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Um outro mundo é possível? É o que o Fórum Social começa a discutir em Porto Alegre

Porto Alegre – De volta a Porto Alegre, o Fórum Social Mundial tomou hoje (25) as ruas da capital gaúcha na tradicional e eclética caminhada de abertura do megavento. A marcha, acompanhada por cerca de 10 mil pessoas – segundo estimativa da Guarda Municipal – partiu do centro da cidade e foi palco para os mais diversos protestos e manifestações até a beira do Rio Guaíba.

À frente do cortejo, um grupo de representantes de religiões de matriz africana abria caminho para a romaria de centrais sindicais, partidos, estudantes, ambientalistas, representantes do movimento negro, da comunidade GLBTT, de defesa da causa palestina e até manifestantes pedindo o impeachment da governadora Yeda Crusius.

“Essa caminhada sintetiza o Fórum. O grande sentimento aqui é a essa diversidade, a partilha com os outros movimentos. E isso dá muita energia para o trabalho ao longo do ano”, disse o estudante Calimério Júunior, da Rede de Educação Cidadã.

Entre as bandeiras e faixas espalhadas pelo caminho, palavras de ordem contra o neoliberalismo, reivindicações sindicais e defesa da soberania na exploração do petróleo da camada pré-sal. Carregando uma grande faixa vermelha, o representante da Marcha da Maconha, Laurence Gonçalves, aproveitou a caminhada para defender o “controle público do uso das drogas”. Com a revisão da legislação dentro e fora do Brasil.

“Vários países proíbem o consumo, a produção e até o porte de algumas drogas, quando, no entanto, as forças institucionais trabalham com o tráfico ilegal também: a polícia, os governos. O controle tem que ser feito pela cidadania, e não como está, com o caos, com pessoas morrendo sem assistência médica”, argumentou, rodeado de simpatizantes animados com a causa.

Entre os novos hippies da comunidade alternativa Aldeia da Paz, um homem coberto de lama chamava a atenção. “É a expressão da nossa relação de amor com a mãe terra”, disse uma das integrantes do movimento.

A deputada federal Luciana Genro (P-SOL) comemorou a volta do FSM a Porto Alegre, cidade onde foi criado em 2001, e defendeu mais articulação entre as diversas organizações e movimentos sociais que participam do evento.

“É uma grande honra receber em Porto Alegre todas essas pessoas que insistem em continuar acreditando que um outro mundo é possível”, disse a parlamentar gaúcha. “É preciso que os movimentos sociais se unam em torno de suas reivindicações, independentemente de haver pessoas de partidos diferentes no movimento. As lutas são comuns.”

Tão eclética quanto a passeata, a trilha sonora da marcha foi do pagode e axé music, tocada no trio elétrico da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), aos tambores das religiões de matriz africana.

O contraponto da marcha foi a concentração de anarquistas do movimento punk no final da manifestação. Com os rostos cobertos, defendendo a “autonomia”, os participantes questionaram o financiamento de organizações da sociedade e movimentos sociais com dinheiro de multinacionais. “O Fórum perdeu seu caráter combativo e sua autonomia. Um outro mundo não será possível financiado por empresas estrangeiras”, afirmou a professora da Daniela Dias.

Por Isabela Vieira e Luana Lourenço – Enviadas Especiais. Edição: João Carlos Rodrigues.

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Representantes de religiões afro cobram lançamento de plano de proteção à liberdade religiosa

Porto Alegre – Representantes de religiões de matriz africana abriram a tradicional marcha do Fórum Social Mundial (FSM), na tarde de hoje (25), em Porto Alegre, cobrando o lançamento do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa.

A apresentação do documento estava prevista para o último dia 20, mas foi adiada pelo governo federal.

De acordo com o Babadiba de Iemanjá, o governo segurou a divulgação do plano por pressão de setores das igrejas Católica e Evangélica. “Argumentaram que não era possível nenhum constragimento nesse momento de eleições”, disse o religioso do Rio Grande do Sul, estado que tem, proporcionalmente, a maior comunidade de religiões afro no país.

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) explicou que o lançamento foi adiado porque o documento estava incompleto. Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria alegou que “o documento não tinha sido devidamente pactuado com outros ministérios”.

Na data prevista da divulgação do plano, representantes das religiões afro estavam em Brasília, quando a Seppir anunciou a suspensão. A nova data para apresentação do plano não foi marcada, mas a secretaria acredita que deve ocorrer ainda neste semestre.

As comunidades de terreiro prometem reagir para cobrar rapidez. “Temos uma reunião marcada com as lideranças para discutir e definir ações para pressionar o governo”, disse Babadiba.

O plano foi elaborado em parceria com os religiosos e traz ações para a regularização fundiária de terreiros, medidas para dar segurança aos cultos e às imagens, além de políticas nas áreas de educação e preservação histórica.

A religiosa Iá Vera Soares, que participou da marcha, lembrou que, entre as principais medidas, está o enfrentamento do preconceito, que também são foco da campanha “Quem é de Axé diz que é”. A campanha tem o objetivo de dar visibilidade às religiões afro e tem o apoio de diversos movimentos.

O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2000, informa que cerca de 0,3% da população brasileira se declara praticante de religiões afro como o candomblé, a umbanda, o omolocô e o tambor de mina.

Por Isabela Vieira – Enviada Especial. Edição: Lana Cristina.

NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.

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