, desde que foi iniciada a estratégia de campanha unificada e mudada a direção dos bancos públicos, os funcionários desses bancos conquistaram os mesmos reajustes dos colegas do sistema financeiro privado. Ao contrário de toda a década de 90, quando amargaram um forte arrocho salarial. Já os bancários do setor privado ganharam um reforço de peso. Com toda a categoria unida, o poder de pressão dos trabalhadores praticamente dobrou e a Fenaban se viu obrigada a conceder reajustes melhores e mais benefícios.
“Todos ganharam. E ao olhar para trás vemos que essa unificação é uma estratégia que acompanha os bancários desde a década de 1930. Em 1964, com o golpe militar, tivemos um grande retrocesso na briga pela construção de uma estrutura nacional. Conseguimos retomar esta estratégia só no início dos anos 80 com o novo sindicalismo. Mas em menos de dez anos o neoliberalismo chegou ao Brasil para tirar direitos dos trabalhadores. Conclusão: passamos toda a década de 90 na resistência e conseguimos poucos avanços”, comenta.
Para Cordeiro, os bancários estão vivendo um verdadeiro período revolucionário desde a eleição de Lula. “Sempre tivemos em mente que a eleição de um governo popular e democrático não acabaria com a luta de classes. Apenas nos daria a oportunidade de fazer um enfrentamento maior com os patrões e, assim, avançar no processo de unificação da categoria e conquistarmos aumentos melhores que são, na verdade, distribuição de renda”, avalia.
O próximo passo para a Campanha de 2006 é garantir que a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste assinem também a Convenção Coletiva. “O BB abriu a porteira, agora esperamos que os outros bancos sigam a mesma trilha. Porque não podemos perder de vista o Contrato Nacional para podermos assegurar direitos para todos que trabalham no sistema financeiro, inclusive financiários e terceirizados”.
Fonte: Fábio Jammal Makhoul – CNB-CUT.

Por 00:20 Sem categoria

Que venha 2006!

(São Paulo) Em 2005 os mecanismos de financiamento irregular de campanha foram escancarados para o cidadão comum. Por vários meios – embora nem sempre de forma clara, fiel e objetiva – as informações chegaram às pessoas e colocaram o governo numa das piores crises políticas dos últimos tempos.

Na economia, os brasileiros foram bombardeados por notícias contraditórias e tão rápidas que nem sempre foram possíveis digerir. Como no final do mês passado, quando a imprensa divulgou que a pobreza e a desigualdade diminuíram no país e a renda do trabalhador parou de cair. No mesmo período, anunciava-se a queda no PIB (Produto Interno Bruto) e atacavam-se os altos juros mantidos pelo Banco Central, que geraram essa situação. Como entender o Brasil de 2005 com tanta coisa acontecendo? E como traçar perspectivas para 2006 quando é difícil explicar o ano que está terminando?

Fim de ano é tempo de reflexão, hora de fazer balanço. Como resume Carlos Drummond de Andrade: “Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente”.

É a economia – A melhor notícia do ano que a economia poderia dar ao brasileiro foi, sem dúvida, a ainda pequena melhora na distribuição de renda, diminuindo o fosso que separa os ricos e pobres. Levantamento Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad, e um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelaram ainda que a renda do trabalhador parou de cair pela primeira vez e o número de miseráveis atingiu seu menor patamar desde 1992.

Ouvido pela CNB/CUT, o organizador da pesquisa da FGV e chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação, Marcelo Neri, foi taxativo: “é o começo real da distribuição de renda no país, a inércia da concentração finalmente acabou”.

Segundo o levantamento da PNAD, após dez anos de quedas consecutivas, a renda parou de cair e ficou estável em R$ 733 ao mês. Com base nesta pesquisa, Neri fez seu próprio estudo e constatou que a miséria atingiu o patamar mais baixo desde 1992, início da série histórica do levantamento. A proporção de pessoas abaixo da linha de miséria passou de 27,26% em 2003 para 25,08% em 2004. Em 1992, a proporção de miseráveis era de 35,87%. Isto quer dizer que em 2004 a miséria caiu 8%, motivada principalmente pela redução da desigualdade social. A renda domiciliar per capita cresceu 2,85% e rebaixou em 2,05% o índice de Gini, que é uma fórmula internacional usada para comparar a desigualdade da renda.

Embora Marcelo Neri não goste de falar que a redução da pobreza seja uma tendência, o fato tem ocorrido desde 2001. Mas foi de 2003 para 2004 que duplicou seu ritmo de queda. Para ele, o que pode estar por trás desse movimento são fatores como a recuperação do mercado de trabalho, com maior oferta de empregos formais, a maior escolarização do brasileiro e o ajuste de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. “Cresceu a participação do Estado na economia. Ele está transferindo mais renda para as pessoas e talvez esteja começando a fazer isso de forma melhor. O bom é que na prática essa redução da miséria gera um efeito multiplicador do crescimento na pobreza”, afirmou.

Conforme explicou Neri, se a sociedade brasileira tivesse crescido de maneira igual no ano passado, a renda de todo mundo teria subido 2,85%, que foi o crescimento médio. “Mas como houve uma redução na desigualdade, a renda dos 50% mais pobres cresceu 7,52%, enquanto que a dos 10% mais ricos subiu 0,42%. E os 40% que estão na faixa intermediária tiveram sua renda aumentada em 3,9%. Então se vê claramente que as camadas mais baixas tiveram um crescimento maior”, detalhou.

E o que esperar para o ano que vem? Neri antecipa que a redução da pobreza deve se repetir. “E a queda que vai acontecer nos números de 2005 (que serão divulgados em 2006) talvez seja mais forte. Vai ter a expansão do Bolsa Família, que é outro componente importante de distribuição de renda, e vai ter o impacto do reajuste do salário mínimo deste ano, que melhora muito as condições dos mais pobres. E o reajuste do mínimo em 2004 não teve a magnitude do aumento deste ano”, explicou.

Para o presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, os dados da PNAD e da FGV mostram que o Brasil evoluiu muito nos três anos de governo Lula. “Esta melhor distribuição de renda foi um avanço importante, era justamente o que esperávamos de um governo democrático e popular. E é importante porque inverte uma tendência de 500 anos, desde quando Cabral pisou por aqui”, afirmou.

Vagner cita que só em 2005 o governo Lula criou 1,5 milhão de empregos formais, segundo dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego, Caged. A média mensal dos três anos supera em mais de 11 vezes a média do governo tucano. “Isso é inclusão social. E temos programas como o Bolsa Família e o Luz no Campo, que favorecem justamente os mais pobres. Por isso digo que os acertos estão suplantando em muito os eventuais erros deste governo”, comentou.

Um erro importante que Vagner Freitas faz questão de ressaltar é a condução da política econômica. A prova do equívoco foi dada no final de novembro quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira encolheu 1,2% no terceiro trimestre de 2005, na comparação com o trimestre anterior. Indústria e agropecuária recuaram 3,4% e 1,2%, respectivamente, enquanto o setor de serviços permaneceu estável.

Se comparado com outros países emergentes, o Brasil terá crescimento de menos de 3% em 2005. Enquanto isto, Chile, Argentina, Turquia, China, Rússia e Índia crescerão entre 5 e 9%, gerando emprego e riqueza para parcelas cada vez maiores da população. “Desde o início do governo batemos que a ortodoxia da política econômica, que vai de encontro aos anseios da população que espera ganhos reais no salário mínimo, reajustes salariais acima da inflação e correção na tabela de Imposto de Renda, por exemplo. Esperamos que para 2006 o governo Lula corrija os erros dessa política para poder investir mais no Brasil”, disse Vagner.

O sindicalista critica, principalmente, a lentidão na queda das taxas de juros. Segundo dados do IBGE, União, Estados e Municípios gastam R$ 133 bilhões para pagar os juros da dívida pública nos primeiros dez meses de 2005. Dinheiro suficiente para custear a aposentadoria de 23,5 milhões de cidadãos brasileiros durante quase todo o ano. “Enquanto a carga tributária brasileira consome quase 37% de tudo o que se produz, o Brasil economiza quase 6% de seu orçamento para pagar a dívida estratosférica. Enquanto os juros elevados e superávit primário acima da meta persistir, vai faltar dinheiro para o Brasil crescer de verdade com distribuição de renda”, afirmou.

A era do escândalo – Num ano em que o brasileiro se confessou para o Ibope mais informado do que nunca a respeito da política nacional, “em nenhum momento o homem se sentiu menos capaz de entender o mundo em que está vivendo”, para parafrasear o sociólogo Emir Sader. Na era do escândalo, a imprensa mais confundiu do que explicou o tamanho da crise política que alimenta por mais de sete meses.

Tudo começou em maio, quando Mauricio Marinho, funcionário dos Correios, foi filmado embolsando um pacote de dinheiro. O objetivo era facilitar uma licitação para compra de equipamentos de informática. Na gravação, Marinho diz que está ali em nome de um partido, o PTB, e sob ordens de um político, o deputado Roberto Jefferson, presidente da sigla.

“Assim que veio a público o vídeo da corrupção nos Correios, o governo tomou as providências necessárias: abriu uma sindicância interna na estatal, instalou um inquérito policial, afastou o diretor da área envolvida e suspendeu uma milionária licitação sob suspeita”, anunciou – quem diria – a revista Veja, na edição de 25 de maio.

Então aliado do governo federal, Roberto Jefferson em pouco tempo se vê envolvido também em denúncias de corrupção no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). A mídia não perdoa e por um mês o petebista se vê nas manchetes de todos os jornais e revistas como o maior corrupto do país. No fundo do posso, Jefferson decidiu por em prática a máxima de que a melhor defesa é o ataque. No dia 6 de junho, abriu sua metralhadora giratória e “denunciou” à Folha de S.Paulo o tal “mensalão”. Segundo ele, o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagaria mesadas de R$ 30 mil a deputados de PP e PL em troca de apoio ao governo na Congresso.

Mesmo sem apresentar nenhuma prova, a palavra de Jefferson bastou para que a imprensa iniciasse uma pesada campanha contra o governo federal no que chama de maior esquema de corrupção da história do país. Passados sete meses desde a denúncia de Jefferson, a história da mesada para comprar o voto dos deputados não se sustentou. Com três CPIs funcionando ao mesmo tempo, a única confirmação até agora foi de que o PT usou caixa 2 na campanha presidencial, com ajuda do publicitário Marcos Valério, o mesmo que auxiliou o PSDB no mesmo esquema em Minas Gerais.

Mas por que a imprensa não explica que o mensalão não existiu e não esclarece quais foram os erros do governo e o que não passou de fantasia do ex-deputado Roberto Jefferson e da oposição? Segundo o professor Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), o que estamos assistindo é um golpe branco da mídia. “O objetivo é paralisar o governo Lula. A imprensa tem um lado, ela é partidária. E o lado dela é mais centro-conservador. E acontece que um governo de centro-esquerda está sendo bem-sucedido. É tão simples assim”, disse ele à CNB/CUT no auge da crise, em julho.

O presidente da CNB, Vagner Freitas, comenta que houve “desmandos” no governo federal e a Confederação dos Bancários, desde o início da crise, vem pedindo a punição dos culpados. “Só que a corrupção não teve nem de perto o tamanho que a mídia vem desenhando. A imprensa já julgou e condenou uma série de políticos sem prova. As punições devem ser feitas de acordo com a lei, não ao bel prazer da mídia”, finalizou.

Bancários fazem história em 2005

Se entender a política e a economia em 2005 não é tarefa fácil, analisar o ano que está terminando do ponto de vista dos bancários não é nada complicado. Isso porque a categoria fez história este ano, ampliou suas conquistas e deu mais um passo na busca do Contrato Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.

“Daqui a 20, 30 anos, quando os bancários olharem para trás vão ver que o ano de 2005 foi histórico. Não só pelo fato do Banco do Brasil ter assinado pela primeira vez a Convenção Coletiva, mas porque isto significa que estamos mais próximos da unificação da categoria”, explica Carlos Cordeiro, secretário geral da CNB/CUT.

Outro ponto que considera histórico nesta Campanha foi o abono conquistado pelos bancários. Até agora, os banqueiros ofereciam valores para compensar reajustes abaixo da inflação. “Invertemos essa lógica, conseguimos aumento real e abono, isso demonstra o acerto na Campanha conjunta entre funcionários do setor público e privado”, afirma.

De fato, desde que foi iniciada a estratégia de campanha unificada e mudada a direção dos bancos públicos, os funcionários desses bancos conquistaram os mesmos reajustes dos colegas do sistema financeiro privado. Ao contrário de toda a década de 90, quando amargaram um forte arrocho salarial. Já os bancários do setor privado ganharam um reforço de peso. Com toda a categoria unida, o poder de pressão dos trabalhadores praticamente dobrou e a Fenaban se viu obrigada a conceder reajustes melhores e mais benefícios.

“Todos ganharam. E ao olhar para trás vemos que essa unificação é uma estratégia que acompanha os bancários desde a década de 1930. Em 1964, com o golpe militar, tivemos um grande retrocesso na briga pela construção de uma estrutura nacional. Conseguimos retomar esta estratégia só no início dos anos 80 com o novo sindicalismo. Mas em menos de dez anos o neoliberalismo chegou ao Brasil para tirar direitos dos trabalhadores. Conclusão: passamos toda a década de 90 na resistência e conseguimos poucos avanços”, comenta.

Para Cordeiro, os bancários estão vivendo um verdadeiro período revolucionário desde a eleição de Lula. “Sempre tivemos em mente que a eleição de um governo popular e democrático não acabaria com a luta de classes. Apenas nos daria a oportunidade de fazer um enfrentamento maior com os patrões e, assim, avançar no processo de unificação da categoria e conquistarmos aumentos melhores que são, na verdade, distribuição de renda”, avalia.

O próximo passo para a Campanha de 2006 é garantir que a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste assinem também a Convenção Coletiva. “O BB abriu a porteira, agora esperamos que os outros bancos sigam a mesma trilha. Porque não podemos perder de vista o Contrato Nacional para podermos assegurar direitos para todos que trabalham no sistema financeiro, inclusive financiários e terceirizados”.

Fonte: Fábio Jammal Makhoul – CNB-CUT.

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