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Quando o trabalho rouba a alma; pressão, assédio e excesso de trabalho, levam trabalhadora no banco Itaú Unibanco à depressão

Em um ano, e submetida a pressão, assédio e excesso de trabalho, Erika Renata de Barros, do Banco Itaú, entrou em depressão. Foi demitida logo que terminou o período de licença, embora estivesse longe de se recuperar. Só quando chegou ao Sindicato, para homologar a demissão, descobriu os direitos que tinha. No último dia 09 de junho, quase dois anos depois, veio a sentença e ela obteve seu emprego de volta.

Histórias como as de Érika, infelizmente, são comuns. Bancários que precisam chegar ao fundo do poço para perceber que o trabalho está roubando suas vidas. Jovem, Érika tinha apenas um ano de banco quando foi promovida para assistente e transferida para a agência Parque Amorim, em 2007. Foi aí que seu drama começou. “A pressão era insuportável. A gerente sequer admitia que a gente fosse ao banheiro. Dizia que não tolerava xixi remunerado. E foi para ser assistente dela que eu fui promovida”, lembra a bancária.

Com dois agentes novatos, a demanda de trabalho era excessiva. “Trabalhava de oito da manhã às oito da noite. No almoço, e sob pressão, engolia uns sanduíches ao mesmo tempo em que processava contas. Levava trabalho para casa e adormecia sobre ele na mesa da sala”, conta. A gerente chegava a realizar reuniões em dias de sábado, na sua própria casa, para discutirem assuntos do trabalho, lerem o correio eletrônico e concluírem o que não era possível fazer na agência.

O corpo, e a mente, começou a sucumbir. E principiou com um processo de aversão à gestora. Érika não conseguia mais olhar para a chefe. Baixava os olhos quando ela aparecia, e se a gerente chamava para almoçar, ela entrava em pânico, suava frio, passava mal. A repulsa à chefe, em pouco tempo, se estendeu para todo o trabalho.

Um dia, ela não conseguiu levantar da cama. Apenas chorava, copiosamente. “Minha mãe me chamava. Eu dizia: – Já vou. Mas não saía do lugar. Ela falava que eu tinha um emprego bom, que ia perder meu trabalho. Eu só chorava. Então, ela começou a me bater. E só quando viu que eu não reagia, que continuava passiva, ela percebeu que tinha algo errado”, lembra Érika. A bancária foi a um psiquiatra no mesmo dia. E veio o diagnóstico: transtorno depressivo recorrente grave.

Recebeu 15 dias de licença. E, no decorrer deste período, a depressão atingiu o corpo e a trabalhadora desenvolveu um processo de aneurite ótica – um tipo de inflamação nos nervos dos olhos. Ela ainda estava em tratamento quando retornou de licença e, no mesmo dia, recebeu o comunicado de demissão.

Somente quando procurou o Sindicato, para homologar sua demissão, Érika ficou sabendo de seus direitos. “O pessoal do Jurídico, da Secretaria de Saúde… todos foram muito importantes. Também pude conhecer outras pessoas com situações parecidas com a minha e isso foi fundamental para mim”, afirma. Com a Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT emitida e a doença caracterizada pelo INSS como acidente de trabalho, Érika recorreu à Justiça. A reintegração via liminar foi negada e ela teve que amargar quase dois anos de espera. Mas, enfim, fez-se justiça.

A sentença estabelece, ainda, que ela não poderá retornar à mesma agência em que trabalha a gerente que desencadeou a doença. Ela aguarda resposta do setor de Recursos Humanos do banco para saber em que unidade volta a trabalhar. “Agora estou bem. Deixei de tomar remédios desde setembro do ano passado. Mas o que eu vivi é a pior coisa do mundo. Às vezes eu passava dias sem tomar banho, não conseguia me levantar, não tinha forças para nada, não atendia telefonemas… Não desejo pra ninguém o que passei”.

Fonte: Seec-PE
Criado por: Fabiana Coelho e Postado em: 19/6/2009 15:57:39
Alterado por: Sulamita Esteliam

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.bancariospe.org.br.

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