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A influência do agronegócio na agricultura paranaense

As ações das transnacionais do agronegócio na agricultura paranaense: cana de açúcar, grãos, pecuária, eucalipto, pinus, agrocombustíveis e o controle da água, foram o tema principal da palestra do segundo dia (24/07) da 7ª Jornada de Agroecologia. “O aumento da monocultura e o uso intensivo da terra para produtividade do agronegócio subordina os camponeses, retirando sua autonomia”, afirma o agrônomo, cientista e pesquisador da agricultura, Horácio Martins.

O principal enfoque da discussão foi baseado em três pontos: a expansão da monocultura e da pecuária; a integração do camponês na agroindústria; e a expulsão do camponês da terra. “A concentração da terra está levando a uma elevação de seus preços, isso força uma produção de alta rentabilidade, e, portanto, ligadas à exportação, dessa forma a produção de alimentos fica deslocada porque tem baixa rentabilidade, pois o mercado interno tende a achatar o preço dos produtos para alimentação popular ligado ao salário pago pelas indústrias”, explicou Horácio Martins.

Segundo Martins, no ano passado o Brasil foi um dos maiores exportadores de grãos, e o trigo foi o produto que mais cresceu no Paraná, juntamente com o pinus e eucalipto. Já o feijão e o arroz tiveram um declínio. “Uma empresa transnacional concentra diferentes marcas, sendo todas do mesmo grupo. Seus produtos acabam chegando nas mãos dos consumidores caracterizados com se fossem de várias empresas”, complementa. Com essa concentração do capital transnacional, os camponeses ficam cada vez mais na dependência destas multinacionais, que controlam o processo produtivo em todas as suas fases, desde a compra dos insumos até a venda dos alimentos, o produtor acaba sendo sujeito da determinação da Monsanto, Cargill, Bunge e outras transnacionais.

A questão do crédito rural também é um problema grave, em que os camponeses perdem o controle e a qualidade na produção da semente, pois ao comprar a terra, automaticamente adquirem o pacote tecnológico. “Os camponeses se sentem acuados pela grande pressão das propagandas das multinacionais”, define.

No último ano, o Paraná ficou em segundo lugar na produção nacional de frango, isso vem ocorrendo pelo fato de empresas multinacionais terem um crescimento demasiado, pois compram os frangos diretamente das cooperativas.

Para Horácio Martins a integração dos pequenos agricultores nas agroindústrias capitalistas leva a sua destruição, tanto materialmente quanto ideologicamente. “Eles estão associados ao capital, não podem lutar, são sócios explorados, perdem sua autonomia, como na produção de cana onde os trabalhadores estão tendo que se associar aos usineiros”, argumenta. Uma das formas dessa integração é o arrendamento das terras. “O arrendamento é o pior o inimigo dentro de casa, o lote fica destruído, há perda de autonomia e integração como subordinação”, esclarece.

A concepção de que o pequeno agricultor deva ser um empreendedor, também é considerada negativa por Martins. “Quando os camponeses imitam os capitalistas introduzem tecnologias da monocultura que é inadequada à produção camponesa, perde controle das sementes, se tornam dependentes da safra que deprecia seus preços de venda”, explana.

Há três grandes mitos na Europa usados para reforçar o modelo do monocultivo de agricultura, de que os transgênicos, garantem alimentação animal, segurança em relação às mudanças climáticas, e enfrentariam a fome no mundo. Para Martins, estes mitos servem apenas para reforçar a dependência tecnológica dos camponeses em relação ao capital e, não garantem a segurança alimentar, com comida barata e saudável.

A racionalidade do capital se faz às custas da destruição do ambiente e desertificação da Amazônia. Por isso, ele diz acreditar que os camponeses tem obrigação ética e moral de denunciar a política nacional de crescimento do agronegócio, por destruir o ambiente. “A nossa estratégia deve ser a luta contra o capital, para isso é fundamental a agroecologia, ou seja, a luta por uma matriz energética que garanta segurança alimentar como as sementes crioulas, e preserve o meio ambiente”, conclui Martins.

Por Crystiane Perinazzo e Weslei Venâncio.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.cefuria.org.br.

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