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Por 12:09 Sem categoria

Bancos agora brigam por eles; antes rejeitados, 8 milhões de segurados do INSS são os maiores clientes do consignado, com R$ 24 bilhões financiados

Rio – Antes vítimas de longas esperas, muito descaso e pouca atenção nas agências, aposentados e pensionistas experimentam a revanche dos excluídos. Rejeitados pelo sistema financeiro por causa de preconceitos como o chamado “risco de morte”, os segurados deram a volta por cima e hoje não é exagero afirmar que são os bancos que fazem fila atrás deles. Essa “prova de vida” ocorre graças ao consignado do INSS, novidade que já mobilizou 8 milhões de idosos (precisamente 7.914.119), que fizeram 18.140.868 operações de empréstimo, no valor total de R$ 24,6 bilhões. Esses são os números desde maio de 2004, quando o desconto em folha foi criado.

O segmento custou a ser aceito pelos bancos, que exigiam taxas bem maiores por causa da idade avançada dos clientes. Atualmente, eles já são responsáveis por metade das operações registradas com pagamento direto do contracheque no País — que somam R$ 56,3 bilhões, segundo o Banco Central.

O sucesso do consignado é tão grande que o governo decidiu estabelecer um teto para os juros cobrados e retirar a Taxa de Abertura de Crédito (TAC). Para não perder seus “novos clientes”, agora preferenciais, os bancos não impuseram as costumeiras resistências. Para se ter idéia, em abril do ano passado, a maior taxa era de 4,5% ao mês em parcelamentos de 15 meses. Um ano depois, o teto é quase a metade: 2,64%, desde ontem.

O limite era de 2,72% ao mês até a semana passada, mas o novo teto veio com a publicação no ‘Diário Oficial da União’ da Resolução nº 1.287. Segundo o Ministério da Previdência, valerá também para as operações com o cartão de crédito.

Sim, agora os bancos oferecem até cartões específicos para aposentados. Os juros, a partir de 0,92% ao mês, atraem segurados, nem sempre interessados em pagar outras dívidas. Aposentada, Geni de Souza Reis, 70 anos, financiou viagem. “Recorri ao consignado para visitar parentes em Minas Gerais. Era Carnaval, e eu queria rever a família. Valeu muito a pena”, lembra.

Mais idosos chefes de família

A folha de pagamento do INSS tem 24,8 milhões de benefícios. Este mês serão depositados R$ 13,5 bilhões em pagamentos. Essa renda faz hoje diferença no País. O número de idosos (com 60 anos ou mais) chefes de família no Brasil chega a 71%, segundo a pesquisa nacional Idosos no Brasil — Vivências, Desafios e Expectativas na 3ª idade, elaborada pela Fundação Perseu Abramo.

A grande maioria da população idosa tem alguma fonte de renda própria (92%), tanto os homens (97%) quanto as mulheres (87%). Destes, 88% contribuem para a renda familiar, sendo a maioria homens (95% contra 83% de mulheres). As fontes de renda predominantes entre os homens idosos são a aposentadoria por tempo de serviço (39%) ou por idade (28%). Entre as idosas, a renda vem principalmente da aposentadoria por idade (28%) e pensão por morte (26%).

INADIMPLÊNCIA ZERO

O que mais atrai os bancos para esse tipo de financiamento é o baixo risco de calote nas operações. Por ser uma operação consignada, quando o tomador autoriza o banco a debitar parte da dívida do benefício que recebe mensalmente, a inadimplência é praticamente zero.
Além disso, o temor de emprestar para clientes em idade avançada, que inicialmente emperrou as negociações para a criação da modalidade, já não existe entre as instituições financeiras. Em caso de morte, os bancos agora têm um seguro, que cobre as prestações em aberto no financiamento.

Visando atrair esses quase 25 milhões de potenciais clientes, os bancos já inventaram de tudo: guerra de taxas de juros, sorteio de casas, carros, prêmios em dinheiro e caminhões cheios de eletrodomésticos.

Novas conquistas a cada ano

Empréstimos consignados no INSS começaram a ser feitos em maio de 2004. Na época, aposentados ou pensionistas ainda pagavam Taxa de Abertura de Crédito (TAC) para fechar a operação. Em 15 de maio de 2006, o INSS proibiu a cobrança da TAC e demais taxas administrativas sobre as operações — ainda em vigor.

Duas semanas depois, o Ministério da Previdência limitou a taxa de juros. Em 1º de junho de 2006, passou a vigorar o primeiro teto, de 2,9% ao mês. A partir de 28 de julho de 2006, com a queda de meio ponto na taxa Selic, o limite no consignado a aposentados recuou, pela primeira vez, para 2,86% ao mês. Até o dia 25 de outubro do ano passado, o limite permitido em instituições conveniadas do INSS caiu, então, para 2,78%.

PRESTÍGIO E NEGOCIAÇÃO

Em 2 de março, a taxa baixou para 2,72% ao mês. Na semana passada, o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou o teto de 2,64% ao mês, que garante taxa de 36,6% ao ano, com 51 instituições financeiras conveniadas com o INSS para oferecer a modalidade.
O prestígio entre os aposentados e pensionistas é tão grande que o ministro da Previdência, Luiz Marinho, está em negociação com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) para reduzir os custos administrativos do pagamento dos benefícios do INSS. Marinho admite até leiloar a folha e, dessa forma, arrecadar mais recursos para o Tesouro Nacional. Hoje, 25 bancos dividem o pagamento desses segurados. Por depósito em conta, eles recebem R$ 0,30 e R$ 1,07 por saque, com custo de R$ 200 milhões.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO: www.odia.com.br

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