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O uso racional da água

Uso racional da água pode ser vantagem competitiva para produtos brasileiros, afirma especialista

São Paulo – A utilização racional da água nos processos de produção pode ser uma vantagem competitiva para o Brasil, na avaliação de Arjen Hoekstra, professor de gestão dos recursos hídricos da universidade holandesa de Twente e criador do conceito de pegada hídrica.

Para Arjen, o país deverá atrair a atenção internacional, nos próximos anos, por ser um grande exportador de itens que precisam de muita água para serem elaborados, como as commodities agrícolas. Segundo o especialista, para produzir a soja que é exportada para o Reino Unido são consumidos 1,43 milhão de metros cúbicos (m³) de água por ano.

Mesmo com o grande impacto sobre os recursos hídricos, o professor destaca que o Brasil ainda é mais econômico do que outros países que vendem itens semelhantes. “Em muitos casos, a pegada hídrica do Brasil é muito menor do que a do Oriente Médio e a dos Estados Unidos”, ressaltou.

A pegada hídrica é um conceito desenvolvido por Arjen Hoekstra e difundido pela Water Footprint Network. A proposta é padronizar a quantificação da água usada e contaminada na elaboração de produtos. Com isso o consumidor pode saber quais itens são mais sustentáveis.

Adotar uma posição comercial que leve em consideração a redução do consumo de água na produção pode abrir espaço para o Brasil no mercado internacional, na opinião do coordenador de Estratégia de Água Doce da organização não governamental (ONG) The Nature Conservancy, Albano Araújo.

Ele lembra que a economia de recursos naturais é também uma maneira de as empresas reduzirem gastos. “Reduzir a pegada hídrica significa reduzir custos e consumo de energia e ainda ganhar em imagem.”

No Brasil, cerca de 95% da água são consumidos de forma indireta, por meio da compra de produtos. De acordo com a estimativa de Arje, cada casa consome, em média, 3,4 mil litros por dia apenas com consumo de produtos agrícolas. O uso doméstico e os produtos industriais são responsáveis, cada um, por mais 190 litros diários.

Em um país mais industrializado, como o Reino Unido, os manufaturados representam um gasto ainda maior de água. Segundo o estudo, cada casa inglesa consome, em média, 1.110 litros diários com esse tipo de produtos, além dos mesmos 3, 4 mil com os itens agrícolas. O uso doméstico é responsável pelo gasto de 150 litros.

A diferença fundamental está no fato de que a pegada hídrica dos lares do Reino Unido está, principalmente, no exterior. O levantamento aponta que cerca de 60% da água consumida nos lares daquele país foram importados. Enquanto, no Brasil, esse índice é de apenas 8%.

Por Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil. Edição: Lílian Beraldo.

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Empresas reduzem uso da água na fabricação de seus produtos

São Paulo – A quantidade de água necessária para a produção de celulose diminuiu em mais de 50% desde a década de 1970. O gerente técnico da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), Afonso de Moura, cita o dado como um dos exemplos da preocupação do setor em reduzir o impacto ambiental da atividade.

Há pouco mais de 30 anos, era preciso utilizar cerca de 100 metros cúbicos (m³) de água por tonelada (t). Um processo que começa no cozimento da madeira e passa por diversas lavagens do produto até a finalização do papel. Atualmente, Moura conta que as indústrias usam em média 45 m³ (cada m³ equivale a mil litros), mas já existem empresas que conseguem chegar à marca de apenas 19 m³, quatro vezes menos do gasto na década de 70.

Mas, além da preocupação ambiental, a redução no consumo representa ao mesmo tempo menos custos para as empresas. Moura lembra que 1 m³ de água pesa 1 tonelada que necessita de um grande dispêndio de energia para ser movida. “Quanto menos volume de água a gente movimentar, menor o impacto [energético] que estamos causando”, disse.

Por isso, a indústria tem investido em tecnologia e aprimoramento dos processos de produção. O técnico explica que grande parte da economia de água se deve ao reaproveitamento do líquido ao longo da fabricação da celulose. “Antes a gente usava água em cada etapa de lavagem do processo.”

Agora, o líquido entra na linha de produção no sentido inverso da matéria-prima, de modo que a água pura possa lavar o produto com menos impurezas e ser utilizada de maneira mais eficiente ao longo do sistema. “Bota água limpa no produto limpo. A água um pouco mais suja você usa para lavar uma outra etapa que é também um pouco mais suja”.

O ganho em eficiência ocorre também no descarte dos efluentes. O técnico disse que os líquidos são tratados de acordo com o grau de contaminação antes de serem lançados na natureza. Moura destaca que se há a mistura de efluentes “você precisa de uma estação [de tratamento] muito mais robusta. Porque é importante tratar o efluente menos contaminado como se fosse menos contaminado”. No modelo atual usam-se apenas pequenas estações.

Mas utilizar melhor a água não é uma busca somente do setor de celulose, outras indústrias que também usam intensamente o líquido têm tentado melhorar os processos de produção. Entre elas está a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev).

A empresa afirma que entre 2002 e 2009 reduziu em 27% o consumo direto de água para a fabricação de seus produtos, entre os quais estão algumas das principais marcas de cerveja e refrigerantes do país. “Cada unidade fabril tem metas claras de ecoeficiência: reduzir o consumo de água, gastar menos energia, diminuir a emissão de poluentes, aumentar o índice de reciclagem dos resíduos”, garante a fabricante.

Por Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil. Edição: Aécio Amad.

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