As turbulências que envolvem o mercado hipotecário norte-americano estão criando dúvidas quanto à compra do ABN Amro na Europa. Na última sexta-feira, as ações do banco holandês despencaram devido a rumores de que o Barclays não seria capaz de cumprir a oferta de compra de 65,4 bilhões de euros em meio à crise das bolsas internacionais.
O mercado também levantou questionamentos quanto à capacidade que o Fortis tem para participar da oferta de 72,1 bilhões de euros feita pelo consórcio do qual participa, que também reúne Royal Bank of Scotland e Santander. O banco se adiantou ao negar os rumores. Segundo agências internacionais, o conselheiro delegado do Fortis, Jean-Paul Votron, descartou dificuldades em financiar sua parte na oferta.
De acordo com Eduardo Roche, analista do Modal, os rumores devem ser encarados com cautela e não significam que as negociações serão adiadas para depois da crise. “O medo é de que a oferta do Barclays fosse suspensa. Além da queda das ações associada ao boato, o impacto foi ainda maior, já que os papéis de todos os bancos estão despencando. Definitivamente, trata-se de uma operação de volumes muito grandes que com certeza será afetada com a crise”, salientou.
Já na opinião de Maria Laura Pessoa, analista da Fator Corretora, ainda é cedo para prever uma suspensão da oferta do Barclays. “Ainda não há nenhuma posição oficial do banco.”
Royal Bank
O Royal Bank of Scotland obteve o apoio de seus acionistas para levar adiante a compra do ABN Amro, no que será a maior tomada de controle acionário do setor financeiro mundial.
Os acionistas, que se reuniram em Edimburgo, na Escócia, aprovaram, com 94,5% dos votos, uma resolução que autoriza a oferta de 72,1 bilhões de euros (US$ 99 bilhões) pelo maior banco holandês e permite a captação de aproximadamente 5 bilhões de euros em financiamentos. “Não acreditamos que isso [as turbulências de mercado] afetará negativamente a transação”, disse Tom McKillop, presidente do conselho administrativo do Royal Bank.
As turbulências no mercado internacional levantaram dúvidas sobre a permanência do Barclays na disputa pelo ABN e a capacidade do Fortis de manter sua participação no consórcio.
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