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Seminário internacional debate desafios comuns de países da América

O relato que representantes de diferentes partidos de esquerda latino-americanos fazem de seus países surpreende pela similaridade dos desafios que enfrentam, seja na oposição, seja no governo. A necessidade de reformas políticas que democratizem o acesso à política, a censura da mídia às idéias progressistas e a desqualificação das políticas de esquerda são desafios que precisam ser enfrentados na maioria dos países das Américas. Estas foram as idéias centrais no seminário internacional “Os desafios de governos de esquerda e progressistas da América Latina”, ocorrido hoje (30 de agosto), em São Paulo.

Panamá

Nils Castro, do PRD panamenho, preferiu abordar essas similaridades que se enfrentam em todo o continente, do que falar especificamente de seu país. Ele resume seu raciocínio como uma percepção de esgotamento dos sistemas políticos, que também atinge os panamenhos. Para ele, há um descrédito generalizado sobre os governos, por não terem poder real de gerirem suas economias.

Em contraponto a isso, ele percebe um crescimento da participação popular nas eleições, ao mesmo tempo que ocorre a extinção de partidos tradicionais. Para ele, uma reforma política é fundamental na maioria dos países, para reduzir a interferência do poder econômico nas eleições. Castro também aponta a necessidade dos partidos renovarem-se e voltar a discutir sua própria representatividade com as bases.

Colômbia

O representante colombiano, pelo Pólo Democrático Alternativo, River Franklyn Legro, expressou a esperança da esquerda em suceder o atual governo conservador. Segundo ele, os governos locais têm sido bem sucedidos e demonstraram sua força na última eleição. A eleição de governos progressistas, como o de Lula, segundo ele, também exercem uma forte influência sobre a opinião pública colombiana. Apesar disso, há tentativas de associar os governos de esquerda à insurgência, além das ameaças violentas contra dirigentes de partidos.

Argentina

Segundo Isaac Rudnik, do Movimiento Libres del Sur, a Argentina deve eleger Cristina Fernandes em 25 de outubro, apesar das tentativas de opositores desprestigiarem o governo e associá-lo à corrupção. Os motivos para essa segurança, segundo ele, estariam nas mudanças que têm ocorrido na economia do país, recuperando-o da crise profunda a que foi jogado pelos governos neoliberais.

México

Representando o PRD mexicano, Saul Escobar expôs a fraude de que foram vítimas na última eleição. Para ele, o México é singular, mas pode servir de exemplo de como a direita se unifica com o poder econômico contra o candidato de esquerda e não a favor do da direita. O desafio, em sua opinião, é romper essa aliança, assim como o cerco da informação promovido pelos meios de comunicação.

Escobar também se soma ao coro dos que alertam para a necessidade de ganhar os setores que não aderiram à esquerda, mas que se abstém de votar na direita. Investir nas políticas de meio ambiente, igualdade de gêneros, indígenas, negros e juventude, contribuiria para isso. Seria preciso, também, renovar as alianças com os movimentos sociais, superando o utilitarismo na relação. No México, os movimentos são particularmente frágeis, devido ao controle exercido pelo PRI, que governa o país há décadas.

El Salvador

Os fenômenos descritos por outros partidos, se reproduzem em El Salvador, conforme pontuou Sigfrido Reyes, da FMLN. Reassumir o controle da economia para promover políticas sociais é um dos principais desafios num país que sempre enfrentou uma forte hegemonia do projeto norte-americano. El Salvador tem a menor carga fiscal da América Latina, o que dificulta a obtenção de recursos para financiar essas políticas. A FMLN também enfrenta o “terror cotidiano” que as alianças de direita promovem em toda o continente.

Porto Rico

Sonia Cepeda, do Movimento Independentista Nacional Hostosiano de Porto Rico, vive uma peculiaridade ao falar da política de seu país. Porto Rico é a única colônia das Américas, impedida de assumir o controle autônomo sobre sua economia. O país vive subsidiado pelos EUA, ao mesmo tempo que sua economia é fechada para negociações apenas com aquele país. O movimento independentista, no entanto, tem obtido muitas vitórias e avançado no país.

Sonia também lamenta a perda cultural promovida pelos norte-americanos. A independentista brincou ao chamar a atenção de delegados que a chamaram de “gringa” e disse que um seminário como este não seria possível em seu país, pois, difícilmente, aquele público conseguiria visto para entrar em Porto Rico.

Haiti

A senadora haitiana Edmonde Beauzile (PSD/Fusion) relatou o esforço ocorrido para formação de um governo de consenso com apoio da missão da ONU. Seu país se recupera de uma guerra civil após exílio de seus ditadores. Ela contou que os programas sociais são praticamente inexistentes, num país em que a estabilidade da moeda não alcança a população. A senadora falou da incapacidade de unidade de forças de esquerda para vencer a eleição. Houve 28 candidatos na eleição de 2005.

Chile

O tema do governo de Michelle Bachelet, no Chile, é a proteção social plena de todos os cidadãos. Ontem (29), ocorreu no Congresso a votação da lei que amplia a Seguridade Social para todos os cidadãos, independente de contribuição, como as donas-de-casa, por exemplo. O Chile dispõem de recursos que nunca teve e, segundo ele, o desafio do governo é gastar para promover maior equidade social, com gasto responsável sem desajuste macro-econômico. Diante da estabilidade econômica, a direita ataca o governo com objetivo de reduzir a carga tributária.

Paraguai

O evento se encerrou com o comovente discurso de Dom Fernando Lugo, candidato à presidência do Paraguai. Ele disse que se surpreendeu com a repetição da prática de desqualificação que a direita faz em todos os países da América Latina. Em seu país, se distribui fotos suas com conhecidos bandidos. Resquícios de um país que teve 30 anos de ditadura, com 18 anos de transição, todos com o mesmo partido no governo.

Ele lamentou dizer que seu país é considerado o mais corrupto do continente e o 2º. mais corrupto do mundo, o que explica a pobreza de sua infra-estrutura e do Produto Interno Bruto, apesar da abundância de recursos naturais.

Dom Lugo afirma que a esquerda se sente capaz da luta pela sucessão de poder e promover as mudanças necessárias. A maioria da população confia em sua candidatura. Ele ressaltou o reconhecimento que tem da “boa vontade” de Lula com seu país, embora considere que são merecedores de “mais justa consideração”. Ele ressaltou as assimetrias na forte imigração de brasileiros em seu país. Ele defendeu uma integração no Mercosul, da qual os povos possam se apoderar.

Cezar Xavier, do Portal do PT.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.pt.org.br.

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