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Bancários com medo (matéria do fantástico)

Imagine o que é sentir todo dia medo de ir trabalhar, sair de casa e não ter a certeza de que vai voltar. Com a onda de assaltos a bancos em São Paulo, é isso que os bancários estão passando na maior cidade do país.
“Acordo de manhã, saio de casa, oro, chego na agência, peço a Deus para que não aconteça nada. A gente não sabe o que vai acontecer com a gente até 16h”, diz um bancário que já foi assaltado cinco vezes.
“Primeiro foram quatro assaltantes, e já chegaram aterrorizando na agência”, lembra uma bancária assaltada duas vezes.
“’É um assalto. Todo mundo no chão’. São coisas que a gente não esquece. Fica marcado para a vida da gente”, lembra um bancário assaltado duas vezes.
“A minha tranqüilidade acaba no momento em que eu ponho o pé na agência”, diz um dos bancários.
São Paulo vive uma onda de assaltos a banco. Entre 2005 e 2006, o número de roubos aumentou 82% na capital, e 52% no estado. Só este ano, 30 roubos foram registrados. É quase um a cada dois dias. Essa conta pode crescer ainda mais. Em um único dia, quarta-feira passada, três agências bancárias foram assaltadas.
“Eles chegaram para abrir conta, parece. Aí já pegaram ela e desceram, porque ela trabalhava no segundo andar. Teve troca de tiro”, relata o comerciante Jamil Fidélis.
Um dos disparos atingiu o rosto da subgerente Bárbara Fidélis Rosado, de 31 anos. Levada para o Hospital das Clínicas, ela não resistiu.
“A dor fica. Eu não tenho um dia que não agüento em lágrimas, porque é muito difícil a dor da perda de um filho”, lamenta o comerciante Jamil Fidélis, pai de Bárbara.
“Banco, normalmente, vê a segurança bancária desse país como custo. E custo se contrapõe a lucro”, afirma o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Carlos Alberto da Silva.
Vigilantes mal treinados e mal pagos e falta de investimento em segurança – estes são os principais fatores que tornam os bancos vulneráveis à onda de assaltos, de acordo com as entidades que representam os bancários.
“Muitos passaram a retirar as portas de segurança e passaram a reduzir seu investimento com segurança bancária”, acrescenta o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) contesta essa informação e diz, em nota oficial, que o investimento na segurança das agências dobrou nos últimos três anos. Foram R$ 6 bilhões em 2006.
“Eu vou pela rua chorando, eu entro em banco chorando, e ainda, principalmente, quando trava aquelas portas quando eu vou entrar”, comenta o comerciante Jamil Fidélis.
Como os bandidos conseguem entrar mesmo naquelas agências com portas giratórias e detectores de metais? A polícia tenta descobrir se vigias ou funcionários responsáveis pelo sistema de segurança das agências facilitam a entrada de armas e abrem as portas para as quadrilhas. Esses cúmplices dos assaltantes são conhecidos como “fiteiros”.
“O fiteiro é aquele indivíduo que tem uma informação privilegiada sobre o funcionamento do sistema bancário, e ele repassa para o criminoso”, explica o delegado Rui Fontes.
Sem esse tipo de informação seria impossível assaltar uma agência bancária? ”Não seria impossível. Seria muito difícil”, afirma Fontes.
Um dos casos investigados pela polícia é o de um vigilante que escondeu as armas dentro da agência, durante a noite.
“Ele colocou as armas no banheiro da agência, fazendo com que os criminosos acessassem as armas durante o expediente e provocassem o roubo”, diz o delegado.
“Nós temos visto entre os bancários um número bastante elevado de pessoas que ficam com estresse pós-traumático”, aponta Maria Maeno, médica especialista em segurança do trabalho.
“Eu estou com síndrome do pânico. Só durmo com efeito de calmante. Tenho medo de tudo. Tenho medo de ir ao mercado, de pegar uma fila. Eu trabalho no banco hoje, mas qualquer barulho eu fico pálida”, diz uma bancária com síndrome do pânico.
Assaltada duas vezes, esta bancária precisou se afastar do trabalho por cinco meses. “Uns três ou quatro meses depois, fui a uma churrascaria. Eu estava almoçando, e era dia de jogo. Um cliente falou: “Golaço”. Eu entendi que era assalto. Eu deixei derrubar tudo. Caiu prato, garfo, e ninguém entendia o porquê”, comenta.
“É fundamental que a empresa ofereça um suporte psicológico para esses bancários logo após o evento”, destaca a médica Maria Maeno.
E os bancos, ou a direção dos bancos, fornecem esse tipo de ajuda, de tratamento, de suporte?
“Nós temos visto rarissimamente esse suporte. Normalmente, não há nenhum cuidado em relação a isso”, diz a médica Maria Maeno.
“Eu paguei psicólogo três meses do meu bolso, porque o banco não dá nenhum respaldo para a gente. Eles diziam que eu não ia trabalhar porque eu não queria. Todo mundo fala que é frescura, que ‘Ah, você tem que melhorar. Toma cerveja que passa’. É o que eles falam”, comenta a bancária com síndrome de pânico.
“Eu tenho trauma. Trauma. Eu só queria a minha filha do lado, e ela não está mais. É muito triste, mas essa dor é minha e eu vou superar”, afirma Jamil.
fonte: globo.com

Por 15:44 Sem categoria

Bancários com medo (matéria do fantástico)

Imagine o que é sentir todo dia medo de ir trabalhar, sair de casa e não ter a certeza de que vai voltar. Com a onda de assaltos a bancos em São Paulo, é isso que os bancários estão passando na maior cidade do país.

“Acordo de manhã, saio de casa, oro, chego na agência, peço a Deus para que não aconteça nada. A gente não sabe o que vai acontecer com a gente até 16h”, diz um bancário que já foi assaltado cinco vezes.

“Primeiro foram quatro assaltantes, e já chegaram aterrorizando na agência”, lembra uma bancária assaltada duas vezes.

“’É um assalto. Todo mundo no chão’. São coisas que a gente não esquece. Fica marcado para a vida da gente”, lembra um bancário assaltado duas vezes.

“A minha tranqüilidade acaba no momento em que eu ponho o pé na agência”, diz um dos bancários.

São Paulo vive uma onda de assaltos a banco. Entre 2005 e 2006, o número de roubos aumentou 82% na capital, e 52% no estado. Só este ano, 30 roubos foram registrados. É quase um a cada dois dias. Essa conta pode crescer ainda mais. Em um único dia, quarta-feira passada, três agências bancárias foram assaltadas.

“Eles chegaram para abrir conta, parece. Aí já pegaram ela e desceram, porque ela trabalhava no segundo andar. Teve troca de tiro”, relata o comerciante Jamil Fidélis.

Um dos disparos atingiu o rosto da subgerente Bárbara Fidélis Rosado, de 31 anos. Levada para o Hospital das Clínicas, ela não resistiu.

“A dor fica. Eu não tenho um dia que não agüento em lágrimas, porque é muito difícil a dor da perda de um filho”, lamenta o comerciante Jamil Fidélis, pai de Bárbara.

“Banco, normalmente, vê a segurança bancária desse país como custo. E custo se contrapõe a lucro”, afirma o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, Carlos Alberto da Silva.

Vigilantes mal treinados e mal pagos e falta de investimento em segurança – estes são os principais fatores que tornam os bancos vulneráveis à onda de assaltos, de acordo com as entidades que representam os bancários.

“Muitos passaram a retirar as portas de segurança e passaram a reduzir seu investimento com segurança bancária”, acrescenta o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) contesta essa informação e diz, em nota oficial, que o investimento na segurança das agências dobrou nos últimos três anos. Foram R$ 6 bilhões em 2006.

“Eu vou pela rua chorando, eu entro em banco chorando, e ainda, principalmente, quando trava aquelas portas quando eu vou entrar”, comenta o comerciante Jamil Fidélis.

Como os bandidos conseguem entrar mesmo naquelas agências com portas giratórias e detectores de metais? A polícia tenta descobrir se vigias ou funcionários responsáveis pelo sistema de segurança das agências facilitam a entrada de armas e abrem as portas para as quadrilhas. Esses cúmplices dos assaltantes são conhecidos como “fiteiros”.

“O fiteiro é aquele indivíduo que tem uma informação privilegiada sobre o funcionamento do sistema bancário, e ele repassa para o criminoso”, explica o delegado Rui Fontes.

Sem esse tipo de informação seria impossível assaltar uma agência bancária? ”Não seria impossível. Seria muito difícil”, afirma Fontes.

Um dos casos investigados pela polícia é o de um vigilante que escondeu as armas dentro da agência, durante a noite.

“Ele colocou as armas no banheiro da agência, fazendo com que os criminosos acessassem as armas durante o expediente e provocassem o roubo”, diz o delegado.

“Nós temos visto entre os bancários um número bastante elevado de pessoas que ficam com estresse pós-traumático”, aponta Maria Maeno, médica especialista em segurança do trabalho.

“Eu estou com síndrome do pânico. Só durmo com efeito de calmante. Tenho medo de tudo. Tenho medo de ir ao mercado, de pegar uma fila. Eu trabalho no banco hoje, mas qualquer barulho eu fico pálida”, diz uma bancária com síndrome do pânico.

Assaltada duas vezes, esta bancária precisou se afastar do trabalho por cinco meses. “Uns três ou quatro meses depois, fui a uma churrascaria. Eu estava almoçando, e era dia de jogo. Um cliente falou: “Golaço”. Eu entendi que era assalto. Eu deixei derrubar tudo. Caiu prato, garfo, e ninguém entendia o porquê”, comenta.

“É fundamental que a empresa ofereça um suporte psicológico para esses bancários logo após o evento”, destaca a médica Maria Maeno.

E os bancos, ou a direção dos bancos, fornecem esse tipo de ajuda, de tratamento, de suporte?

“Nós temos visto rarissimamente esse suporte. Normalmente, não há nenhum cuidado em relação a isso”, diz a médica Maria Maeno.

“Eu paguei psicólogo três meses do meu bolso, porque o banco não dá nenhum respaldo para a gente. Eles diziam que eu não ia trabalhar porque eu não queria. Todo mundo fala que é frescura, que ‘Ah, você tem que melhorar. Toma cerveja que passa’. É o que eles falam”, comenta a bancária com síndrome de pânico.

“Eu tenho trauma. Trauma. Eu só queria a minha filha do lado, e ela não está mais. É muito triste, mas essa dor é minha e eu vou superar”, afirma Jamil.

fonte: globo.com

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