No próximo dia 31, a Petrobrás devolverá a 3.447 petroleiros parte do respeito e da dignidade que lhes foram usurpados durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Através da reparação dos níveis, conquistada pela FUP e seus sindicatos durante a negociação do PCAC, a Petrobrás foi obrigada a reconhecer que mais de 10% de seu efetivo sofreu perseguição política nos oito anos de administração tucana.
Estrategicamente, asseguramos no novo plano de cargos um mecanismo de mobilidade claro e democrático – a progressão por antiguidade – protegendo, assim, os trabalhadores de novos ataques no futuro. Mas, se por um lado consolidamos um pleito histórico da categoria, por outro, precisamos reconhecer que ainda será longa a luta para corrigirmos as injustiças e arbitrariedades perpetuadas pelas antigas gestões da empresa.
O ranço autoritário continua latente em parte significativa do corpo gerencial da empresa, que resiste o quanto pode às intervenções e conquistas do movimento sindical. A disputa é constante e se evidencia, principalmente, nas campanhas reivindicatórias.
Afinal, por que tanta resistência da Petrobrás em alterar o curso de sua política de SMS? Por que a empresa se recusa a tratar com transparência a questão da aposentadoria especial? Por que prefere punir em vez de formar e orientar corretamente o trabalhador? Por que as gerências fazem apologia da remuneração variável, cobrando abonos e a volta do vergonhoso bônus? Por que até hoje não conseguimos avançar rumo à gestão da AMS, à implantação das OLTs, à eleição total das CIPAs, à participação dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, entre tantas outras bandeiras de luta legítimas da categoria?
A resposta cada um de nós sabemos: a maioria das gerências da Petrobrás é remanescente dos governos de outrora e segue a cartilha em que foram formadas. Cada direito que garantimos é uma derrota para os setores conservadores da empresa e nesta campanha reivindicatória não será diferente. Temos, portanto, que nos manter mobilizados e endurecer a luta para avançarmos nas nossas conquistas. A força da categoria depende, cada vez mais, da nossa unidade e do nosso poder de enfrentamento.
Por Hélio Seidel, que é coordenador da Federação Única dos Petroleiros.
ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.cut.org.br.