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Por 14:05 Sem categoria

Bancos devem reagir a avanço do Santander

Grandes bancos do País deverão reagir a um possível avanço do Santander no mercado brasileiro caso o consórcio do qual a instituição faz parte – que inclui o Royal Bank of Scotland e o belga Fortis – vença a disputa com o britânico Barclays pela compra do ABN Amro na Europa. Analistas prevêem que líderes do mercado brasileiro como Itaú e Bradesco tentarão ampliar o market share fazendo ofertas a instituições financeiras internacionais como HSBC e Citibank. Outra possibilidade é tentarem adquirir bancos médios e aqueles que estão “prestes ser privatizados”, dizem especialistas.

Para Rodrigo Indiani, analista financeiro da Austin Rating, todos os grandes players continuam dispostos a realizar aquisições. “É um processo de ganho de escala. Veremos novas compras de bancos médios especializados em determinados nichos e que são interessantes para as instituições. Existe ainda a chance de Itaú ou Bradesco adquirirem as operações no Brasil do Citibank e do HSBC, como ocorreu com o BankBoston”, avalia Indiani.

O analista, no entanto, prevê um cenário diferente para o caso de o britânico Barclays adquirir o ABN Amro. “Se isso acontecer, é possível que ele se desfaça do Real, podendo vendê-lo aos grandes concorrentes por não ter interesse no mercado brasileiro”, diz.

Consórcio

Se a compra do ABN Amro for realizada pelo consórcio do qual o Santander participa, este poderá se tornar uma das principais instituições financeiras do País, somando R$ 230 bilhões em ativos, atrás apenas do Itaú e do Banco do Brasil, superando o Bradesco.

Na opinião de Clodoir Gabriel Vieira, economista-chefe da Souza Barros, Itaú e Bradesco “vão correr para comprar outros bancos”. “Isso (a compra do ABN Amro) pode movimentar o mercado. Instituições que estão prestes a serem privatizadas podem virar alvo”, afirma. Ele usa o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), Banco do Estado do Piauí (BEP) e Banco do Sergipe (Banese) como exemplos.

Entre os analistas, o Itaú é considerado um “eterno comprador”. Já em abril passado, em meio as negociações macro, a Itaúsa – holding que controla o banco – anunciou a aquisição das operações do ABN Amro do segmento private banking internacional em Miami (Estados Unidos) e Montevidéu (Uruguai). O valor da aquisição foi de US$ 150 milhões.

Apesar de o vice-presidente do Itaú Antonio Matias, evitar comentar a negociação envolvendo o ABN Amro na Europa, ao ser questionado se estaria interessado em comprá-lo, respondeu: “o Itaú está aberto a todas as oportunidades de negócio”. Para o analista da Souza Barros, o banco demonstra constantemente seu apetite. “O Itaú quer liderar, não pretende perder nenhum espaço”, afirma.

Já o economista Roberto Luis Troster analisa que se o Santander fizer parte da compra do ABN Amro poderá ganhar em escala e em eficiência, mas perderá com a sobreposição de agências e clientes do Sudameris e do Banespa. “Os concorrentes acabam se beneficiando de alguma forma com essa sobra”, explica. Ele endossa que Bradesco e Itaú não vão ficar parados.

Troste considera ainda que não há perigo de concentração de mercado no setor bancário nacional. “Mesmo que todas essas aquisições ocorram, o setor bancário continua competitivo dentro dos padrões mundiais e ainda bem diversificado. Se for comparado a qualquer setor de escala nacional, como a aviação por exemplo, está bem adequado”, declara.

Na opinião de Daniel Szikszay, gerente de câmbio do banco Schahin, essa movimentações de aquisições dos grandes já estão ocorrendo. “Tanto o Itaú como o Bradesco vêm de um processo tanto de crescimento orgânico quanto de compras agressivas. No entanto, não há muito espaço para novas aquisições. As opções do mercado estão acabando”, diz.

Já o analista de bancos da consultoria Tendências, Dênis Blum, afirma que a negociação em torno do ABN Amro envolvendo o Santander demonstra o interesse de bancos estrangeiros no mercado brasileiro. “Com uma economia estável, o juro caindo e o crédito aumentando, é natural que haja interesse de bancos estrangeiros em operações no País.Se houver a compra do ABN Amro e isso refletir no Brasil, vai aumentar a concorrência, o que é um ganho para o sistema financeiro nacional. É mais um passo no processo de aprofundamento desse sistema”, analisa.

La Salle

Na última sexta-feira, a Suprema Corte da Holanda deu parecer favorável à compra do La Salle, unidade norte-americana do ABN Amro, pelo Bank of America (BofA). O negócio, de US$ 21 bilhões, fazia parte do acordo firmado entre o Barclays e o ABN em abril deste ano. A oferta de 63,2 bilhões de euros (US$ 87,1 bilhões) do banco britânico pela instituição holandesa estava condicionada à venda do LaSalle ao BofA. Esta parte da operação, no entanto, havia sido congelada pela Justiça holandesa por não ter sido submetida à avaliação dos acionistas do ABN. Na sexta-feira, a Suprema Corte da Holanda decidiu que “não há motivo” para bloquear a venda do LaSalle.

A posição da Corte pode indicar que o Barclays está mais perto de vencer a disputa pelo ABN, uma vez que seu oponente – o consórcio formado por Royal Bank of Scotland, Santander e Fortis – havia condicionado sua proposta de 70,9 bilhões de euros pelo ABN à inclusão do LaSalle entre os ativos que seriam vendidos ao grupo. Na sexta-feira, porém, o trio de bancos anunciou a intenção de fazer uma “oferta revisada” pelo ABN que “não será condicionada a que o LaSalle continue fazendo parte” do grupo holandês. Em comunicado conjunto, as três instituições asseguraram que a nova oferta “será realizada em termos substancialmente superiores” aos da proposta feita pelo Barclays.

A oferta revisada “estará condicionada, entre outras coisas, a que o ABN não tenha realizado ou pactuado nenhuma aquisição ou venda de uma parte relevante de seus negócios ou ativos, excetuando a venda do LaSalle”. O consórcio acrescentou ainda que um novo anúncio sobre o caso será feito “no momento oportuno”.

Vale lembrar que, consideradas as propostas feitas inicialmente, a do consórcio contempla pagamento em ações e dinheiro, enquanto que a do Barclays determina pagamento só em ações.

Porte

A compra do ABN transformaria o Barclays no sexto maior banco mundial em ativos. A instituição britânica, liderada pelo principal executivo John Varley, aceitou comprar o ABN em 23 de abril passado, num negócio que dobraria a receita do Barclays no setor de banco de varejo, além de galvanizar sua investida em mercados como o da Índia e o do Brasil e aumentar suas negociações de valores mobiliários. O Barclays, que é o terceiro maior banco britânico em valor de mercado, deve enviar sua proposta de oferta formal aos acionistas no próximo dia 23 de julho.

“A sentença [do Supremo Tribunal Holandês] é definitiva e, portanto, elimina incertezas da situação, o que é bom para os clientes e os funcionários do ABN Amro”, disse John Varley, principal executivo do Barclays, em comentários transmitidos pelo porta-voz do banco, Alistair Smith. Para o BofA, o segundo maior banco dos EUA, a compra do LaSalle o transformaria no maior banco de Michigan e de Chicago, à frente do JP Morgan Chase & Co. O LaSalle seria a maior aquisição do BofA desde a compra do MBNA Corp., por cerca de US$ 35 bilhões, há dois anos.

A Suprema Corte da Holanda deu parecer favorável à venda do LaSalle ao Bank of America. A decisão abre caminho para o Barclays levar o ABN Amro, mas o consórcio já prepara uma nova oferta pelo banco.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO: www.dci.com.br

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