fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 16:29 Sem categoria

Tempo para estudo e qualificação é essencial em setores de alta tecnologia

Reduzir a jornada é gerar empregos e qualidade de vida

No dia 21 de janeiro de 2008 a CUT e as demais centrais lançaram oficialmente a Campanha Nacional Unificada pela Redução da Jornada de Trabalho sem Redução de Salários. A partir do dia 11 de fevereiro, a campanha ganhará as ruas de todo o Brasil, com atos para coleta de assinaturas nas principais capitais do país. Em São Paulo, capital, será realizado um grande ato na Praça Ramos de Azevedo, a partir das 10h00.

Entidades cutistas representando diversos ramos e categorias somam-se à campanha que tem como meta recolher mais de 1 milhão de assinaturas. A CNQ – Confederação Nacional do Ramo Químico entrou 2008 empenhada nesta campanha e com disposição para dialogar sobre ao assunto não apenas com a base, mas com toda a sociedade.

Leia abaixo a entrevista do Coordenador Geral da CNQ, Aparecido Donizeti da Silva, para o Portal do Mundo do Trabalho:

Como a CNQ tem trabalhado o tema Redução de Jornada sem Redução de Salário – existem casos de experiências bem sucedidas negociadas pela Confederação?

A Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT) é uma entidade cutista que representa os trabalhadores nas indústrias químicas, de plásticos, farmacêuticas, de tintas, adubos e corretivos agrícolas, de abrasivos, de álcool, da borracha, de papel, celulose e papelão, de vidros, cerâmicas, petroquímicas e extração e refinação de petróleo. Trata-se de um ramo bastante diversificado. Um exemplo disso é o petroquímico, onde a média de horas trabalhadas é de 35 ou 36 horas semanais. Já nas fábricas, temos hoje o que chamamos de 6 por 3, ou seja, trabalha-se 6 dias e folga-se 3 – resultando numa jornada de cerca de 38 horas semanais. Este sistema já existe na Palmolive do ABC, por enquanto, e estamos fazendo a discussão na Basf, também no ABC onde já há setores que trabalham 6 por 3.

Desses acordos, alguns foram feitos por Convenção Coletiva?

Sim, com o setor farmacêutico e trata-se de uma experiência que consideramos muito importante. Nós assinamos a convenção coletiva do setor em 2006 e a jornada foi reduzida de 44 horas para 42 horas semanais.

Como a CNQ pretende envolver o ramo dentro dessa discussão de redução de jornada?

Nosso calendário prevê ações em todo o Brasil logo depois do lançamento do abaixo-assinado no dia 11 de fevereiro. Vamos instrumentalizar os sindicatos – conscientizando os trabalhadores e trabalhadoras que a coleta de assinaturas é importante, mas que ela sozinha não basta. Queremos envolver o ramo e toda a sociedade nesta campanha. Porém, no nosso caso, temos que tratar o assunto levando em consideração a cultura da hora-extra, que, infelizmente apresenta um índice muito alto, com uma média de 51 horas trabalhadas por semana. Portanto, um dos desafios será discutir e trabalhar com a questão da limitação da hora-extra.

Como será esse trabalho?

Serão dois dias de reunião em cada estado. No primeiro reuniremos sindicalistas de diversos setores para expor a importância da redução de jornada. No segundo, faremos uma assembléia numa grande empresa com recolhimento de assinaturas e sensibilizando os trabalhadores e trabalhadores da importância.

Como pensam em fazer com que os trabalhadores e trabalhadores se sensibilizem e queiram que a mudança ocorra?

É preciso citar alguns fatores importantes, que foram levantados a partir de pesquisa: o número de trabalhadores que havia no início da década de noventa, cerca de dois mil diretos, comparado ao que temos hoje, aproximadamente mil e cem diretos e o restante terceirizado. Além disso, o nível de tecnologia que havia na época, hoje está triplicada, bem como a produção da década de 90 e a produção atual que aumentou quatro ou cinco vezes, mas com a mesma jornada de trabalho. E aí chegamos ao grande debate sobre a tecnologia: para que serve a tecnologia? Para concentração de renda de alguns ou para o bem da humanidade? A redução de jornada gera empregos e qualidade de vida e aí está incluso o estudo, a qualificação profissional. Todos os empregos que estão surgindo pedem qualificação. O ramo químico exige, precisa desta formação profissional. A redução de jornada apresenta ao trabalhador e à trabalhadora a possibilidade de se qualificar para esse novo mercado. Todos os ramos que utilizam tecnologia necessitam de qualificação e um dos mecanismos é a redução de jornada.

Como a CNQ está organizando estas ações?

Participaremos da atividade do dia 11/02 e intensificaremos nossas ações em março. A CNQ fará uma reunião com toda a direção nacional nos dias 20, 21 e 22 de fevereiro, onde tiraremos nosso calendário. Provavelmente no mês de março faremos o lançamento nacional da campanha no nosso ramo. E não será só coleta de assinaturas – queremos despertar o interesse dos trabalhadores sobre necessidade da redução de jornada, considerando a realidade de que a cultura da hora extra ainda é muito forte.

Temos a qualificação como um ponto importante. Uma de nossas metas é fazer um programa de formação conjunto do setor petroquímico, do ramo químico e governo pra qualificar mão-de-obra no setor – que não tem rotatividade e a maior preocupação hoje é a falta de profissionais para substituir quem sai do emprego ou se aposenta.

Além disso, abril é o mês da Campanha Salarial do setor farmacêutico e teremos mais uma boa oportunidade para discutirmos redução. Há dois anos, o setor passou de 44 para 42 horas semanais. Pesquisas atuais constataram que 60% do setor já trabalha 40 horas – esta é a nossa meta e vamos dar um pontapé inicial nessa discussão.

Por Paula Brandão.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cut.org.br.

Close