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População de Santa Cruz desconhece Estatuto Autônomo, diz jornalista

Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) – Diretor da Federação de Trabalhadores da Imprensa de Santa Cruz, o jornalista Hernan Cabrera diz que a população desconhece o teor do estatuto que propõe a autonomia do estado mais rico da Bolívia. Segundo ele, a principal fonte de informação sobre a consulta popular que ocorre hoje (4) foram os mesmos meios de comunicação que, devido aos interesses econômicos de seus proprietários, apóiam o projeto, classificado pelo governo federal como inconstitucional.

As opiniões de Cabrera chamam atenção porque a federação é uma das entidades que apóiam a realização da consulta. Além disso, ele é um dos 45 observadores que aceitaram o convite da Corte Departamental Eleitoral de Santa Cruz para atuar como observador durante a consulta.

Cabrera cita uma pesquisa, realizada há cerca de um mês “por um jornal boliviano muito sério”, segundo a qual 98% da população não conhecem o Estatuto Autonômo de Santa Cruz. “Embora [a pesquisa] possa ser questionada, eu acho que é isso mesmo. As pessoas não sabem por que vão votar. E há também aqueles que são susceptíveis e vão votar em algo que desconhecem”.

Perguntado sobre a legitimidade de uma consulta convocada pela Corte Departamental Eleitoral de Santa Cruz a pedido da prefeitura de Santa Cruz de la Sierra, Cabrera foi evasivo sobre a posição da federação. “Não fizemos esta análise. O que dizemos é que as pessoas votem, por sim ou por não, pois este é um exercício democrático”.

O próprio jornalista, no entanto, aponta contradições na campanha realizada pelos grupos favoráveis à consulta. “Diziam que Santa Cruz merece um futuro melhor, mas não disseram que vamos votar por um projeto de estatuto autônomo, uma norma jurídica e política do estado que tem temas delicados em que não há consenso, caso [dos artigos que tratam] da terra [reforma agrária e direito à propriedade], dos recursos econômicos e da descentralização do poder. Há pontos que não ficaram claros”.

Cabrera reconhece que quase todos os meios de comunicação de Santa Cruz estão a favor do estatuto. E diz que isso se deve tanto a uma identificação com uma demanda histórica, quanto por interesses econômicos dos seus donos. Para ele, embora a imprensa de Santa Cruz faça um bom trabalho, é muito difícil dizer se os veículos são imparciais e independentes.

“A realidade é que seus donos são empresários, banqueiros, criadores de gado, gente que tem interesses em outras áreas da economia e que possuem um meio de comunicação. Em alguns veículos há uma mescla entre política e jornalismo, o jornalismo é usado para fazer política”, diz Cabrera.

A atitude do presidente Evo Morales com a imprensa, segundo Cabrera, também contribui para a animosidade com o governo. “O governo não gosta dos jornalistas porque estes questionam seu trabalho. De toda forma, existe plena liberdade de expressão, tanto em Santa Cruz como na Bolívia. É mentira dizer que não há. Basta ver que qualquer jornalista apanha seu microfone, faz seu trabalho, insulta e ninguém lhe impede, ele não é preso nem há intervenção no seu veículo”.

Por Alex Rodrigues – Enviado especial.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.

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