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Por 06:43 Sem categoria

Venda do Real muda cenário da disputa bancária no país

A provável união do Santander com o ABN Amro Real criará o segundo maior banco privado brasileiro, à frente do Itaú e pouco atrás do Bradesco, e tem potencial para mudar a forma como a indústria bancária faz negócios no Brasil.
Ontem, a “Folha” noticiou que o presidente Lula já foi informado pelo Santander, em Madri, de que a compra está acertada.
Uma vez confirmada, a fusão chega no momento em que o Banco Central brasileiro dá sinais de suspender os cortes nos juros, até então o maior estímulo para os bancos emprestarem mais e com menores taxas.
Na opinião de alguns analistas, apesar de o negócio levar a uma maior concentração do setor, o surgimento de um banco estrangeiro de porte para fazer frente ao Bradesco e ao Itaú pode até fazer com que o consumidor seja beneficiado pela disputa, com redução de taxas e alongamentos de prazos dos financiamentos.
No entanto, eventuais benefícios não são certos, pois a concentração bancária estimulou nos últimos anos a cobrança de tarifas e juros altos ao consumidor. O negócio também deve causar demissões no Brasil devido à sobreposição de agências e equipes inteiras entre o Santander e o Real.
Com uma expansão de 20% ao ano, o crédito brasileiro é visto como o de maior perspectiva no mundo. Enquanto no Brasil o crédito está em 32,7% do PIB, nos EUA chega a 288% e no Reino Unido, a 169%.
Para a analista de bancos Ceres Lisboa, da Moodys, a compra do ABN Real deve duplicar os ativos e levar o Santander a ganhar escala no Brasil. “A combinação gerará sinergias geográficas e de negócios que favorecerão os ganhos [do banco espanhol].” O banco prevê economizar US$ 1,085 bilhão em sinergias com a fusão.
Demissões
Segundo Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, o ABN traz uma importante carteira de clientes de alta renda e de empresas médias, além de ampliar a presença do Santander no financiamento de veículos, hoje um dos mais concorridos. “Mas haverá sobreposição de agências e de equipes em São Paulo, diferentemente do que ocorreria se o negócio fosse fechado com o Barclays”, disse.
O Santander afirma que os desligamentos acontecerão, na medida do possível, por meio de aposentadorias e de programas de demissão voluntária, como aconteceu após a incorporação do Banespa. Os bancários temem mais demissões no Real, que teria uma média salarial superior à do Santander.
Rivais
Bradesco e Itaú poderão agora se lançar a uma caça sem precedentes por novas aquisições, sob o risco de ficarem para trás na liderança do setor de crédito brasileiro –que trabalha com grandes diferenças entre taxas captadas e repassadas ao consumidor. De acordo com o BC, essa diferença em julho era de 36,3 pontos percentuais.
Os maiores alvos serão os bancos brasileiros de menor porte e as operações locais de bancos estrangeiros que atuam no varejo, a exemplo do BankBoston, que foi vendido no ano passado para o Itaú. Os estrangeiros, no entanto, têm demonstrado apetite para seguir no país.
Não menos lucrativos, os bancos pequenos que atuam em nichos especializados do varejo também serão alvo de compra. Na semana passada, surgiram rumores de que o Itaú oferecera R$ 2 bilhões pelo BMG, um dos líderes no crédito consignado, que planeja abrir o capital na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Ambos negaram o negócio.
Continuarão ainda disputados os bancos estaduais, que devem ser privatizados, como o Banestes (Espírito Santo), BEP (Piauí) e o Banese (Sergipe).
O cenário menos desejado pelos bancos era o Barclays insistir em ficar com o varejo brasileiro, o que parecia improvável dado o conservadorismo do banco britânico. O temor era que o Barclays trouxesse um “choque de concorrência” com a abertura de taxas menores para o varejo, com a captação de recursos baratos no exterior.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO: www1.folha.uol.com.br

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