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Pinguelli descarta risco de apagão imediato e sugere plano de racionalização

Rio de Janeiro – O Brasil ainda não corre o risco de enfrentar um novo apagão, como o que ocorreu em 2001. A avaliação é do diretor da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, que declarou “ainda não ver essa possibilidade”.

Para ele, o racionamento só será necessário se o volume de chuvas não se normalizar. “Se continuar a situação de pouca chuva por um período de muitos meses, [poderá haver apagão] sim”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

Pinguelli, que é também secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, acredita que a situação deverá acabar encontrando o equilíbrio, de forma razoável. Ele destacou que a ligação das usinas termelétricas, como foi autorizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não se prende apenas a um fator imediato, porque a situação já está ficando desconfortável em razão do baixo nível dos reservatórios.

“É também para a proteção do período que vai daqui a um ano até daqui a dois anos”, alertou. Esse é o período mais difícil, avaliou Pinguelli.

Em relatório enviado no final do ano passado ao Ministério de Minas e Energia, à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ao ONS, a Coppe já demonstrava sua preocupação com o problema, uma vez que havia falta de gás para atender às usinas térmicas.

Nesse documento, foi recomendada ao governo a adoção de um plano de racionalização do uso de energia, contendo medidas que levariam ao mesmo resultado com menos energia.

Luiz Pinguelli Rosa observou que esse plano de racionalização difere do “racionamento puro”. Ele prevê a adoção de algumas medidas que foram tomadas em 2001, quando ocorreu a crise no abastecimento.

Entre elas, destacou a mudança de lâmpadas incandescentes por fluorescentes, que fazem a mesma iluminação e poupam energia; o estímulo aos consumidores para que evitem o desperdício; a mudança de equipamentos pelas indústrias, financiada pelo próprio governo. Segundo Pinguelli, “a racionalidade evita o desperdício mais adiante”.

“Eu sugeri que [o plano] seja adotado desde já. Eu acho melhor em vez de racionamento fazer essa racionalização. Quer dizer, buscar medidas econômicas e tecnológicas e de controle de desperdício que permitam você ter o mesmo resultado, sem prejudicar nem a economia nem o conforto das famílias e, ao mesmo tempo, gastar menos energia elétrica”, concluiu.

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil.

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Falta de planejamento e de investimento provocou atual crise de energia, diz Pinguelli

Rio de Janeiro – O governo federal não fez os planejamentos necessários e deixou de investir na área de abastecimento de energia, mesmo depois do episódio de racionamento verificado no Brasil, em 2001. A análise foi feita pelo físico Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“[O governo] não completou o dever de casa. Ficaram faltando algumas questões que não foram respondidas”, avaliou.

Embora o Brasil possua uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, as hidrelétricas existentes no país não bastam para atender ao consumo. Isso se deve, segundo frisou Pinguelli, à falta de investimentos.

“Nós não temos mais o número de hidrelétricas necessárias para fazer face a esse problema. Isso já foi uma política anterior, que o governo atual seguiu. E aí você precisa de termelétricas para complementá-las quando for preciso, como ocorre agora. Mas aí faltou o gás natural, porque também houve uma política desentrosada entre o gás natural e a energia elétrica. Sem dúvida, são erros de planejamento”, sinalizou.

O maior “desbalanceamento” é identificado, segundo Pinguelli, no chamado consumidor livre, cujo percentual no passado era de 10% do consumo de energia e hoje se situa na faixa entre 25% a 30% do total. “São grandes indústrias que não são submetidas ao planejamento. Elas têm contratos variados, utilizando energia do sistema.”

É considerado consumidor livre aquele que tenha exercido a opção de compra de energia elétrica de fornecedor distinto da concessionária local de distribuição, ou seja, de produtores independentes. Para Pinguelli, enquanto a energia é livremente negociada para o consumidor livre, o consumidor cativo absorve erros e acertos do planejamento centralizado do governo e da distribuidora.

O diretor da Coppe criticou a existência do consumidor livre, que levou à criação de uma figura não prevista inicialmente: a comercializadora de energia que, segundo ele, “entra no meio e vende a energia do sistema, que nós todos consumimos, para esses grandes consumidores. Mas vende de uma forma aleatória, em contratos variáveis, que não são públicos. Então, você perdeu a informação para ter o planejamento”.

Pinguelli afirmou que o planejamento não foi adequado porque faltava informação, em particular, da parte do consumidor livre.

Outra questão que não foi resolvida pelo governo é o problema do gás. “Foi muito mal equacionada a combinação entre gás natural e energia hidrelétrica. E está dependendo agora da importação de gás liquefeito de petróleo (GNL) pela Petrobras”, disse Pingueli.

A primeira usina de regaseificação de GNL da Petrobras tem inauguração prevista para maio deste ano. Pinguelli disse que a entrada em operação dessa unidade “alivia o problema do gás porque permite usar mais termelétricas”. O gás natural é o combustível mais adequado para as térmicas brasileiras em razão do custo mais barato, destacou.

Luiz Pinguelli Rosa analisou que os investimentos programados para o setor elétrico sofreram muito atraso. Um exemplo notório, segundo ele, é o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).

“Uma boa iniciativa de geração eólica (dos ventos), pequenas centrais hidrelétricas, de uso de biomassa e que, infelizmente, atrasou muito. Metade das eólicas não saiu do papel. Isso é ruim porque não é tão pouco”, criticou.

De acordo com Pinguelli, as usinas eólicas prevêem a geração de 3,3 mil megawatts, enquanto a usina nuclear de Angra 3 vai gerar 1,35 mil megawatts. Ele citou também problemas ambientais que retardaram o licenciamento de usinas hidrelétricas importantes, como Santo Antonio, no Rio Madeira.

Pinguelli avaliou que o crescimento previsto para o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, levará a um aumento do consumo de energia elétrica. E a oferta de energia será insuficiente para atender à demanda. “Esse é um dos fatores que estão presentes na possibilidade de falta de energia daqui a um ou dois anos. Daí a antecipação da ligação das termelétricas para enfrentar esse problema.”

Luiz Pinguelli afirmou, porém, que o crescimento econômico é positivo. Ele salientou que cabe ao governo encontrar a solução para o impasse “porque senão você estrangula o crescimento por falta de energia”.

A resolução do problema passa pela construção de novas hidrelétricas de grande porte, como as de Santo Antonio e Jirau, no Rio Madeira, sinalizou o diretor da Coppe/UFRJ. Ele destacou, por outro lado, que essas usinas não vão resolver a crise atual. “Elas vão evitar crises futuras”, avaliou.

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil.

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Para Hubner, não é necessário alertar população para economizar energia

Brasília – Ao menos por enquanto, não é necessário alertar a população para economizar energia, afirmou hoje (9) o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner. Na entrevista em que descartou o risco de racionamento de energia como o que ocorreu em 2001, ele rebateu os alertas de especialistas de que o país pode enfrentar escassez de eletricidade.

“Há 4 anos ouço especialistas dizendo que vai faltar energia e não acontece”, contestou o ministro. “Se for observar isto, vou ficar maluco.”

Segundo Hubner, o Brasil atualmente conta com mecanismos para prevenir o racionamento. “Temos hoje uma situação bastante diferente. Criamos mecanismos para evitar que a situação se repita. Não há motivo para alarde”, garantiu Hubner.

O ministro citou como principal mecanismo o funcionamento das térmicas, que geram energia a gás natural. Hubner afirmou que a medida preventiva, adotada desde 12 de dezembro, seria suficiente para garantir o atendimento da demanda. “Por segurança, as térmicas funcionam mesmo com a gente correndo o risco de gerar energia acima do necessário e ter de desperdiçar água”, afirmou.

Os dados mais recentes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que o nível de água nos reservatórios do Nordeste no último dia 7 era de 27,04%, enquanto nos do Sudeste e Centro-Oeste de 44,73%. Apesar de inferiores aos níveis registrados no mesmo período do ano passado, os índices são considerados “satisfatórios” pelo ministro, diante das médias históricas.

Hubner lembrou que o período em que tradicionalmente chove mais começou há apenas dez dias e as previsões metereológicas até abril apontam, segundo ele, para uma média normal: “É neste período que 60% das águas dos reservatórios entram”.

Caso as chuvas não ocorram de modo razoável, o governo ainda teria a possibilidade de antecipar o funcionamento de mais térmicas. O ministro disse não acreditar na possibilidade de faltar gás para isso, mas admitiu, se necessário, o uso de gás destinado ao consumo próprio da Petrobras.

Questionado sobre declaração do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelmann, que disse ontem (8) à imprensa não ser impossível um novo racionamento de energia, Hubner afirmou tratar-se de manifestação de cunho pessoal, que não reflete o pensamento geral da diretoria da agência reguladora.

O ministro ressaltou que o Comitê de Monitoramento do Setor Energético (CMSE), vai acompanhar de perto os indicadores e tomar as medidas necessárias para evitar qualquer possibilidade de racionamento. O órgão é responsável por monitorar segurança do suprimento de energia em todo o território nacional e tem reunião agendada para amanhã (10).

O encontro terá a participação de representantes do Ministério de Minas e Energia (MME), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional do Petróleo (ANP), da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Por Marco Antônio Soalheiro – Repórter da Agência Brasil.

NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.

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