fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 15:39 Sem categoria

Confira a apresentação da Carta de Conjuntura emitida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada relativa a junho de 2008

As seções desta carta foram produzidas com as informações existentes em 20 de junho de 2008.

A economia brasileira está crescendo a taxas consideradas elevadas, se comparadas com as taxas verificadas nas duas últimas décadas do século passado e no início desta década. No primeiro trimestre de 2008, a economia brasileira cresceu 5,8% em relação a igual período do ano anterior. Há uma característica especial e de alta qualidade do crescimento nesse ciclo: o investimento cresce há 12 trimestres a uma taxa que é, em média, 2,4 vezes superior à taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Grande parte dos setores industriais opera em um nível elevado de utilização de capacidade. Em abril, pelo sexto mês consecutivo, o indicador Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), com ajuste sazonal, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), permaneceu estável no patamar de 83%, a despeito da intensificação da atividade industrial, possivelmente refletindo a maturação dos investimentos realizados no setor. Uma novidade que apresentamos nesta Carta é que esse fato aponta para a necessidade de se considerar outros indicadores que possam revelar o potencial produtivo das bases técnicas à disposição da indústria brasileira. Os ganhos de produtividade, revelam-se muito sensíveis às variações do Nuci. Constatações empíricas, portanto, indicaram que o comportamento do Nuci, isoladamente, não é um indicador satisfatório do grau de resposta da oferta aos aumentos de demanda. Em outras palavras, a capacidade de atender a aumentos de demanda da indústria não deve ser analisada somente com base no nível de utilização da sua capacidade instalada; por exemplo, devem ser observados também os ganhos de produtividade. Nos últimos 12 meses (acumulado) houve aumento do Nuci (de 1,03%) e aumento expressivo da produtividade (3,17%).

A economia internacional continua a enfrentar dois graves problemas: a) o ritmo de crescimento tende a ser baixo devido aos efeitos monetários e financeiros provocados pela crise americana, que teve início no ano passado e b) o aumento da inflação devido à elevação do preço dos alimentos e das commodities (especialmente, petróleo e metais). Cabe ser mencionado que a economia americana tem surpreendido positivamente ao não mergulhar numa recessão profunda e prolongada como muitos previram. Haverá, neste ano, nos Estados Unidos um crescimento econômico modesto – e não uma recessão. Ademais, a tendência é que a inflação de 2008 seja inferior à de 2007. Até o momento, as políticas monetárias e fiscais aplicadas, respectivamente pelo Federal Reserve (Fed) e pelo Tesouro americano estão sendo relativamente bem-sucedidas.

A inflação no Brasil tem se acelerado. É esperado pela pesquisa Focus, coordenada pelo Banco Central do Brasil (BCB), uma inflação de 5,8% para o ano. No caso do Brasil, a inflação é explicada basicamente pela inflação do item alimentos, que variou em maio (acumulada em 12 meses) mais que 14,5%, percentual muito superior à inflação esperada. Por inspeção gráfica, as medidas de núcleo da inflação não estão convergindo em direção ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que é positivo porque isso é um indício de que a inflação não está disseminada. Entretanto, é um sinal de alerta que a medida de difusão, que indica a quantidade de itens da cesta que compõe o IPCA que variaram positivamente, está aumentando – embora não esteja configurada uma tendência. Portanto, há indicação de que um maior número de itens tem contribuído para acelerar a taxa de variação do IPCA. Contudo a variação desses itens, em média, foi apenas um pouco superior a 3% (acumulada em 12 meses) em maio.

O mercado de trabalho da economia brasileira vem demonstrando excelente dinamismo. A taxa média de desocupação foi de 8,5% no primeiro quadrimestre do ano. Alguns aspectos valem a pena ser destacados. Primeiro, o número de desalentados tem diminuído, isto é, aqueles que já tinham desistido de procurar emprego voltaram a procurá-lo e, mais do que isso, encontraram vagas disponíveis. Segundo, o grau de formalização da força de trabalho atingiu em maio seu maior nível: 49% das pessoas ocupadas possuem atualmente carteira de trabalho. Terceiro, houve elevação dos rendimentos médios reais de 2,6% no primeiro quadrimestre do ano em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse ganho poderia ter sido maior, caso a inflação estivesse em patamar mais reduzido e se não estivesse concentrada no item alimentos, que ocupa grande parte do orçamento daqueles que recebem rendimentos mais baixos, de até dois salários mínimos (SM). E, cabe ser mencionado que 82% das vagas criadas para trabalhadores com carteira no mês de maio ofertaram rendimentos entre 0 e 2 SMs de remuneração.

O Brasil ganhou grau de investimento de duas agências de rating. É interessante notar que apesar da alta do índice da Bolsa de Valores de São Paulo após o anúncio da Standard & Poor’s (S&P), o mercado de ações não apresentou um aumento na média do volume negociado. Isso não confirma a opinião de parte dos analistas financeiros, que esperavam um grande aumento dos investimentos em ações decorrente da possível participação dos grandes fundos de pensão estrangeiros, os quais somente podem operar nos países com grau de investimento. Nesse primeiro momento, parece estar sendo confirmada a previsão de que fundos de pensão estrangeiros já teriam direcionado recursos para o país via investimento direto estrangeiro, adquirindo empresas. Nessa ótica, o volume do mercado acionário tenderia, agora, possivelmente, a movimentos mais suaves e estáveis.

A administração fiscal prossegue realizando elevados superávits primários. No primeiro quadrimestre deste ano, atingiu 6,82% do PIB. O maior superávit primário dos últimos anos. Em 2007, em igual período, foi de 6,31% e, em 2006, foi de 5,58%. O resultado deste início de 2008 foi tão expressivo que propiciou um inédito superávit nominal de 0,76% em relação ao PIB. As receitas se elevaram em 17,9% em valores nominais (ou 12,1%, quando deflacionadas pelo IPCA) no período janeiro-abril do corrente ano, em comparação com igual período do ano anterior. Essa elevação da receita é decorrente do crescimento econômico, isto é, do aumento dos lucros, dos rendimentos dos ocupados e do surgimento de novas empresas e novas vagas de trabalho. As despesas públicas cresceram bem menos que as receitas. As receitas cresceram em termos nominais aproximadamente 18% (como mencionado), enquanto as despesas cresceram, também em termos nominais, 9% no período janeiro-abril. As despesas com benefícios previdenciários, no quadrimestre janeiro-abril, foram da ordem de R$ 56 bilhões, enquanto as despesas com o pagamento de juros e encargos da dívida foram de R$ 44 bilhões. A relação dívida/PIB continua em queda, atingindo 41% em abril – o que pode ser explicado, em grande parte, pelo crescimento do PIB e pela formação de um volume elevado de reservas internacionais.

Tal como anunciado na Carta de Conjuntura de março de 2008, nossa metodologia de apresentação de previsões de variáveis macroeconômicas foi alterada a partir do início deste ano, particularmente, em dois aspectos: a) As previsões seriam feitas no início de cada ano e somente seriam refeitas em caso de erro, ou seja, quando a variável verificada fosse diferente da prevista. Nesse caso, apresentaríamos uma nova previsão e a justificativa analítica do erro. b) As previsões de algumas variáveis seriam feitas na forma de bandas, por exemplo, foi previsto na Carta de março um crescimento para o PIB em 2008 entre 4,2% e 5,2%.

ESTE TEXTO É A APRESENTAÇÃO DA CARTA DE CONJUNTURA DE JUNHO DE 2008, EMITIDA PELO INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, O IPEA.

PARA OBETR O ARQUIVO INTEGRAL DA CARTA, ACESSE O ENDEREÇO ELETRÔNICO http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/cartaconjuntura/carta03/completa.pdf.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.ipea.gov.br.

Close