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Por 19:36 Sem categoria

As trabalhadoras e os trabalhadores não podem ser as vítimas da crise econômica dos capitalistas

Os empresários brasileiros são normalmente muito oportunistas: sempre souberam aproveitar bem as oportunidades de aumentar a exploração sobre a classe trabalhadora e de conseguir facilidades e benefícios governamentais, cuja conta, em última instância, é paga por toda a sociedade. É inegável que a crise econômico-financeira tem reflexos também no Brasil.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial de novembro teve uma queda de 5,2% em relação a outubro que, por sua vez, registrou um recuo de 2,7% em relação ao mês anterior, o que dá um total de 8% de queda. São dados preocupantes. Poderiam ser ainda piores, se a economia brasileira não estivesse assentada em bases sólidas, sob o comando do governo Lula.

Há motivos para preocupação, mas há também questões que nos chamam a atenção e revela a verdadeira face do capitalismo brasileiro. Diversas empresas do ramo químico vêm de um contínuo processo de crescimento e de aumento de lucros e de produtividade, como o setor de papel e celulose, químico e petroquímico, etc. A mesma situação pode ser verificada em empresas de outros ramos econômicos.

Agora, ao primeiro sinal de ameaça nesse ciclo virtuoso, as empresas nacionais e multinacionais atiram-se nos braços do Estado, implorando subsídios, facilidades, financiamentos a perder de vista, abertura de linhas de crédito, etc. O Estado deixa, de repente, de ser uma entidade diabólica que só interfere na vida das pessoas e inibe a ação do mercado e passa a ser a única salvação. Os longos discursos em defesa do Estado Mínimo são temporariamente retirados de circulação.

Os lucros obtidos até outubro foram também rapidamente recolhidos e as empresas iniciaram uma série de ações, com o objetivo de pressionar e ameaçar o Governo para obter as tais “facilidades”. Porém, quando o governo fala em exigir a contrapartida de manutenção de empregos para essas empresas que foram beneficiadas no momento de crise, há uma chiadeira geral do empresariado.

A crise é o pretexto

Muitas empresas estão demitindo funcionários ou ameaçando demitir, outras ainda fala em redução de jornada com redução de salários, utilização do banco de horas, redução ou mesmo fim de planos de assistência médica, etc. Na verdade, a maioria dos empresários está usando a crise como pretexto para impor ao movimento sindical e à classe trabalhadora medidas que “flexibilizem” as relações do trabalho. Nós precisamos justamente do contrário: de uma legislação clara, com acordos que respeitem direitos sociais e econômicos, junto com medidas que garantam a estabilidade no emprego.

Qualquer discussão séria sobre como vencermos o turbulento período de crise deve partir do pressuposto de garantia de estabilidade no emprego. Sem isso, tentativas de acordo ou negociação vão inevitavelmente malograr. Afinal, a classe trabalhadora é, há muito tempo, a grande prejudicada no Brasil, um país marcado pela injustiça social e pelo abismo econômico a separar a minoria rica da maioria pobre.

Sempre que há crise, a solução dos empresários é jogar o custo da crise sobre os ombros dos trabalhadores. Há meios para mudar esse perverso ciclo vicioso. A CUT, aliás, tem uma série de propostas, alinhavadas em trinta itens, com propostas voltadas para a defesa e garantia do emprego, investimentos, concessão de crédito, redução de juros, etc.

O movimento sindical está disposto a debater essas medidas e outras que surjam para combater a crise, desde que haja seriedade nas negociações. Não aceitaremos que a história se repita, de forma trágica, com os trabalhadores pagando, mais uma vez, pela crise dos capitalistas.

Acredito que será necessário que o movimento sindical inicie grandes mobilizações, seja nas portas de fábricas ou através de ações articuladas por ramos, CUTs estaduais, CUT Nacional e demais centrais sindicais, de forma coesa, com o objetivo de resistir às tentativas de golpe contra os direitos dos trabalhadores (as) e exigir que todas as empresas que forem beneficiadas pelo Estado, tenham a obrigação de garantir o emprego e a renda dos funcionários (as).

Por Aparecido Donizeti da Silva, que é coordenador Geral da CNQ-CUT.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.cut.org.br.

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