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Banco Central projeta corte menor da Selic para subordinar Brasil à crise

Meirelles mantém trincheira contra PAC, crédito, consumo e redução do superávit primário para frear o crescimento econômico

Com a aproximação da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, tanto o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, quanto os “analistas” de plantão ficaram batendo na tecla da existência da “menor taxa de juros da história”. Por conta disso, os “especialistas” reduziram a projeção de corte da Selic de 1,5 para 1 ponto.

Sobre a questão, a primeira coisa a ser destacada é que o fato verdadeiramente relevante para a economia não é se a Selic está ou não, neste momento, em seu menor nível da história. Até porque já houve momentos em que as taxas de juros estiveram negativas. O importante é se ela está no nível compatível com as necessidades do país, em um cenário de crise internacional, a saber: ampliação do crédito; aumento do nível de utilização da capacidade instalada da indústria; diminuição dos custos da dívida pública (metade dos títulos está vinculada à Selic); melhoria da exportação etc.

Como disse o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, “precisamos ter uma decisão firme do ponto de vista da redução drástica na taxa de juros. São poucos os países no mundo que não reduziram as taxas. A maior parte dos países opera hoje com juros negativos, isto é, abaixo da inflação. No caso brasileiro, os juros reais estão muito elevados. Isto não contribui para criar uma expectativa de maior investimento e defesa do emprego e produção nacional”.

JUROS REAIS

Assim é que das 40 maiores economias do mundo, nada menos que 20 estão taxas reais de juros negativas: Venezuela (-9,6%), Índia (-4,0%), Inglaterra (-2,4%), Coréia do Sul (-2,0%), Rússia (-0,8%) e Canadá (-0,3%) são alguns exemplos. Nove países estão com taxas reais menores que 1% ao ano, como Japão (0,1%), EUA (0,2%), Alemanha (0,5%) e França (0,8%). Se a lista analisada for de países com taxas de juros reais inferiores a 3% ao ano, apenas cinco ficariam acima desse patamar. A taxa básica de juros reais do Brasil é a maior do mundo, com 6,5% ao ano.

Nada mais inibidor aos investimentos do que os juros reais nesse nível. O que faz, inclusive, com que o spread (diferença a taxa de juros cobrada pelos bancos e a que eles pagam na captação de recursos) também seja o maior do mundo. Afinal, os bancos preferem o porto seguro dos títulos da dívida pública para os seus ganhos do que correr o risco com empréstimos.

Em estudo divulgado antes da última reunião do Copom, o Ipea propôs a redução da taxa Selic para 7% ao ano, até outubro. Em termos reais, significaria uma taxa de cerca de 2,5%, além de uma economia fiscal de mais de R$ 30 bilhões em 2009, isto é, mais dinheiro para investimentos públicos, principalmente para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em um momento de profunda desaceleração da economia mundial – com recessão nos EUA, Japão e Alemanha, entre outros países do G7-, com mais razão ainda se apresenta a necessidade de uma agressiva redução dos juros, aumentando com isso as ações produtivas para manter o nível de crescimento retomado quando da implantação do PAC, com expansão do PIB em 5,4% em 2007 e de 5,1% em 2008.

As estimativas de Meirelles e dos “analistas” têm o mesmo pano de fundo: a resistência em reduzir em uma magnitude significativa a taxa Selic e tirar o país da triste condição de campeão mundial dos juros altos. E as estimativas dos juros funcionam tal qual a rigidez das expectativas de inflação, divulgadas semanalmente pelo boletim Focus. O jornalista Alex Ribeiro, no Valor Econômico, em matéria sobre um estudo do BC, constatou o quão “científicas” são as estimativas dos “analistas”: Em 15 de setembro de 2008, dia em que o banco Lehman Brothers beijou a lona, a projeção para inflação era de 4,94% para este ano e uma expansão de 3,6% para o PIB. Contudo, “as expectativas [da inflação] seguiram piorando, até um pico de 5,3% no início de novembro, embora no mesmo período, os analistas tenham reduzido a 3% suas projeções para o PIB”.

A crise externa não atingiu em cheio a nossa economia – entre outros motivos, pela resistência do movimento sindical ao não aceitar que fosse estabelecido como o critério geral a redução de salário e de direitos, para que supostamente fossem mantidos os empregos, como preconizavam os monopólios. Contudo, além disso, para fortalecer o mercado interno, é essencial impulsionar a atividade produtiva, cuja mola mestra é a redução dos juros. Pois, o que se trata, não é de acomodação à crise, mas como aproveitar esse momento e trilhar no caminho do desenvolvimento. Como aconteceu, aliás, em épocas passadas.

Por VALDO ALBUQUERQUE.

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Volume de crédito aumenta puxado pelo bancos públicos

O volume de crédito somou R$ 1,241 trilhão em março, alcançando 42,5% do PIB, segundo dados divulgados pelo Banco Central no dia 23.

Segundo dados do BC, a participação dos bancos públicos no total da carteira do sistema financeiro aumentou de 37,1% em fevereiro, para 37,6% em março, ante 34,2% em março de 2008. A participação das instituições privadas nacionais diminuiu para 41,9%, comparativamente a 44% no mesmo período do ano anterior, enquanto que a participação dos bancos estrangeiros recuou para 20,5%, ante 21,8% em março de 2008.

Os financiamentos com recursos direcionados sob a responsablidade dos bancos públicos (BNDES, CEF e BB) atingiram R$ 366,7 bilhões, expandindo-se 1,2% no mês e 27,5% em relação a março de 2008. O desempenho mensal segue influenciado pelas operações do BNDES, volume de R$ 214,8 bilhões e aumento de 1%, bem como pelo crédito habitacional, que cresceu 2,5%, segundo o BC.

A atuação do governo federal juntos aos bancos públicos no auge da crise dos Estados Unidos, no último trimestre do ano passado, foi decisiva para fazer frente a escassez do crédito para capital de giro das empresas. As instituições financeiras públicas ampliaram e criaram novas linhas de crédito para enfrentar os efeitos da crise, enquanto as instituições privadas decidiram contrair a liberação do crédito. Apesar da intervenção do governo, liberando o compulsório, os bancos privados continuaram “empoçando” o crédito.

Sobre a afirmação do BC de que o crédito voltou ao nível pré-crise, o consultor do Iedi, Julio Gomes de Almeida, afirma: “Não está normal a situação no país”. Segundo ele, para as grandes companhias, nunca faltou financiamento. Já para as micro, pequenas e médias empresas, a dificuldade é ter acesso ao crédito. “Os bancos aumentaram a seletividade dos clientes, deixando de fora os menores”, diz Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo.

NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO www.horadopovo.com.br.

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