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As mulheres na Seguridade Social: sensibilidade e força

Os serviços de saúde e assistência social têm sua origem em ações filantrópicas, promovidos por entidades geralmente ligadas às instituições religiosas, a exemplo das santas casas de misericórdia. Este atendimento era uma concessão àquela camada da população que não tinha condições de pagar por serviços de saúde, a quem só restava uma opção: ficar à mercê da caridade destas entidades, pois a ação do Estado se restringia a algumas ações de saúde pública.

Na base destes serviços, estavam as mulheres, religiosas e voluntárias, com a tarefa de cuidar dos pacientes. A grande presença feminina no atendimento, parte do princípio de que às mulheres é natural exercer a “caridade” e as atividades ligadas ao cuidado das pessoas, visto que são consideradas tarefas eminentemente femininas, logo, já eram naturalmente aptas a exercer este atendimento, sem necessitar de grande qualificação ou remuneração.

Mas o que mudou deste período até hoje?

Na Constituição de 1988 evoluímos na conquista do conceito de Seguridade Social (saúde, previdência e assistência) e de um sistema de saúde, o SUS, que parte do princípio do direito universal à saúde integral da população como direito de cidadania e dever do Estado. As mulheres têm importante papel nesta conquista e também firme atuação nos anos 90, no combate ao desmonte dos serviços públicos promovido por governos neoliberais, que trouxeram um terrível retrocesso na implantação do projeto da Seguridade Social.

Hoje continuamos obtendo crescentes conquistas, porém ainda nos deparamos com condições de desigualdade e desvalorização. Estudo do DIEESE sobre o perfil dos trabalhadores da saúde (setembro de 2006), realizado em seis regiões metropolitanas, mostra que as mulheres representam mais de 70% da categoria, porém o grau de escolaridade é inferior ao do homem, com índices que variam de 19% a 33% de mulheres com grau superior completo, o que demonstra o pouco investimento em qualificação profissional das trabalhadoras da saúde. Além disso, enfrentamos a deterioração dos salários e precarização das condições de trabalho.

Apesar de não haver mais a forte conotação de uma ação de caridade, nosso trabalho requer sensibilidade para lidar com as diferentes situações de fragilidade em que se encontram as pessoas que buscam atendimento. Reconhecemos a importância deste lado, que é parte de nossa ação cotidiana, assim como a necessidade ter força para encarar as adversidades deste trabalho, pois nem sempre temos as condições adequadas para desempenhá-lo da forma como a população merece. Diante dessa realidade, um dos principais desafios é que tenhamos o devido reconhecimento profissional, valorizando a importância de nossas ações para sociedade e a competência com que desenvolvemos nosso trabalho.

Portanto, a realidade nos apresenta muitos desafios, ainda há muito que fazer para implantar o projeto da Seguridade Social, mas longe de nos desestimular, temos convicção de que nossa luta é permanente e nossa força vai nos fazer avançar em nossas conquistas de cidadãs.

Por Maria Aparecida Godoi Faria – Presidenta da CNTSS/CUT e Célia Regina Costa – Secretaria sobre a Mulher Trabalhadora da CNTSS/CUT.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.cut.org.br.

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